Prólogo:

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Sabe quando em menos de um minuto você assiste sua vida desabando, bem na frente dos seus olhos, e você não pode fazer nada, porque mesmo se tentasse não surgiria efeito nenhum. Bem... assim aconteceu comigo. E hoje, vivo na escuridão, sozinha, tirada de tudo o que eu amava e colocada numa caixa escura, onde a única coisa que consigo escutar é meu nome de vez enquanto o nome dos meus pais.

***

Meu nome é Michaella Brawn, tenho dezesseis anos e vou contar para vocês como foi o dia em que em um piscar de olhos tudo foi tirado de mim.

Era um domingo maravilhoso, o céu estava mais azul do que nunca, tinha nem uma nuvem, o vento estava um pouco gelado que dava um choque térmico com o calor dos raios solares que batiam em minha pele clara. No quintal, meus pais Lily e Jerry estavam preparando para o churrasco, todos os domingos a família se juntava na minha casa e fazíamos uma farra, pequena mesinha de madeira que meu pai mesmo construiu. Enquanto enchíamos nossos estômagos, tia Katy e tio Brian não paravam de contar piadas, uma mais engraçada do que as outra. Minha avó Margie, chegava a dar soluços com a palhaçada dos dois.

Quando tudo estava pronto, hambúrgueres na chapa e a carne assada, a campanhia tocou, quando escutei seu som, corri eufórica para abrir a porta, ainda me lembro do sorriso de todos eles, me olhando e chamando meu nome como se fosse a primeira vez que estivessem me vendo.

Nos juntamos a mesa e mamãe começou a distribuir a comida sobre a mesa, enquanto nossas bocas se enchiam de água, de tanta fome.

— Lily, você nos surpreende a cada domingo, mulher de onde você tira tanta receita assim. — indagou tio Brian.

— Tudo o que faço, foi minha mãe que me ensinou. — ela olhou para a vovó de modo angelical, acompanhando um sorriso.

— Lily sempre foi talentosa na cozinha, desde menina, ela sempre me ajudava, fazia bolos, biscoitos e um lombo delicioso. O talento é todo dela. — respondeu vovó.

Tio Brian encarou a tia Katy nos olhos:

— Você bem que poderia aprender a cozinhar assim, a sua mãe não te ensinou nada não?

— Não, ela até tentou mais eu estava ocupada demais te ensinando a virar homem. — retrucou ela.

Demos risadas do conflito dos dois e atacamos a comida como um predador atrás de sua presa, e de repente, tudo começou a ficar lento, sabe como uma câmera lenta, eu via a troca de sorrisos e olhares dos meus pais, da minha avó com os meus tios e eu bem ali, sentindo algo frio por dentro como uma premonição. De repente me deu uma vontade de chorar. Coloquei a mão no peito e tentei me controlar.

— O que foi filha? Parece estranha. — indagou meu pai.

— Não, eu estou bem, não se preocupe. — respondi fazendo massagens sobre meu tórax. — É só uma dorzinha, já vai passar.

— Quer algum remédio Michaella? — perguntou minha avó.

— Estou bem, foi só uma dor repentina, acho que exagerei na carne. — dei uma risada.

— Isso que acontece quando se tem uma masterchef em casa. — retrucou tio Brian.

— É, acho que sim.

A dor foi ficando mais forte e um zumbido se instalou no meu ouvido, tudo começou a ficar embaçado, e foi daí que percebi que estava tendo mais uma das minhas quedas de pressão. Eu sempre fui uma menina fraca, sem imunidade, vulnerável para qualquer doença, então era comum eu ter queda de pressão quando eu ficava muito nervosa ou quando eu comia demais, mas nesse caso não era nenhuma das hipóteses, Parecia mais um aviso, uma premonição.

— Michaella, filha. — a voz do meu pai parecia estar longe e tudo o que eu conseguia ver era sua imagem embaçada.

— Eu estou bem, é só mais uma queda de pressão. — respondi com a voz embargada.

— Calma, vou te levar no hospital.

Meu pai me deitou no chão, e minha mãe foi ao meu encontro me aclamar, até que meu pai tirasse o carro da garagem, aos poucos vinha visão foi voltando ao normal e o zumbido já tinha acabado. Consegui me levantar e fiquei sentada na posição fetal.

— Michaella, vamos com você, não se preocupe essas coisas acontecem. — disse minha avó.

— Tudo bem. — concordei com a cabeça.

Meu pai estacionou o carro bem na frente da nossa casa e em seguida me pegou no colo e me colocou no banco de trás, tia Katy e vovó se sentaram ao meu lado e na frente minha mãe ao lado do meu pai. Tio Brian foi de moto nos seguindo. No fundo eu achava desnecessário todos indo comigo, pois sabia que seria o mesmo procedimento de sempre, as enfermeiras mediriam minha pressão arterial e depois me daria um remédio e ficaria tudo bem. Mas vendo eles se preocupando comigo, e estando do meu lado. Só reforça a ideia que erámos uma família unida e que eu amava todos eles.

Estava tudo indo bem, até que me dei conta que não tinha abotoado o cinto de segurança, e temendo uma multa, o coloquei mais tive dificuldades, pois não tinha muito espaço para mim movimentar minha mão por detrás das minhas costas. E foi ai que consegui, meu pai olhou para trás para ver o que estava acontecendo e sem notar, virou um pouco o volante, jogando o carro para a contra mão.

O carro bateu de frente com uma carreta e nesse momento não consegui ver mais nada, nem ouvir e nem me mexer, só via uma camada escura e intensa. Depois de algumas horas, consegui abrir os olhos e lá estava eu, jogada no meio da pista, coberta de sangue, vendo o carro capotado, com os vidros estilhaçados e com meus pais e tia Katy e vovó, dentro dele, todos desacordados.

Minha visão começou a falhar, via flashs do corpo de bombeiros chegando, de algumas pessoas olhando o acontecido, e senti ser carregada e posta em uma maca. Depois disso a camada escura foi surgindo novamente e só conseguia ouvir uma voz grossa ao meu lado.

— Ei mocinha, pode me dizer seu nome?

— Michaella. — respondi com a voz fraca, sem ter ciência de onde eu estava.

— Está sentindo alguma dor?

— Minha cabeça.

Eu sentia umas dores agudas na cabeça e outras no joelho, sentia também minha roupa fria e molhada pelo meu sangue. Eu perguntava pelos meus pais, mas a tal voz não me respondia, insisti na perguntam, e eu só conseguia ouvir um silencio.

— Meu pai, minha mãe...

— Calma, vai ficar tudo bem.

— Porque não consigo enxergar.

— Você bateu com a cabeça muito forte no chão. Isso o que você está sentindo deve ser passageiro, mas não se preocupe.

— Onde eu estou.

— Estamos te levando para o Hospital de Nova York, já é uma sobrevivente, uma vencedora.

Quando ouvi essas palavras, tombei minha cabeça para o lado e deixei minhas lágrimas rolarem, pois eu sabia que não veria mais meus pais, nem minha avó e mais ninguém da família, as únicas pessoas que eu amava mais do que tudo. E agora eu estou cega, cega.

O tempo todo eu me perguntava o que eu tinha feito para ter recebido tal punição, fui lançada para fora do carro e como sequela tive perda da visão e não tinha ninguém com quem ficar. Foi então que a minha ficha caiu aos poucos, eu sabia que não seria mais a mesma, que teria que aprender a viver no escuro, na solidão e sendo visto como uma coitada. Quem um dia foi uma garota feliz.

Esperamos de coração que apreciem a nossa obra.

Adicionem, comentem e votem por favor.

Abraços e beijos, Annie  & Victor. 

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⏰ Letzte Aktualisierung: Aug 19, 2018 ⏰

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