Capitulo Unico

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Então chegou o natal.

Chocolate quente, dias frios onde a gente se uni no meio da sala, com vários cobertores e começam as histórias de como foi esse ano, músicas de natais quando o álcool já subiu as nossas cabeças e o visco. Ah, o visco. Eu preciso assumir: eu odeio o visco.

Não sei quem teve a brilhante ideia de inventar uma história envolta dessa plantinha irritante e todos os casos amorosos. A verdade é: todo natal eu não tenho quem beijar embaixo do visco e por isso, eu o odeio.

– Youngmin, segura a escada pra mim por favor?

Eu ouvir aquela voz doce que sempre me desconcentrava de qualquer coisa que eu tava fazendo ou pensando. Meu melhor amigo, Minwoo. Corri ate a escada e segurei pra ele, enquanto ele terminava de organizar a decoração. E eu não recusava nenhum dos seus pedidos e fazia todos eles sorrindo. Minwoo era o ser humano mais maravilhoso que eu já conheci e meu coração sempre batia mais forte na presencia dele, o problema que ele não sabia disso e nem queria que soubesse.

E ai entra o visco. Como eu poderia beijar alguém debaixo do visco se quem eu quero é somente meu amigo?

– Obrigado, Youngmin. – comentou ele, descendo da escada e colocando uma fita vermelha na minha cabeça – Está animado pro natal desse ano?

– Sim, eu sempre me animo com o natal. – menti

– Ah, eu também. Tudo parece tão feliz e animado, sabe? As cores, as comidas, as pessoas. Tudo é perfeito no natal.

"Você é perfeito todos os dias do ano" pensei, mas somente concordei com a cabeça, o que fez ele sorrir em minha direção, puxando a fita vermelha da minha cabeça e andando graciosamente ate a próxima parte da sala para continuar a decoração.

Sentei no banco que estava a sua frente e observei ele fazendo tudo enquanto cantarolava algumas músicas natalinas que eu não reconhecia o suficiente para acompanhar.

Kwangmin me entregou uma caneca de chocolate quente com marshmallow, sentando ao meu lado, me fazendo acordar dos meus pensamentos.

– Quando você vai assumir esse amor?

– Assumir? – desconversei, me engasgando com o chocolate

– Youngmin, só o Minwoo que é desligado que não percebeu. Seus olhos brilham quando você fala dele, quando você olha pra ele--

– Não sei do que você está falando

– Não sabe? Olha ai você agora, observando ele enquanto ele arrumar as luzes da árvore. Todo bobo apaixonado.

– Shhh – coloquei a mão na boca dele – Ele vai escutar.

– Devia. – falou com dificuldade enquanto tirava a minha mão dele – Você pode tá perdendo uma ótima oportunidade. Ele terminou o namoro faz meses, nem lembra mais do ex, o que custa você tentar algo?

– Somos amigos e eu não quero estragar isso.

– Você nunca vai saber se não tentar.

Kwangmin lançava esses conselhos e saía como se fosse o mestre dos magos. Era ridículo pensar que tudo seria tão fácil assim, não pode agir como se eu estivesse em um filme da Disney, é provável Minwoo me dá um fora e acabar com toda nossa amizade e eu não arriscaria isso. Guardo esse sentimento a tanto tempo, mais um dia não seria um problema.

E assim prosseguiu a noite.

Mais amigos nossos chegaram, entre eles o namorado do Kwangmin. Conversava com alguns amigos que estavam lá mas não durava muito essas interações, por escolha minha.

Andei até a sacada e percebi que Minwoo colocou o visco lá. Olhei para cima, desejando mentalmente que um dia eu pudesse beijar o homem que amo embaixo dessa plantinha irritante.

– Fugindo da festa, antissocial? – Minwoo apareceu, me oferecendo uma cerveja

– Eu só estava dando um tempo aqui fora.

– O que foi?

– Nada. – comentei enquanto olhava automaticamente pra cima e o visco ainda estava lá, só que agora em cima de nos dois.

– Ah, o visco. Você odeia ele.

– Eu não odeio, eu só acho que a tradição é ridícula.

– Meia noite você devia tentar beijar alguém debaixo do visco esse ano.

– Não, deixa pro meu irmão, ele gosta dessas coisas.

– Você não tem interesse em beijar ninguém daqui?

A pergunta chegou com um tiro em meu peito. Eu não conseguia mentir para Minwoo e algo me dizia para não fazer isso, ou a pequena porcentagem de esperança que eu tinha escondida, morreria. Mas eu também não queria assumir assim, que era ele.

– Eu não falei isso.

– Então existe alguém? Ah, me conta Youngmin, você nunca escondeu nada de mim – ele imaginava isso – É alguém que eu conheço? Me dá uma dica.

– É o homem mais bonito desse local – soltei as palavras de repente, sem pensar nas consequências delas.

Minwoo olhava para dentro do apartamento, procurando quem poderia ser a pessoa mais bonita daquele local. Falei que só poderia contar se ele adivinhasse, o que me ganharia alguns minutos até ele esquecer esse papo e seguimos como se não tivesse acontecido.

– A pessoa mais bonita desse local não pode ser, então estou procurando a segunda mais bonita.

– Por que não?

– Porque a pessoa mais bonita é você.

Fiquei sem reação nesse momento e devo ter feito uma cara assustadora porque Minwoo estava rindo de mim e eu não sabia se ele falou sério ou estava apenas debochando.

– Para brincar, Minwoo.

– Eu não estou brincando, eu não posso te achar bonito?

– Pode?

– Youngmin, eu te acho a pessoa mais bonita não só desse local como todos eles. – Ele segurou minha cintura e me puxou pra perto dele – Faltam alguns minutos para a meia-noite e estamos embaixo de um visco.

Eu não conseguir falar nada.

Faltava um minuto.

Minha mão acariciou seu rosto e terminando em seus cabelos. Minwoo fechou os olhos, sentindo o toque como se fosse algo que ele desejasse a anos. Eu estava nervoso, ansioso com aquele momento. Eu podia mesmo beijar ele?

Mais alguns segundos.

Cheguei próximo de sua boca, juntando-a com a minha. Iniciamos nossos movimentos devagar, como se estivéssemos contando os segundos mentalmente. Talvez já era meia-noite, talvez não, mas agora nosso beijo já estava muito mais intenso do que começou. Tudo embaixo daquele visco, aquele maldito visco. Obrigado plantinha irritante. 

ViscoWhere stories live. Discover now