Cap. 3 - "conheço esse drama"

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⁃  Quem você pensa que é para falar de mim desse jeito? – Falei apontando para ele com desgosto - Essas cicatrizes não são para chamar atenção! Eu as fiz porque minha vida é uma merda! Eu não precisava de atenção! - Suspirei por uns segundos – Quer saber, não preciso dar satisfação para você!

O rapaz apenas deu de ombros, colocando umas moedas na cabine telefônica, e logo em seguida, discando um número. Seus cabelos estavam um pouco mais bagunçados do que antes, a tempestade de seus olhos estava muito mais cinzenta e brilhante.

⁃ Fiz o que foi combinado. - Ele falou com o telefone em seu ouvido, logo percebendo que ainda estava ali - Fedelha vai para lá! Você não pode ouvir essa ligação!

Eu apenas cruzei os braços e fiquei ali, olhando-o, como se fosse uma criança fazendo birra. Ele apenas revirou os olhos e continuou a falar:

⁃ Quero minha recompensa ainda hoje! - ele ficou em silêncio apenas escutando com atenção o que a voz dizia do outro lado da ligação - fechado, te encontro lá!

O rapaz desligou, olhou bravo pra mim e saiu andando, fingindo não me ver ali de braços cruzados, eu, no entanto, corri atrás dele.

⁃ Nós não terminamos, volte aqui! - Falei segurando seu braço pouco definido, fazendo com que ele parasse.

⁃ Sim, terminamos. - O rapaz falou puxando seu braço com força, se soltando de minhas pequenas mãos e recomeçando a andar. Eu tinha tanta raiva daquele garoto, mas havia algo diferente nele, algo que só ele tinha.

Enquanto eu estava me afundando em meus pensamentos, uma mulher chegou correndo até a polícia que estava na praça central da cidade e pediu ajuda para eles:

⁃ POR FAVOR, ME AJUDEM! O SR. ROGER TOMOU UM TIRO!

Ela gritava, fazendo com que, todos ali ao seu redor parassem e prestassem atenção naquele pedido de ajuda escandaloso. Todos e inclusive os policiais ficaram em volta da mulher, ouvindo como tudo aconteceu, com detalhes enquanto o rapaz de olhos acinzentados tinha desaparecido da minha vista.

Foi então que caminharam até o corpo esticado no chão, a mulher era a empregada doméstica do Sr. Roger e de acordo com ela, Roger tinha sido morto com um tiro quando estava saindo do carro na frente de casa, ele morreu com um tiro certeiro no meio da testa, atravessando o cérebro. Todos estavam muito assustados com o assassinato, então os policiais começaram acercar a casa fazendo ali uma cena de crime a ser estudada.

Eu não consegui ficar por lá muito tempo, precisava procurar um motel que tivesse um quarto sobrando para passar a noite, já que estava anoitecendo.

Quando eu estava em meu carro, contando o dinheiro, mais uma vez o filme da desgraça da minha vida voltou perturbar a mim mesma e uma pergunta surge em minha cabeça.

  O que estou fazendo com a minha vida? Eu havia feito tantos planos como a faculdade dos meus sonhos, teria meu próprio negócio, ajudar meus pais, construir minha família. Como eu era ingênua, tudo foi por água abaixo de um dia pro outro, eu já não era mais como antes. Para onde foi aquela menina alegre que eu costumava ser? Será que algum dia ela retornaria? Algum dia voltarei sentir felicidade de novo?

Sacudi minha cabeça algumas vezes para os pensamentos perturbadores irem embora.

Logo termino de contar a grana e tinha uma boa quantidade de dinheiro para passar umas três noites aqui, mas logo iriam começar procurar a "ladra de carteiras" pela cidade, e a polícia no meu pé é a última coisa que quero no momento, então é melhor eu continuar seguindo viagem de cidade em cidade.

Um dia após meu suicídio. Where stories live. Discover now