➵ᶜᵒᵛᵉʳᵉᵈ ⁱⁿ ᶠˡᵒʷᵉʳˢ

Not everything

A jovem anjo caminhava com postura ereta pelos corredores, sendo apenas notada por alguns anjos que lhe lançavam olhares cheios de respeito e admiração.

Afinal. Ela fora uma das poucas que voltara viva da guerra, não interia, mas viva.

Ela seguiu corredores a dentro passando direto por várias salas vazias.

Ela ia passar direto por mais uma sala a sua direita mas algo lhe chamou a atenção, voltando alguns passos, apenas para achar um par de gatos com olhos escarlates que lembravam um pouco os de duas de suas inimigas, (uma das quais arrancou seu olho em uma batalha) e o de sua aliada de pavio curto.

Ela sem perceber já havia entrado na sala, se dirigindo para a direção dos gatos que não haviam a notado ainda.

Ambos estavam tomando algo que parecia ser leite em uma tigela não muito funda, a anjo reconhecia esse cômodo, era apenas a cozinha do castelo, nada de especial mas algo a intrigava.

Ela deixou as perguntas um pouco de lado, se agaixando para ficar perto dos gatos, que com sua aproximação já haviam a notado.

Ela passou os dedos por traz das orelhas da gata branca, os olhos de ambas as gatas observando e captando tudo como câmeras.

Ela riu com sua pequena comparação.

Mas havia algo que a intrigava nos gatos.

Eles eram muito familiares.

Familiares até demais.

Ela estava perdida em seus pensamentos, quando sem perceber ela começou a passar a mão sobre o tecido negro que cobria seu olho.

Algo doeu nela.

Ela ouviu um barulho em suas costas, mais especificamente uma porta se abrindo.

- Grora. - 

Wodahs fez uma pequena saudação.

- Cabeça de anjo. - 

Depois disso Wodahs começou a cozinhar alguma coisa na qual Grora não se importava.

Sua atenção se voltou novamente aos gatos, que infelizmente haviam sumido.

Ela apenas soltou um suspiro e revirou os olhos, se levantando e se dirigindo a porta novamente.

A dor voltou, por um mísero momento se sentiu no campo de batalha, a dor, o sangue, o medo de não voltar viva para casa.

De repente sentiu algo a observando.

Ela virou seu rosto para o lado para se encontrar com um par de olhos que pareciam rubis, a encarando.

Essa visão a lembrou de algo.

Sangue.

Dor.

Medo.

Uma risada brincalhona que  dava a Grora um sentimento de desespero.

E não era a toa.

Ela estava no campo de batalha, no meio de uma tempestade e sem sinais de reforços. Todos os anjos de sua tropa haviam morrido nas mãos de uma das subordinadas mais fiéis do diabo.

Ater.

A demônio encarava a anjo do outro lado do campo de batalha, os olhos rubis observavam e captavam tudo como câmeras.

Grora teria rido de sua comparação se não estivesse mais preocupada em sobreviver.

Ela se sentia um rato sendo cassado por um gato.

A demônio começou a se aproximar da anjo.

Os dedos de Grora apertavam tanto o arco que suas unhas já haviam feito marcas um tanto profundas fazendo escorrer sangue por sua mão e pingando no chão.

Sua respiração ficou mais pesada e rápida, suas pernas ficaram bambas, sua visão ficou meio turva e seus pensamentos embasados.

A demônio sem pressa chegou perto de Grora e pegou seu pescoço.

Aqueles olhos agora estudavam o rosto da anjo, e sem mais nem menos arrancou o olho da oponente na qual começou a gritar da dor agonizante. 

Lágrimas quente rolava pelo rosto de Grora enquanto ela arranhava com suas mão sangrentas os punhos de sua oponente, que nem se mexia, até mesmo sua cara estava amena a situação.

Mas Grora sabia que estava se divertindo com sua reação.

Um barulho foi ouvido a suas costas, a criatura de olhos vermelhos largou a anjo e seguiu para a floresta sumindo na escuridão daquele dia de chuva.

Grora saiu do seu transe, no mesmo momento em que a gata se virou para sair da visão de Grora.

A dor no olho de Grora havia sumido.

Mas ela havia percebido nesse momento que

Nem tudo estava coberto de flores.