Doce Desejo

Doce desejo capítulo 2

Mais um dia de trabalho terminava e Honda havia conseguido fugir das perguntas da amiga o dia inteiro, mas sabia que não conseguiria fugir por muito tempo. Honda fechou a loja e seguiu em direção a casa da amiga, encontrou-a pintando em seu estúdio uma peça por encomenda. Honda ficou observando-a pintar, ela era tão linda, uma loira alta, um metro e oitenta, longas pernas torneadas, corpo escultural, olhos verdes claros, cabelos sedosos dourados, e rosto angelical. Honda a admirava muito, eram amigas desde o colegial, filha de pais ricos. Alana nunca quis ter privilégios por ser rica, estudou em escola pública e conseguiu tudo por mérito próprio, ela esteve ao seu lado em todos os momentos difíceis de sua vida, uma apoiando a outra, sempre foram unha e carne quando Alana perdeu a sua mãe em um acidente de carro, ela havia perdido o chão, e Honda estava lá, sempre esteve lá para ajudá-la. Quando Honda também perdeu a sua mãe para um câncer de pulmão, Alana também esteve lá para ajudá-la, uma pela outra sempre, eram como irmãs, uma sempre sabia se a outra não estava bem, como agora que Honda estava passando por dificuldades no namoro com Carlos. Alana nunca gostou de Carlos, dizia que ele tinha cara de psicopata e era muito autoritário.
Alana levantou os olhos e notou a presença de Honda, que sorriu para ela.
- Olá, amiga, muito trabalho? - Honda perguntou se aproximando da amiga.

- Não, estou só acertando os últimos detalhes, logo estará pronto e poderemos entregá-lo ao dono -  falou Alana, orgulhosa. E era para se orgulhar mesmo em todos os seus 24 anos, Honda nunca havia encontrado obras tão maravilhosas, fortes e expressivas, ao mesmo tempo delicadas quanto as de Alana, ela com certeza era um talento, não era atoa que as pessoas pagavam fortunas por suas obras
- ótimo - disse Honda observando o quadro.
- Oh meu Deus, Alana. Está fabuloso! Você sempre se superando, mesmo quando achamos que é impossível algo melhor você sempre arruma um jeito de nos surpreender - disse Honda, com o olhar cheio de admiração.
- Ah que isso, amiga, são seus olhos, que por sinal andam tristes, vamos venha! Vou preparar um chá e você vai me contar tudo! Agora já chega de me enrolar viu, mocinha - falou ela, fingindo braveza e retirando o avental que usava para pintar.
Ao chegar a cozinha, Honda sentou-se em uma das poltronas da mesa, enquanto Alana preparava o chá, bolo de laranja com limão e alguns biscoitos.
- Prontinho, agora vai desembucha, e não tente me enrolar, te conheço muito bem. O que está acontecendo? - questionou a loira.
Honda sabia que não adiantava desconversar, Alana era insistente e a conhecia muito bem, ela não iria desistir, então o melhor era desabafar mesmo, estava precisando contar o que lhe passava pela cabeça.
-  Bom.. já que não tem jeito e você não me deixará em paz, eu irei falar de uma vez - Alana a olhou triunfante e Honda mostrou-lhe a língua.

- É o Carlos! - falou Honda, com tristeza.
- O quê aquele imbecil fez desta vez? - perguntou Alana, com uma certa indignação em seu tom de voz.
- Ele não tentou te forçar a fazer algo sem você querer novamente, certo? Ou tentou? Eu vou arrancar a cabeça daquele porco nojento com um serrote - disse ela levantando-se e andando de um lado para o outro - Eu irei matar e fazer ele engolir as próprias bol...

- Alana, Alana... Calma, ele não tentou nada, calma - falou Honda, segurando-a pelos braços - Calma ele não tentou - Você colocou isso na cabeça, ele não tentou fazer nada que eu não queria aquela vez, ele só... Ficou um pouco mais excitado e...

- E? E nada, você que não quer enxergar porque tá cega! Este cara é um patife! Você deveria ficar longe dele, ele não respeita seu tempo. Ele te coloca para baixo o tempo inteiro, desde que você conheceu ele você só anda triste, briga quase sempre com ele, ele não te trata com o carinho que você merece, pelo contrário! É grosseiro, e o pior é que você não faz nada para colocar ele no lugar dele, você simplesmente deixa ele tomar conta da sua vida e dos seus passos como se você não tivesse capacidade de andar sozinha - ela suspira triste -
- Amiga, eu não quero brigar com você, mas também não quero te ver sofrer por conta de alguém como ele - falou abraçando-a.