Capítulo I: Recanto da Morte.

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"O trabalho dignifica o homem."

01 de Setembro, 1942. Segunda-feira. Auschwitz, Anexo Ômega.

Por Grimaldi Volk.

Era um dia no anexo Ômega de Auschwitz; experimentos esdrúxulos, monumentos em nome da arrogância humana, e eu era apenas uma estátua neste parque de aberrações. As melhores mentes de uma das maiores nações do planeta produzindo morte e sofrimento em escala fabril. Porém a minha existência lá sempre foi uma contradição...

Apenas mais um dia, mas pra mim; mais uma chance de realizar meus objetivos, enganando todos em volta; desenvolver a cura para minha mãe. Estava morta, mas era questão de honra, afinal meu pai foi levado ao erro; enganado.

— Senhor Volk! Não vá me decepcionar mais uma vez.

— Sei muito bem General Höss, tomarei as devidas precauções.

— Se com precauções você quer dizer; trazer mulheres adultas jovens como cobaias... Quero lhe dizer que é inútil se a fórmula não se ajustar aos soldados de nossos pelotões.

— Certamente servirá ao propósito, mas primeiro devo fazê-la funcionar. E digo com clareza que não entende a essência de meu experimento. Estou muito à frente dos demais cientistas em suas respectivas áreas.

— Está claro que não conhece o progresso que tivemos com algumas drogas em outros laboratórios. O senhor deve, primeiro, provar que é capaz e depois se gabar. Não ao contrário. Faça imediatamente ao que o senhor se propôs.

— Está bem. Espero que se arrependa amargamente de seu desprezo em relação ao meu experimento.

Ele assinalou o "sim" com a cabeça, fazendo sinal para que trouxessem as mulheres. Eram trazidos corpos esguios, feridos e extremamente marcados pelo frio, pois tinham apenas uma fina camisa branca, talvez a única arma era carregada no peito; uma estrela de Davi na cor amarela, símbolo usado para discriminar os judeus. Enquanto algumas poucas traziam um triângulo vermelho em suas vestimentas. Todas esfarrapadas e maltrapilhas; escorraçadas pelos soldados alemães. Observava com frieza que a situação pedia.

— Pronto Volk; faça sua aposta!

Olhando uma a uma das mulheres, observando aquelas que tinham as melhores condições; examinando os dentes e pele.

— Não é aposta senhor; é ciência. Muito mais ciência do que aquela feita pelos outros pseudocientistas que estão torturando judeus em vão... Eles gastam recursos desnecessariamente. Mas por falar em recursos; precisarei de cinco.

— Muito. Apenas uma, senhor Volk. As demais servirão ao propósito do Führer.

Sei bem o que ele queria dizer; seriam mortas. Mas se eu tivesse apenas uma alma para salvar; seja aquela com as melhores chances de sobreviver à câmara. Os miseráveis mal sabem o que estão fazendo com este povo. Eu sei, pois eu já li tudo que acontecerá com aquele regime decrépito.

Por Mel Cameron.

Depois de ser sequestrada e ter a minha vida destruída, me levaram para um galpão semiaberto nas laterais. O frio era terrível, mas não mais do que aqueles homens seriam.

Após algum tempo, não sei precisar o quanto por conta das dores que me tomavam os ossos e músculos de meu corpo, eles chegaram; um homem magro e alto, várias insígnias tomavam a frente de seu uniforme, seu cabelo era branco e pouco calvo, enquanto o segundo era um pouco gordo e baixo, caminhava estranhamente, como se estivesse machucado, tinha várias cicatrizes em seu rosto, seu cabelo era ausente. Eu o conhecia.

— Ei! Você quer mesmo causar problemas aqui? Você ouviu bem o que eles falaram. Vamos servir de cobaias! — Disse uma mulher ao meu lado, com sotaque esquisito. Notei um triângulo invertido castanho em seu peito.

Suspirei fundo, já tinha apanhado o suficiente. Que seja eu a cobaia; Grimm nunca faria isso comigo.

— Eu sei. Só observe então. EI! — Fui reempreendida com uma coronhada na nuca.

Grimaldi olhou pra mim como se dissesse "Você? O que faz aqui?". Ele se aproximou, olhando para o seu superior. Me segurou pelos braços, levantando-me.

— Não me lembro de ser tão forte. — Falei baixo. — Deve ser a tal fórmula. — Ele apenas retorceu o rosto, mostrando reprovação.

— Volk! O que decide? — Disse o general com as mãos na cintura.

— Esta mulher viverá para sempre! — Me puxou pelos braços, livrando meus braços e pernas das correntes; um alívio e uma dúvida.

— Levem-na para a preparação! — Aproximou-se do General. — Eu também não tenho o dia todo. — Segurou-o pelo braço.

— Você não pode salvar todos eles. Mal poderá salvá-la. Sabe disso, não sabe? — Soutou-se dele, empurrando-o levemente, quase sem querer.

— Sei disso. Não desejo salvar ninguém. Apenas quero cumprir o meu objetivo aqui.

Não duvido que ele estivesse dizendo a verdade.

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