Capítulo 2

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Quando George completou 30 anos de idade, ele investigava um enigma que o assombrava desde sua infância. Estava de pé na frente de um tiranossauro gigante, que exibia seus dentes enormes para ele. Para a sorte de George, o dinossauro estava morto, e apenas o esqueleto era exibido no pátio central do museu. Ele sorria para o dinossauro, o esqueleto de um animal que ele conhecia e admirava há tanto tempo. Então George virou para a moça de cabelos negros ao seu lado e começou a explicar, "e este aqui é um dos poucos dinossauros encontrados nos arredores da nossa cidade. É incrível que esse único animal tenha morrido há tanto tempo atrás, mas sobrevive até hoje graças ao museu... isso realmente me fascina nesse lugar."

A moça de cabelos negros agarrou o braço de George, como uma forma de abraço. "Ok, Sr. Cientista. Você já me convenceu que é um real paleontólogo," ela disse, rindo no final. "Esse cara é um tanto assustador, hã?" Acrescentou, olhando para o tiranossauro.

"Hum... nem tanto," George respondeu, "pelo menos não agora. Imagina como eles eram há milhares e milhares de anos atrás, quando ainda eram vivos. Isso sim é assustador." Ele virou-se para a moça e viu que ela olhava fixamente para o esqueleto. "No que está pensando?" Perguntou.

"Eu estou pensando..." Ela disse, sorrindo, "que eu não esperava descobrir que você, hoje, no nosso primeiro encontro, é um cavalheiro – por ter me emprestado seu casaco, e, além disso, um cientista inteligentíssimo." George começou a rir. "E também extremamente bonito."

"E eu não esperava descobrir que você é muito mentirosa," ele disse.

"Nã..." A moça começou a dizer alguma coisa, mas foi interrompida com um avanço de George que resultou num beijo inesperado. Ela não resistiu, beijou-o de volta como se estivesse esperando o dia todo.

Por mais que a moça parecesse completamente envolvida naquilo, George cortou o beijo bruscamente, o que a deixou confusa. Ia perguntar para ele o que havia acontecido, mas George não pode explicar. Afinal, tinha visto pelo canto do olho uma pessoa que estava o observando. Seu rosto era um tanto familiar, mas o que entregou mesmo foi seu cabelo dourado, brilhante como as estrelas em uma noite escura. Suas memórias voltaram correndo, como quando você sente o cheiro de alguma comida de sua infância, então lembra de tempos em que tudo era mais simples e feliz. George lembrou de seu aniversário de 10 anos, de como a lua estava diferente naquela noite, de como ela tinha estado diferente durante todos os dias de sua vida desde então. Era ela, a garota que lia um livro sobre dinossauros. Ele começou a correr na direção dela, mas a mulher de cabelos loiros o viu e fugiu sem demora. George conseguiu ver o corredor que ela havia tomado, mas quando tentou seguir, encontrou-se numa sala com diversas exibições de dinossauros voadores, mas nenhuma pessoa. Frustrado ao dar de cara com uma sala vazia, George voltou para onde o tiranossauro estava e foi falar com a moça de cabelos negros.

"O que diabos aconteceu?!" Ela perguntou.

"Eu pensei ter visto..." George começou. "Me perdoe, por favor. Não te contei isso, mas tenho transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Às vezes eu me perco no que estou fazendo e viajo completamente."

A moça olhou fundo nos olhos dele, até aceitar que era verdade. "Então você tem isso. Mais alguma surpresa que eu deveria me preparar no dia de hoje? Algum segredo profundo que você planeja contar?" Ela falou rindo, mas George adotou um rosto sério.

"Na verdade sim, quer dizer, mais ou menos."

A moça ergueu as sobrancelhas em surpresa e chamou George para sentar num banco, onde ele poderia contar o que quer que fosse com mais calma. Após sentarem, ele começou a dizer sobre a noite em que viu um desenho estranho na lua. Em como após todas as noites de sua vida depois daquela ele via esse desenho. George puxou um pequeno caderno de anotações do bolso e mostrou para a moça a primeira página.

"Essa," ele disse, "é a coisa que eu vejo na superfície da lua. Não importa em qual posição ela esteja, não importa meia-lua, lua cheia, eu sempre vejo essa mesma marca."

Pegando o caderno para analisar, a moça de cabelos negros indagou, "Hum... parece algo escrito. Já tentou..."

"Coreano?" George completou. "Japonês? Chinês? Russo? Nada. Esses símbolos não existem em nenhum alfabeto. Eu consultei um linguista profissional, diversos professores de línguas, ninguém reconhece como sendo palavras."

"Esse último símbolo," a moça falou, "parece a lua, não?"

"Sim. Na próxima página eu tenho anotado como sendo a lua, mas não dá pra ter certeza. Pode ser algo completamente diferente."

"Bizarro..." ela disse. Então passou um tempo analisando o desenho. Imaginou que podiam não ser palavras, talvez outra coisa. "Já considerou ser outra coisa?"

"Já," ele respondeu, "números, figuras, objetos vistos de cima, imagens misturadas, silhuetas de países, etc. Eu já tentei de tudo, nada se encaixa. Venho há 20 anos da minha vida tentando resolver esse enigma que me tormenta todas as noites em meus pesadelos."

"Ok," a moça disse, rindo, "você não soou nem um pouco maluco nessa frase."

George riu também. "Você tá certa, desculpa. Eu não deveria estar falando disso com você. É que todos que eu tento explicar acham que eu sou louco."

"Você é um pouquinho," ela afirmou, "mas eu gosto."

Então os dois voltaram a se beijar. Porém, George continuou pensando no enigma, assim como não havia tido um dia de sua vida em que ele não havia pensado no enigma. Depois de sair do museu, ele simplesmente foi embora. Chegou em sua casa e deitou na rede que havia no quintal. Esperou até ficar de noite, quando olhou para a lua e ficou olhando para ela, até adormecer.

O Enigma na LuaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ