-Eu vou cuidar de você. Nada de ruim irá lhe acontecer enquanto eu viver. –Promete com os fixos aos meus.
Apenas retribuo seu olhar. Não iria lhe dizer que não preciso de sua proteção. Desde muito pequena, tenho cuidado de mim mesma e isso jamais mudaria, ainda que meu coração estivesse suplicando para aceitar o refúgio oferecido em silêncio por seus olhos. Um suave pigarrear nos traz de volta a realidade e o príncipe aumenta levemente a distância entre nós, continuando a segurar minha mão.
-Alteza, o senhor mandou me chamar? –Pergunta Suzi com uma expressão confusa no rosto.
-Sim, Suzi. Entre. –Responde o príncipe.
Ele volta até sua poltrona e se senta. Suzi me lança mais um de seus conhecidos olhares questionadores, mas dessa vez não poderia sanar suas dúvidas. Já possuía questões suficientes bagunçando minha própria mente.
-Preciso que você prepare a Scarlett para a chegada ao palácio. Ela precisa estar à altura de um encontro com o rei. Tenho certeza de que ele vai querer vê-la e se for nos trajes de um soldado vai acreditar que quero confrontá-lo. –Diz o príncipe.
-E essa criatura teimosa irá aceitar que a preparemos, Alteza? –Suzi pergunta com os olhos pregados em mim.
-Irá, sim. Não é mesmo, criatura teimosa? –Ele fala com um sorriso nos lábios.
-Se essa é a única opção de permanecer com minha cabeça presa ao pescoço, não seria sensato recusar. –Digo revirando os olhos para Suzi.
-Oh, pelos céus, como você consegue falar tanta besteira, menina?! –Ela exclama.
-É mais um dos inúmeros dons com o qual fui agraciada, Suzi. –Falo fazendo o príncipe soltar uma risada.
-Vamos logo Scarlett, antes que mais absurdos escapem da sua boca. –Ela diz e me arrasta até a porta.
Antes de sairmos, Suzi faz uma breve reverência ao príncipe, o que me dá a oportunidade de olhá-lo novamente. Ele pisca apenas um olho para mim e abre um largo sorriso. Instantaneamente, meu rosto enrubesce e sou eu quem reboca Suzi para fora de seu quarto.
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Pela próxima hora, sou esfregada, escovada, massageada e enfeitada por Suzi e outras mulheres. Embora tenha argumentado que poderia cuidar de minha higiene, elas não concordaram. Era como se eu nem estivesse presente. Suzi escolheu um vestido longo e rodado, branco como a neve. Ao insinuar que meu colar ficaria desalinhado ao figurino, apenas afirmei veementemente que não o tiraria. Aquela pequena pedra já fazia parte de mim.
Quando ela me mostra o sapato de salto altíssimo, nego com a cabeça. Meus pés não seriam massacrados. Ela se rende, mas só depois de muita insistência. Elas decidem deixar meu cabelo solto caindo em ondas por minhas costas.
Sinto-me uma boneca em suas mãos e elas parecem apreciar da situação. Depois de me maquiarem, fazem com que eu fique parada no meio do quarto para "admirarem sua obra". Reviro os olhos assim que Suzi profere essas palavras e recebo um sermão sobre boas maneiras em retribuição.
