–Eu sou Sollis! Filho de Gregorium!
O capitão avançava como um tolo, a espada trêmula parecia pesada demais para o seu braço velho ou talvez estivesse simplesmente com medo de ir à frente deles.
Rato Maluco, que discretamente abandonara seu posto, seguia logo atrás, o porrete bem firme na mão. Miro também estava ali, o olhar aceso como há muito tempo não mostrava.
Vendo-os Eleu sentiu um rumor estranho no estômago quando percebeu o que estava acontecendo. Que merda era aquela que estavam prestes a fazer?
Não haviam combinado nada, mesmo assim parecia perfeito, quase coreografado como se todos pensassem a mesma coisa.
Afinal de contas, parecia o melhor a ser feito e, se fizessem direito,sequer precisariam lutar. Se fizessem a coisa de maneira certa,teriam tudo e sequer precisariam matá-lo!
Adiante,um guarda roçava sua rapieira na espada velha de Sollis, e os dois se xingavam como patos grasnando.
–... Um homem ao mar! – Ia dizendo o oficial com indignação. E por um instante Eleu temeu que se referisse a Bernardo. Afinal, qual não seria a desgraça se o padre tivesse sido salvo pelos oficiais da Lei?
O covarde bem poderia estar numa daquelas naus! Merda...Seria uma merda, mas então se lembrou de que tinham lançado a oferenda na noite anterior. A Lei devia estar ali por causa do bêbado, claro. Mesmo assim, tinha que fazer alguma coisa. Miro já estava deliberadamente virado para ele, aguardando a ordem. Amadeu também esperava olhando-o a todo momento, e só Larissa tinha o cenho franzido, como se percebesse o mau cheiro que a conspiração silenciosa exalava.
Ela chamou por Sollis duas vezes, com urgência na voz aguda, mas o velho estava ocupado demais para lhe dar atenção. Foi então que Mãos de Galho saltou sobre ela e usou sua faca para fazê-la calar de uma vez.
Era tarde demais, o sangue o banhou num jato. Como explicariam aquilo? Havia uma decisão a sua frente e era necessário ter coragem para tomá-la. O fôlego fervendo, a vontade quase equiparada ao medo quando a permissão subiu rangendo pela sua garganta:
-AGOOORA!
Como se esperasse por aquilo há tempos, Rato Maluco golpeou com seu porrete fazendo o capitão tombar diante do oficial. De modo que no barco da Lei, o homem que apontava para eles uma Yra de fogo, levantou uma das mãos em um gesto de paz e num grito ordenou que lhe apresentassem o capitão.
É ele!– Disse Miro animado – Ele está aqui. O Capitão é Eleu de Marcellas.
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Sollis
RomantizmO surpreendente luxo Imperial, com seus motores e tecnologias, se depara com um perigo inesperado: Os piratas. Com suas espadas e sede de sangue eles irão até as últimas consequências para conquistar um poder maior do que nenhum deles jamais sonhou...