13. ela tenta ser simpática - pt.2

Magsimula sa umpisa
                                    

Levantando e não querendo falar muito sobre o assunto, Aquiles continuou sem me olhar. Dando a volta no sofá e voltado pra minha direção, parecia pensar demais nas palavras que ia usar, e eu permaneci no mesmo lugar.

— Vários motivos. — Disse, dando de ombros e me olhando com olhos brilhantes.

Estava tão perto que eu sentia a sua respiração, sentia o seu calor e toda a paixão que ele exalava. Ele era sufocante, me deixando tonta com tanta informação.

Saindo de perto dele, me sentei em uma das pontas do sofá, mas ele me seguiu e sentou do meu lado. Tinha um espaço entre a gente, mas eu vi as suas mão coçando e pairando algumas vezes no ar como se ele quisesse me tocar.

Com o choro ainda saindo aos poucos, o silêncio fez o barulho da minha tristeza aumentar, e eu não consegui mais aguentar o que estava passando por dentro de mim. Apreensiva, eu estava com medo de contar o que ele só pensava saber.

— Ela me disse que tu é como meu ex. — Falei, olhando para as suas mãos e vendo elas se fecharem em punhos. — Ela veio aqui confirmar o que eu já sabia.

— Eu não sou ele. — Falou entre os dentes, olhos fixos no chão.

Eu ignorei aquela raiva dele e continuei. — Ele me cantava, ignorava os meus nãos. Me fazia pensar que eu queria no final das contas o que acontecia comigo, a quantidade de bebidas que ele me oferecia, — limpei a garganta, meus dedos de repente sem tato algum, — contei para ele sobre o meu pai que bebia, e mesmo assim ele insistia.

A cada palavra minha, Aquiles balançava a cabeça e eu lembrava da quantidade de vezes que ele continuava sendo charmoso comigo, percebendo que o outro tinha tantas coisas parecidas com ele.

— Ele forçou tantas coisas a acontecerem. Forçou o corpo dele dentro de mim, arruinou a minha vida porque coisas aconteceram... e eu não vou conseguir mais ter uma família por causa dele.

— Eu não sou ele. — Repetiu, me interrompendo.

— Não. — Falei, soltando um riso fraco e limpando uma lágrima que escorreu pela minha bochecha, lembrando do que foi sentir o sangue no meio das minhas pernas e descobrir que tinha sido Lucas me dopando aos poucos com cada bebida que me entregava. Como ele comprou o meu silêncio sobre suas maneiras, comprou minha vida inteira para que me controlasse e as coisas não saíssem do controle dele.

Talvez não fosse a hora certa de conversar sobre aquilo, talvez não tivesse tempo certo. Me levantando, passei as mãos por cima da minha barriga, não sabendo o que fazer dentro do meu apartamento e também não aguentando guardar todos aqueles sentimentos dentro de mim.

Minhas mãos deixaram a parte do meu corpo que mais me lembrava do passado, e passaram para a que me lembravam de um presente. Eu toquei os meus lábios lembrando como foi sentir estar sob Aquiles e sentindo aquele peso de fascínio que ele possuía.

Devia ter rejeitado a sua aplicação para morar comigo, rejeitado mais os seus olhos, só que não conseguia ignorar a atração, mesmo que ele me lembrasse tanto do resto.

Limpando meus olhos, voltei a olhar para ele que continuava fixado no chão.

Passava todas as noites em claro por não conseguir dormir devido tantos tormentos, mas também porque sentia a presença de Aquiles tão perto de mim. Eu dizia que não o queria, mas daria todos os pedaços de mim para ele, se isso realmente significasse que ele era capaz de me colocar de volta como a Lívia que me orgulhei de ser um dia.

Eu caminhei até ele, me colocando no meio das suas pernas, as minhas mãos tremendo. Ele levantou o rosto devagar e ao chegar diretamente em mim, a sua mandíbula marcada fez o meu coração apertar.

— Lívia, — ele começou a falar mas eu não deixei, querendo logo tirar aquele peso dos meus pulmões.

— O que tu quis aqui?— Perguntei alto, tentando entender o que ele via em mim e as consequências do meu outro relacionamento. Eu toquei no seu cabelo, sentindo entre os meus dedos a maciez e examinando o loiro brilhante que ele tinha.

Eu perguntei, tentando sorrir para ele e deixando a simpatia mascarar o quanto eu queria deixar tudo para trás, toda a estranheza de conversar e sentir de novo, e simplesmente beijá-lo.

— Eu queria transar. Tocar e beijar o teu corpo. — Disse, sério, mas seus olhos mostravam que aquelas palavras não eram tão reais naquele momento.

Aquiles sorriu triste, sua mão indo tocar o meu quadril mas pairando milímetros antes de eu conseguir sentir seus dígitos contra mim. Ele parecia sentir dor em pensar, mas suspirou quando deixou a mão cair sobre a minha roupa, finalmente me sentindo e espalhando eletricidade por todo o meu corpo.

— Mas eu não queria sentir esse medo.

Começou, colocando a testa contra o osso do meu quadril e me segurando agora com as duas mãos. Sua voz diminuiu, e eu senti minha mão formigar o momento que deixei seus cabelos e toquei suas costas, massageando os seus músculos e sentindo o calor que emanava.

— Antes eu tinha medo de que alguma coisa fosse fazer eu mudar. — Colocou pra fora suas palavras com vagareza, a testa abrindo espaço para seus lábios, suas mãos descendo as minhas coxas. Em um movimento ele foi para trás e me puxou para cima dele. — Hoje tenho medo de chegar à noite e perceber que eu não consegui mudar, que continuo o mesmo idiota que não merece te ter na minha cama, que não merece sentir prazer do teu lado.

Ele alisou minha bochecha, limpando uma lágrima, e eu não confiava mais nas minhas ações. Meus dedos, assim como os dele, exploravam, e eu sentia a pele exposta dos seus braços sob as minhas mãos, ainda me sentindo assombrada pelas memórias mas deixando cada vez mais me levar pelas palavras dele.

Ele dizia palavras sujas que pareciam poemas, fazia com que eu acreditasse que nunca teríamos algo além daquilo. Não teríamos porque no final o meu instinto de sobrevivência não me deixaria afogar tanto naquele azul dos seus olhos.

Segurando o seu rosto, eu respirei fundo antes de tomar coragem e me inclinar para frente, sentindo os seus lábios contra os meus, amando o calor e a impressão que ele era uma pessoa que me manteria a salvo.

Eu senti pânico, desta vez porque me lembrei o que era ganhar atenção de alguém, sentir o valor que eu tinha a cada toque. Senti pânico porque não sabia exatamente as consequências que viriam, mas ignorei também porque no meio da confusão a única coisa que parecia certa, de repente, era tentar amar de novo.


n o t a  d a  a u t o r a: 

Vou deixar esse espaço livre para comentários se vocês ainda estiverem respirando.... Amo vocês heheheh 

Boa noite, Aquiles ✓Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon