Evolução: A Ascensão de Maquina. Cap. 1

I.I - PIETRO GARCIA - FLORESTA DE MARMANDAI

Marcos Lamarra: Desculpe mas eu não consigo levar sua ameaça a sério com um arco e flechas em suas costas.

Ele então passou a imitar um rádio comunicador

Marcos Lamarra: Terra para Pietro, responda. A capital liberou o uso de armas de fogo, é só comprar uma em qualquer loja de armamentos. Câmbio.

E então voltou a falar com a voz normal e a desdenha inicial.

Marcos Lamarra: Seus concorrentes andam com uma pistola na cintura e um rifle nas costas, aposto dois meses de comida grátis que eles conseguem abater muito mais animais do que você. Já pensou em se adaptar ao presente?

Respirei fundo antes de reagir. Um dos ensinamentos de meu pai sobre o comércio era que o cliente sempre tinha razão, não importando o quão errado ele estivesse. Tendo isso em mente, refleti por alguns segundos antes de responder e, após recobrar a calma, tentei convencê-lo de minha escolha, explicando a razão de minha preferência pelo arco ao invés de cumprir com minhas ameaças.

Pietro Garcia: O arco é mais silencioso e não espanta os outros animais. Além disso, é uma morte mais limpa, preservando a carne e a pele do animal. Por isso o meu produto tem maior qualidade, o restaurante do seu pai está sempre cheio e você está tão gordo de comer tudo o que eu vendo para vocês.

As palavras escaparam de minha boca e, mesmo tendo me controlado ao máximo para não ofendê-lo, quando percebi o que estava dizendo já era tarde demais. Mas, apesar de ter sido rude, logo vi o famoso bom humor de Marcos quando ele retrucou, sorrindo, como se estivéssemos conversando normalmente e fossemos dois velhos amigos.

Marcos Lamarra: E é melhor que continue assim. O Vinny não se cansa de ir ao restaurante para nos oferecer carne a um preço muito mais baixo do que o seu. Só que a carne que você nos vende é tão macia que é difícil parar de comê-la. Então podemos concordar que quando eu acabo com o estoque da loja, a culpa é toda sua.

Aquele era o lado de Marcos adorado por todos em Marmandai. Talvez o bom humor dele fosse realmente contagioso, mas por algum motivo ele não funcionava comigo. Apesar do alívio por ele não ter se ofendido com o comentário, tudo em que eu conseguia pensar era o assunto sensível trazido à tona, Vinny Guiddle, que estava destruindo o mercado da caça com os seus preços absurdamente baixos e seus métodos que ultrapassavam o limite da legalidade.Vinny não respeitava os limites da floresta que eram impostos pela sociedade de caçadores de Marmandai, invadindo as reservas protegidas onde o número de animais era abundante. Além disso, utilizava armamentos e provisões militares, que só podiam ser encontrados no mercado negro, e sempre ultrapassou a cota individual de caça definida para ele. Esses fatores tornavam sua competição injusta com os outros caçadores.

A pena por desrespeitar as leis da sociedade de caçadores eram definidas pelas autoridades da cidade. Normalmente, um caçador que quebrava as regras pela primeira vez era proibido de caçar por um curto período de tempo, sendo que reincidentes seriam punidos com a perda do título de caçador. Isso existia para controlar a caça na região, tentando garantir que todos os caçadores tivessem trabalho e que os animais não fossem extintos. Mas Vinny era o filho de um dos banqueiros que controlavam a cidade e, portanto, fazia aquilo que julgava ser melhor e nenhuma punição lhe era aplicada.