2. ele tem que sair

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     — Para, meu. Pega o telefone, fica de reserva. — Joguei o celular no seu peito, o que fez ele agir rápido e pegar o objeto mesmo não querendo e balançando a cabeça devagar do mesmo jeito que Vênus tinha feito. 

     Ele agradeceu, quieto, ainda olhando para a outra guria, mas colocando o copo dele no bar e passando o número mais recente pro celular dele. Não entendia como que ele conseguia escolher só uma no meio de todas as pessoas que estavam ali, mas ele tinha essas coisas de escolher uma só e tentar ficar com ela por toda a noite se ele pudesse. Era comum nos meus amigos, pensei.

      Virando minha bebida inteira, ignorei ele e fui para a fila de pedidos do bar. Shots era a palavra que repetia dentro da minha cabeça e era exatamente o que eu precisava pra esquecer que estava fedendo a chopp e todas as outras coisas que eu quisesse.

     Pedindo quatro shots e mais uma long neck quando chegou a minha hora, fui para mais perto dos outros dois. Os atendentes já sabiam quem nós éramos, mesmo que eu nunca conseguisse gravar o nome deles, e por nos conhecerem não precisava ficar olhando ou esperando demais. 

     Chamando nossa atenção, o funcionário foi colocando os quatro copos de shot na nossa frente e os enchendo de tequila. Virei os meus dois copos e entreguei o resto para os meus amigos, pegando minha cerveja e indo com a bebida na direção dos dois, brindando. Piscando para eles logo depois de descer o gosto da tequila com a cerveja gelada.

     Pegando meu celular, olhei de novo as horas e por mais que estivesse evitando, comecei a pensar que tinha feito coisa errada. 

      — Acho que eu vou ir. — Disse, deixando a onda de lucidez cair em cima de mim. 

      Os dois me olharam como se eu fosse louco.

     — Mas a gente sempre sai por último! — Luan disse. 

     — Mais um shot então. — Vênus disse, agarrando o meu pulso.

     E eu queria muito mais um shot e terminar aquela cerveja inteira, mas no fundo da minha cabeça uma vozinha ficava falando que era melhor eu ir pra não acabar piorando as coisas. Eu ignorei a voz e escutei a que repetia para eu tomar mais um shot. 

     Ri de novo sem muita vontade e dessa vez nós três fomos para a fila, eu tomando rápido a cerveja que tinha nas minhas mãos e pedindo que o efeito do álcool que eu tinha tomado fizesse algum efeito enquanto Vênus olhava um cara e sua namorada e Luan continuava perseguindo a garota dos cabelos curtos. 

    Eu bebi aquele shot e falei que ia embora, mas passei pelas portas da pista de dança e acabei gastando tempo conforme a batida ensurdecia. Eu pulei, senti o chopp da minha camiseta misturar com o suor e senti as mãos de algumas gurias passando direto na minha barriga, sentindo meus músculos. 

     Era o que eu gostava e sabia fazer, mas quando eu fui embora da pista e fui buscando ar de volta para meus pulmões, as coisas não estavam exatamente ao meu favor. 

      Não que as paredes estivessem girando, mas com certeza estavam caindo de um lado pro outro, enquanto eu caminhava pelo corredor até o meu apartamento. Apoiando uma mão na parede, fui indo e seguindo ela até a minha porta. 

     O bolo das minhas chaves brilhava com a luz automática do corredor e tudo estava claro demais, fazendo com que minhas pálpebras começassem a grudar uma na outra e achar a chave de casa demorasse um pouco, mas ela veio pros meus dedos depois de alguns segundos, minutos. Eu agachei bem devagar para ficar no mesmo nível que a maçaneta e me concentrei em colocar ela no buraco certo. No buraco certo... ha, que ridículo. 

Boa noite, Aquiles ✓Where stories live. Discover now