– Você o conhece?

– Ele é sobrinho dos donos do antiquário.

– Dos nossos chefes? – Alan arregalou os olhos.

– Eu que sempre trabalho nos finais de semana o vejo na loja. Aparentemente, ele ajuda com a organização e a parte contábil.

– Tá, mas isso não o faz parecer menos arrogante – Bufou Alan, não entendendo seu lado que tinha ficado tão intrigado com o albino.

– Ele não é totalmente normal.

– Normal?

– No sentido que ele deve ter algum problema mental.

– É retardado? – Alan perguntou e Elias riu.

– Ele não encara diretamente nos olhos e não consegue manter um diálogo por muito tempo. Eu fiz uma piada e ele não entendeu o sarcasmo.

– Autismo? – Propôs Elias. – Deve ser isso que ele tem.

– Que piada – Riu Alan de um jeito maldoso. – Então o que ele está fazendo na faculdade se não sabe nem conversar?

– Ele é muito inteligente, consegue ser melhor do que todos nós – Irritou-se com os comentários de Alan que agora brincava com um isqueiro, mesmo que isso fosse definitivamente proibido em uma biblioteca.

– Tá, mas tem autismo.

– E isso o faz inferior a nós?

– Mas faz dele um esquisitão.

– Alan! Você percebe a merda que você es...

– Parem de brigar! – Interrompeu Elias, fazendo os dois se calarem rapidamente. Ser um alfa tinha lá suas vantagens. – Nós temos que fazer esse trabalho e...

– Eu vou fazer com outra pessoa que não seja Alan. Com licença – Rosnou Judith e Alan ficou ainda mais entretido; rindo para a amiga que o envenenava com os olhos. 

Elias o encarou incrédulo.

– Relaxa, cara. Ela volta rapidinho, essa é uma das vantagens dela ser a ômega da minha irmã – Sorriu de canto, daquele seu jeito malicioso.

Alguns poderiam se irritar com seu comportamento arrogante e sarcástico, mas isso funcionava na maior parte das vezes. Pessoas fúteis e belas gostavam de caras como Alan: indecentemente bonito, com uma energia viril pulsando de seu corpo como sangue em uma ferida aberta. Era interessante ver um garoto como ele, cheirando a adrenalina e hormônios fortes. Era impossível afirmar que se tratava de um ômega.

– Espero que você esteja certo, senão eu vou arrancar cada tripa do seu corpo.


– Está mais calma? Passou a TPM? – Alan provocou, caminhando até Judith que estava sentada num dos bancos do jardim da universidade.

– Esse é seu melhor jeito de explicar a irritação feminina?

– Você é muito esquentada, ficou bravinha só por causa de um esquisitão autista – Alan revirou seus olhos cinzentos, se jogando de um jeito desleixado no banco.

Mas qualquer coisa que ele fazia soava descolado.

– Eu que sou esquentada? – Bufou. – Tem certeza que sou eu que vive se metendo em encrenca com o pessoal da sociologia?

– Eles criticam o pessoal dos outros cursos, além de ficarem fumando maconha atrás do banheiros. A maior parte deles nem vai à aula.

– Que engraçado, parece que você acabou de citar sua autobiografia – Riu Judith, dando um soquinho amigável no ombro de Alan.

StrangerWhere stories live. Discover now