13. ela tenta ser simpática - pt.1

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— Já vai! — Falei, minha voz quebrando e a garganta ardendo.

Eu fui até o banheiro e me ajeitei do melhor modo que consegui, prendendo meu cabelo e passando um enxaguante bucal, mas ao olhar no espelho só conseguia perceber o desbotar dos meus cabelos e o acinzentado que rodeava meus olhos.

Abrindo a porta, olhei espiada para quem queria me ver e tive a presença de quem não esperava. Meu coração caiu por trás das minhas costelas, pesando.

A amiga de Aquiles estava parada encostada na outra parede, o rímel borrado ao longo do rosto.

— A saída pode se tornar entrada de novo? — Perguntou, lembrando do dia em que a expulsei da minha casa.

Com a testa enrugada em confusão, coloquei minha mão contra a porta semi-aberta, não deixando espaço para ela entrar.

— Aquiles não está aqui. — Falei, tentando não mostrar para ela o quanto eu queria que ele estivesse. Se estivesse, eu estranhamente teria mais coragem de enfrentá-la.

Soltando uma risada curta e sem força, o som que vinha dos seus lábios era repleto de ar. A cabeça caindo para o chão, um dos braços esticando para a frente enquanto o outro suportava seu cotovelo. Seus dedos pareciam segurar um cigarro, e todos os seus movimentos eram tristes e fascinantes.

— Eu sei. Falei com ele para ter certeza que não estaria. Queria conversar?

Me distanciando da porta e ajeitando minha postura, deixei a revolta passar pelo meu corpo. — O que tu quer falar comigo?

— Posso entrar primeiro? — Perguntou, fungando e cruzando os braços, segurando os seus bíceps nas suas mãos.

Não queria, naquele momento, aguentar Vênus falando, mas a minha curiosidade foi maior, então saí da frente da entrada. Empurrando a porta para que ela abrisse, esperei ela passar encolhida no seu próprio corpo e forcei um pequeno sorriso no meu rosto, tentando não mostrar o quanto estava odiando aquilo. 

Fechando a porta, virei para olhar a mulher que tinha sentado no sofá, perto dos meus pertences. Eu caminhei atrás do móvel, pegando a minha bolsa e retirando ela do sofá. Olhando para a sua reação, vi um relâmpago de raiva passar pelas suas feições, logo sendo substituído por algo triste e ela disfarçando ao ajeitar o cabelo.

— Eu sei que é estranho, mas eu achei que precisava te avisar.

Sua voz saiu rápida, nunca olhando para mim diretamente.

Me questionei se aquilo era realidade e se eu tinha mesmo encontrado as forças para levantar só para presenciar aquilo, mas as unhas contra a minha palma provavam que era verdade, e eu não entendia ainda a minha situação.

Tudo parecia estar embolado em uma única névoa e eu não conseguia enxergar o porquê de tudo.

— Me avisar? — Perguntei, indo para o outro lado da mesinha e olhando diretamente para a mulher, ironia saindo da minha voz com tranquilidade. O que ela tinha para me avisar eu não sabia, mas era completamente ridículo.

Ela era linda, um dos motivos dela ter tanta atenção de Aquiles, mas naquele espaço tão meu as suas roupas escuras e o batom vermelho não combinavam, e mesmo que ela fosse a beleza pura e toda a paixão fervente, no final era apenas uma pessoa com energia ruim.

Balançando a cabeça, Vênus notou o quão irritada eu estava, e pareceu gostar. — Ele é igual aos outros, não tem nada de diferente.

— Bela forma de falar sobre o teu amigo. — Disse, levantando as sobrancelhas e fingindo simpatia.

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now