Sigo até meu quarto como uma criança que aprontou uma traquinagem, olhando para o chão o tempo todo. Os soldados seguem em meu encalço até que a porta dos meus aposentos esteja bem fechada.

Jamais sentira algo tão forte quanto o ódio que sinto pelo rei. É como uma erva daninha que se enraizou em meu peito e se alastrou por todos os outros órgãos se tornando vital a minha sobrevivência.

Abro as janelas e sento em minha cama. Primeiro, evoco uma brisa leve. Deixo que ela balance meus cabelos e mova as cortinas. Depois, deixo o vento enfurecido. As venezianas começam a balançar descontroladas e meu quarto começa a virar uma bagunça com poltronas e mesas caídas e vidros quebrados.

O que mais me fascina é a certeza de que aquilo não é o máximo que consigo criar. Concentrando-me um pouco mais, faço chamas brilhantes aparecerem em minhas palmas. Sorrindo, chego à conclusão de que talvez tudo isso não seja uma maldição, mas uma benção. Tanto para minha vida, quanto para todas as vidas que irei salvar.

Permaneço sem alimento ou companhia até a manhã seguinte como o rei ordenara

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Permaneço sem alimento ou companhia até a manhã seguinte como o rei ordenara. Quando Suzi entra em meu quarto, continua parada na entrada analisando a zona de guerra que o cômodo havia se tornado. Eu não havia dormido, passara a noite pensando em como agir sobre todos os acontecimentos ocorridos desde que meus pés tocaram o palácio real. Já não era mais a mesma pessoa e precisava aceitar minha nova forma.

Esperava que Suzi fosse fazer um longo sermão sobre como eu destruíra o quarto inteiro. Entretanto, ela caminha até mim e me envolve em seus braços. Seu toque é um alívio para minha solidão.

-Você está bem, queria? –Suzi pergunta cautelosamente.

-Estou. –Respondo.

Não pareço convencê-la, pois ela insiste para que eu troque de roupa e saia do quarto para fazer o dejejum, já que aquele lugar está uma bagunça. Depois que faço sua vontade, começamos a trilhar por alguns corredores.

-A princesa quer que você tome o café da manhã com ela. –Conta Suzi.

-E o rei permitiu que eu me aproxime dela? –Questiono.

-É claro, você ainda faz parte da família real. É por isso que foi mandada para o quarto e não para a prisão depois do que aconteceu ontem. –Responde.

O quarto andar destinado à família real se parece muito com os demais. Vejo obras de arte, vasos caros e quadros retratando todas as dinastias reais espalhados por todos os lados que não tive a oportunidade de analisar na noite anterior. No fim de um dos corredores, há duas portas, uma em frente a outra. Elas se diferenciam apenas pela coloração, sendo uma branca e a outra marrom. Suzi bate levemente na branca e entra.

-Princesa, eu trouxe o que você pediu. –Ela diz com um largo sorriso.

Braços me rodeiam e sou tragada para dentro do cômodo. Cecília me aperta tanto que fica difícil respirar.

Coroa De Fogo - Livro 1 - Trilogia MestiçosWhere stories live. Discover now