12. ele quebra mais uma regra - pt.1

Start from the beginning
                                    

      — Cara, tu pode me falar o que tu acabou de dizer? Adoraria fazer essa guria rir mais. — Falei ao parar na frente deles, de repente não sentindo tanta sede pelo frasco da minha mochila e esquecendo da dor que sentia na minha cabeça.

      O rosto dos dois se fechou. O dele em curiosidade com as sobrancelhas cerradas e olhos estreitos, e então o dela com olhos sem expressão e rosto estático. Ele percebeu isso também, e ficou focando o seu olhar entre nós dois. 

     Colocando as mãos dentro do meu bolso como forma de me controlar, inclinei meu corpo na direção dele, mas nunca tirando o meu olhar dela, que me seguia a cada movimento que eu fazia, alimentando toda a imaginação que eu tinha. 

     — A não ser que tu não queira? — Perguntei pra ele, — Porque eu entenderia se tu quisesse ficar com ela só pra ti... Tem como não querer? 

     — Chega, Aquiles. — Lívia finalmente falou, suas narinas abrindo em respirações profundas e as mãos agarrando a alça da sua mochila. Ela não estava irritada, o que era novidade, mas parecia suplicar para que eu parasse mesmo assim. Seus olhos, cada um de uma cor, não piscavam e permaneciam 

      O homem esticou a mão na minha direção, a sua cabeça nervosa indo de mim até Lívia e vice-versa. — Eu sou o Matheus, amigo da Lívia... Bem gay, também. 

     Eu apertei a mão dele com uma risada. Eu sabia que ele era, mas a vontade de fazer Lívia se irritar ou ficar envergonhada era maior.

     — E aí, Matheus. Sou o Aquiles. — Disse, sem soltar a sua mão e olhando pra ele, agora ignorando Lívia que fuzilava o lado do meu rosto. — Quer meu número pra me mandar dicas de como fazer ela rir? Eu tô tendo progresso, mas é difícil ainda. 

      Com um sorriso acabei soltando a mão dele. O suor por todo o meu corpo estava maior e a dor de cabeça também, mas eu não conseguia dar atenção para aquilo quando o corpo de Lívia estava tão perto do meu e ela estava tão tranquila como daquele jeito. 

      — Que merda que tu quer falando isso? — Ela finalmente disse e fez eu virar minha atenção pra ela. Colocando a cabeça para trás, ainda olhando de frente pra ela, fiz cara de desentendido. — Não tem que ir logo pro bar ou simplesmente atrás daquela tua amiga de pernas compridas? 

     — Tu não recebeu minha mensagem? — Perguntei, tirando as mãos dos bolsos, limpando o que sentia serem gotas aumentando na minha testa e então cruzei os braços. Matheus analisava aquilo como minha mãe enquanto ela ficava vendo a novela à noite quando ainda morava aí e eu analisava ela do mesmo jeito. Seu corpo com o jeans que marcava as suas pernas, a bota com um salto alto, a camiseta azul de listras finas e brancas que caiam pelos seus ombros e me deixavam ver um pouco dos seus seios.

      Lívia deu um passo milimétrico para trás, a expressão forçada de raiva que tinha aparecido alguns segundos antes saindo do seu rosto e sendo substituída por dúvida.

     — Não. — Disse, me imitando e cruzando os braços, se fechando e quase se protegendo do meu olhar.  A garganta mexendo pra cima e pra baixo em um movimento erótico demais para eu não notar. Sabia que era errado, mas não conseguia parar de imaginar ela fazendo aquele movimento exato enquanto estivesse engolindo meu gozo, seus lábios carnudos e rosados. 

      Meu corpo arrepiou frio de repente, uma onda de tesão correndo por toda a minha pele. A imagem de Lívia me esperando no mesmo sofá da nossa sala, completamente nua, e meus dedos correndo por toda a sua pele se repetia na minha mente.

     Fechando meus olhos, limpei a imaginação e tentei disfarçar a loucura que estava acontecendo dentro da minha cabeça. A dor, Lívia, os pensamentos sobre o ex dela ter machucado ela ao dar aquela merda de dinheiro. Uma ira tinha iniciado dentro do meu peito, não só sobre aquilo, mas diversas vezes durante o dia quando Iara sequer falava comigo. Não sabia direito o que estava acontecendo, e só queria ir pra casa, aproveitar o que eu conseguisse e então ver se tinha sobrado algo na minha 

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now