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Nem tudo que vem do céu é sagrado

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Nem tudo que vem do céu é sagrado. Nem tudo que brilha como estrelas no céu escuro da madrugada tem qualquer significado astrológico. Nem tudo que reluz é formado de preciosidades raras extraídas da terra sob o preço do suor e sangue derramado de almas desavisadas que foram colocadas no caminho de impiedosos seres. Clichês eternos, eu sei, mas existem motivos para serem como tal. Algumas verdades são indiscutíveis e inerentes mesmo que nos recusemos a enxergá-las sob a óptica simplória de nossas vidas medíocr...

— Alê!

Pauso o lápis na página do caderno que tenho apoiado no meu colo antes de levantar o olhar para a dona da voz tão familiar gritando meu nome ao longe. Sorrio quando vejo saltitando na minha direção a garota vestida em um macacão preto já desbotado pelo tanto que usa, a blusa branca de mangas longas cobrindo seus braços apesar do calor que faz. Debaixo do sol forte de meio-dia, sua pele escura reluz, as trancinhas balançando com o movimento de seus pulos tornando-a uma aquarela viva.

Aqui, debaixo da árvore, a sombra da copa cheia de folhas verdes me protege os olhos e permite que eu desfrute da visão da garota que é minha amiga há pelo menos uma década. É difícil lembrar um momento da minha vida em que Íris não estivesse presente e nem me esforço para isso. Meus dias não seriam tão iluminados sem ela.

Solto uma risada alta quando ela entra debaixo da sombra da árvore e põe as mãos nos joelhos, a respiração descompassada depois de um esforço físico mínimo, resultado do seu sedentarismo inato. Sua mente é inquieta e nunca dorme, mas seu corpo não acompanha seus picos de energia. Ponho de lado o caderno seguro, fechado sobre a grama macia, protegido de seus olhos castanhos curiosos cobertos por lentes redondas em uma armação fina que adorna perfeitamente seu rosto rechonchudo.

Indico com a cabeça e ela se joga no chão, sentando-se ao meu lado, a cabeça indo diretamente ao meu ombro em um gesto já tão familiar que não deveria enviar um arrepio ao meu estômago, mas envia. Vem enviando por bons meses agora e esse sentimento inesperado me desespera.

— Te procurei em todo lugar, Alê! — fala, deixando um tapa na minha perna. — Você sumiu. Esqueceu que a gente combinou de ir ajudar minha irmã com a apresentação de dança dela?

— Claro que não — respondo, recostando a cabeça no tronco que me serve de apoio. — Não é só de noite esse negócio? Está mal na hora do almoço.

Íris levanta a cabeça do meu ombro e passa a mão por meus fios meio desgrenhados. O toque gentil e despretensioso me faz fechar os olhos por um segundo.

— Eu sei, mas ela está me enlouquecendo. Por que não sou filha única? — pergunta, mexendo-se no lugar. Ela vira e deita na minha perna, fechando os olhos enquanto se acomoda sem qualquer cerimônia. — Juro, às vezes acho que prefiro arrancar minha cabeça do que ouvir Giovana reclamar de mais alguma coisa na vida.

— Você era igualzinha na idade dela — implico, sentindo meu coração disparar com a proximidade que parece tão natural para ela. E por que não seria? Sempre fomos assim, nada nunca foi esquisito entre a gente. Nossa relação não mudou.

Todas as cores do arco-írisWo Geschichten leben. Entdecke jetzt