Irônico, ele sabia. Mas analgésicos não eram mais efetivos e ele não fazia ideia onde a única cura para aquela dor estava no momento.

— Whisky ás sete da noite? Eu me pergunto onde você adquiriu esse hábito.

A voz conhecida fez com que o homem travasse por um momento, se preocupando em fechar a garrafa antes de se virar, deparando-se com James Marlowe sentado no meio do sofá escuro da sua sala.

Perguntou-se como não tinha visto o homem na hora que tinha chegado ali, mas tinha que assumir que sua cabeça não estava nos seus melhores dias. Estava nos preparativos das últimas três festas que tinha assumido responsabilidade, estava na sua mãe e estava em Sky. Qualquer coisa que fugisse a isso nos últimos quatro dias estavam completamente fora da agenda e da cabeça de Benjamin Elliot Marlowe.

Incluindo James.

— Se você veio aqui para causar uma cena, eu estou te implorando para ir embora — Benjamin falou com o tom controlado, apertando a ponte do nariz com uma das mãos. — Vá para casa, eu pessoalmente posso pedir a Berna para te colocar na minha agenda próxima semana e você ocupa uma hora e meia do meu tempo como você quiser. Mas não hoje.

Ele não estava verdadeiramente olhando para o pai, mas teria percebido que ele tinha engolido em seco se estivesse prestasse atenção. James levantou os dois braços em rendição, passando as mãos pela calça social perfeitamente passada antes de responder a ele.

— Bandeira branca, Benjamin. Eu não estou aqui para fazer uma cena.

Era quase difícil acreditar nas palavras do pai, por isso Ben preferiu por sorrir ironicamente antes de se sentar na ponta do sofá, levando o copo de vidro aos lábios.

A distância entre os dois era apenas de um lugar do estofado, mas ao mesmo tempo era imensurável em centímetros ou quilômetros. O espaço que separava o pai do filho não era físico e não constaria em qualquer fita métrica.

Ali não estava o James que pegou Benjamin no colo assim que ele nasceu, posando para uma foto segurando o pequeno na manta amarela com um enorme sorriso no rosto e lágrimas no canto dos seus olhos, como se fosse a primeira vez. Não era o homem que gostava de jogar bola com os filhos no gramado da enorme mansão que vivia até o momento, fazendo comemorações exageradas quando qualquer um dos dois, Aaron ou Ben, chutava a bola sem força por baixo da trave.

Presente, naquele momento, estava o homem que tinha deixado de ir na formatura do segundo filho e que teve a gola da camisa sacudida por ele depois de ter programado uma grande festa para colocá-lo para assumir o império Marlowe, no seu aniversário de vinte e um anos. Era quem estava tão acostumado em bater boca com o filho que era quase estranho estar no mesmo ambiente que ele e estar calado, esperando que suas paredes estivessem abaixadas o suficiente para falar o que tinha treinado na frente do espelho, parecendo perder todo o jeito para oratória que todos os jornais o elogiavam.

Era fácil lidar com acionistas, investidores e clientes, mas complicado falar com o próprio filho. E foi se dando conta disso que James percebeu que estava tudo fora do lugar, perguntando a si mesmo quando ele tinha errado.

Sete de dezembro. Ele começou a errar em sete de dezembro.

— Como você está com as fotos que saíram no início da semana?

Ben não levantou a cabeça, mas estava quase surpreso em saber que seu pai sabia das revistas de fofoca. Sabia que ele controlava cada aparição da família em todas as mídias e apostou que esse era o único motivo por ele ter tocado no assunto, negando levemente como resposta.

— Não é exatamente como eu esperei começar a minha semana — respondeu sem olhar para o pai, suspirando. — Mas merdas acontecem.

— E Skylar? Ela está bem?

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