10. ele não quer ela no grupo - pt.2

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     Mas aquilo não adiantava tanto, nem coçar os olhos. Porque quando eu fechava minhas pálpebras e tentava aproveitar a bebida, vinha Lívia na minha mente, falando que eu magoava ela sem perceber. Vinha Iara me dando um livro que eu nem sequer entreguei para a minha colega de quarto.

     Será que era isso que ela queria dizer? Será que eu machuco ela com as coisas que eu faço?, pensei, mas então eu me lembrei que ela não teria noção nem de que o livro existiu. E de alguma forma aquilo fez com que eu quisesse beber mais. Ela não podia ficar no grupo. Não queria ela no grupo. 

    E com mais um gole, comecei a sentir a raiva sendo plantada dentro do meu peito.

      Quase me engasgando em surpresa, senti uma mão agarrando minha bunda, e tomei o gole rápido para que não me afogasse com o líquido âmbar. 

      Olhando rápido para o rosto de Vênus, não soube o que falar, então deixei a sua mão passar pelo meu corpo enquanto eu levei de novo a garrafa até a minha boca. Ela dizia algo sobre querer uma rapidinha, sua boca agora encontrando meu pescoço, algumas palavras que em outro momento fariam eu aceitar direto as suas propostas. Mas eu só quis beber, e logo retirei a sua mão do meu corpo. 

      Queria ter dito que ela devia parar de usar caras como aquele, mas não disse. Queria ter feito algo diferente do que eu acabei fazendo, mas não fiz.

      Pegando o seu cabelo pela sua nuca, trouxe sua cabeça até mim e com uma mordida no seu lábio inferior, suguei sua boca, sentindo um nada dentro do meu peito. — Se comporta. 

     Largando ela, deixei meu alerta vazio e voltei até a cozinha para terminar a minha bebida e preparar a minha mente para tudo o que a noite prometia. Exclui as notificações do meu celular, exclui a imagem de Lívia deitada no sofá e vendo os filmes que eu havia deixado pra ela assistir, excluindo as palavras já de meses de Apolo para eu tomar rumo, as de Aimée sobre responsabilidade. 

     Abri espaço para a farra, para a ardência e o suor de corpos. Para o que eu era antes de ter toda essa gente me lembrando do que eu não sou. 

     — Eu estou me comportando. — Ela falou em resposta, a língua passando onde eu tinha acabado de morder a sua boca. Como um reflexo, a minha passou sobre os meus lábios também, mas eu sentia como se estivesse limpando o jeito que ela tinha deixado em mim do que qualquer outra coisa. 

     — Tô vendo... — Respondi, revirando os olhos e tomando mais do do líquido da garrafa. Ela já estava menos do que a metade, e eu não sabia direito como que tinha conseguido tomar tudo aquilo naquele período de tempo. 

      — Que que foi? Tá pra cortar minha diversão agora? — Ela respondeu, balançando com a ponta dos dedos os cabelos pretos e compridos. Nos seus lábios aquele sorriso maquiavélico apareceu, e através dos meus olhos acabou se exagerando mais do que devia. 

      Eu pisquei mais forte, tentando encontrar alguma nitidez no que eu estava vendo, mas então a minha cabeça começou a doer, minhas mão seguindo até minha testa. Dando dois passos para o lado, sentia como se minha pele não fosse mais minha, e a dor começou a aumentar, atravessando pelas minhas costas e corroendo em formigamento a minha coluna. 

     — Aquiles? — Escutei Vênus me chamando, a voz dela sem paciência antes de eu simplesmente parar de escutar o que ela estava falando. 

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now