O Começo do Fim

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Epilogo

Domingo, 17 horas, o sol ainda estava ardendo lá fora como se ainda fosse a hora do almoço, devido a porcaria do horário de verão, mas eu não estava me importando com nada a aquela altura, porquê era hora de voltar para minha casa.

- Hora de encarar a fera.

Pensei comigo mesmo e um arrepio percorreu a minha espinha só de pensar no que me espera ao passar pela porta do meu apertamento (chamo meu apartamento assim, pois ele é muito pequeno). Tomo um banho rápido e junto todas as roupas e tralhas que costumo carregar comigo.

Junto com minha mala, começo o processo de despedida da minha família, que basicamente era dar tchau a meu pai que estava deitado no quarto de visitas vendo TV, abraçar minha madrasta e só acenar com a cabeça para minha irmã. Tento fingir indiferença para não preocupa-los, mas apesar de não falar sobre o que estava acontecendo, meu comportamento e minha voz mostrava o meu desanimo, coisa que somente minha madrasta percebeu, mas decidiu não comentar nada. Meus pais não gostam de se meter na minha vida e eu até prefiro assim, preso muito pela minha privacidade e tenho a péssima mania de achar que eu conseguiria lidar com situações como essa sozinho.

Coloco tudo no porta-malas, entro no carro, porem hesito por um momento antes de liga-lo, pensando novamente sobre o que vai acontecer logo mais.

- Não tenho outra escolha, tenho?!, digo em voz alta.

Tento não pensar mais sobre, ligo o carro, saio da garagem e dirijo indo em direção a saída da cidade, já preparado para pegar a pior estrada que já vi em minha vida. Meus pais moram em outra cidade que é vizinha a minha, são 60 quilômetros de distância, o que faço em apenas uma hora, tenho que ir para casa deles todo fim de semana, já que passo toda semana fora trabalhando e estudando. Durante a viagem escuto músicas que fariam qualquer pessoa na minha situação chorar como um bebê com fome, My Immortal da banda Evanescence, Lonely Day do System of a Down e várias outras do mesmo gênero, pensando no que vai acontecer depois deste dia.

Quando pego essa estrada minha velocidade costuma variar de 120 a 130 quilômetros por hora, para chegar no meu condomínio logo, pois além de ser uma viagem um tanto quanto monótona, a estrada é extremamente esburacada e desnivelada por causa do serviço mal feito do órgão responsável pela manutenção da rodovia que só joga pedra brita e piche para tampar os buracos, mas desta vez, eu estava dirigindo a 90, pois quanto mais demorasse melhor, queria evitar chegar a qualquer preço, mas eu só estava com a ideia de tentar adiar o inevitável.

Chego em Uberaba, MG, uma cidade com seus 300 mil e uns quebrados de habitantes. Graças a Deus eu sai daquela estrada horrorosa, penso comigo mesmo, sentindo um alivio, mas à medida que eu ia avançando foi me dando um grande frio na barriga.

Quando entro em meu condomínio eu já estava a ponto de entrar em pânico, pois, eu sabia que mais tarde eu teria que fazer uma outra viagem pela última vez. Depois de estacionar, desligo o carro e dou um grande suspiro, tentando ficar calmo, mas percebo que meu corpo todo está tremendo e meu sentidos estão em estado de alerta, como se alguém estivesse me perseguindo.

- Espero estar errado e que tudo dará certo.

Falso otimismo também é um dos meus grandes defeitos, como diria um dos meus personagens favoritos, "se tudo tende a dar errado, vai dar errado". Saio carro, pego minha mala e vou em direção ao Hall do condomínio que dá acesso ao elevador.

Cumprimentei os vizinhos que estavam a vista como de costume (posso estar desanimado, mas nunca serei mal educado), chego até o elevador e vejo que ele estava no sétimo andar.

- Droga! Esta coisa nunca está no primeiro andar.

Digo num tom um pouco nervoso, a essa altura o meu medo já estava se transformando em nervosismo e isso era tudo que eu não precisava aquele momento. Aperto o botão para chama-lo e enquanto ele não chegava eu já estava inquieto, a ponto de roer as unhas.

Quando ele chega, se revela um elevador que não cabe mais que 5 pessoas, com um espelho que cobre metade de um dos lados e um painel que conta de 1 a 10. Eu moro no nono andar, porem antes de apertar o número 9, hesito, dou outro suspiro e aciono o botão.

Chego no meu andar, saio do elevador, viro a esquerda e paro em frente ao meu apartamento, 903 e o encaro por um segundo.

- Hoje é o início do fim.

A esta altura todo meu otimismo foi privada a baixo, entro no apartamento e me deparo com a mesma bagunça que tinha deixado no dia anterior, porém não encontro ninguém, me dirijo para o quarto para colocar minha mala e lá estava ela, deitada na cama com o notebook no colo debaixo da coberta e com os fones, provavelmente assistindo Netflix ou jogando aquele RPG online que ela encontrou na internet.

-Oi Grace, eu disse, em um tom triste;

-Oi Vitor, diz Grace, no mesmo tom, olhando para mim e depois para tela de novo.

Larguei a mochila em um canto do quarto, peguei meu celular e sai de lá, achando que tudo que conversamos ontem tinha sido uma breve briga, como havia acontecido no mês passado. Sento no sofá e procuro algum joguinho para me distrair, porem minutos depois, ela aparece e senta ao meu lado.

- Temos que resolver essa situação de uma vez por todas, ela disse em um tom sério;

- Você decidiu o que fazer ?!, pergunto já sabendo a resposta;

- Você acha que devemos fazer diferente ?!

- Sim, mas...

Paro de responder, pois já sabia que falar as mil coisas que tinha na minha cabeça não iam adiantar nada, pois ela já sabia tudo que eu iria dizer e como iria me contrapor a àquela altura.

- Não, não há nada a ser feito, tenho que concordar com você, disse já com as lagrimas prontas para saltar dos meus olhos.

- Ok, então vamos terminar.

Com estas quatro palavras, meu mundo foi a baixo.

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⏰ Last updated: Jan 23, 2019 ⏰

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