– Me desculpe por rir, Marco – pediu ela, tentando se recompor. – Mas é que é bem típico da Elisa esse tipo de coisa. Só que eu lhe garanto que não foi por mim que ela descobriu. Eu não sabia de nada, nem tinha ideia de que você pretendia trocar de carro.

Marco analisou a expressão de Morgana atentamente, até que ela parou de se divertir e por fim ficou séria. Focou em seus olhos castanhos e só acreditou em suas palavras quando viu a verdade neles.

Ele era bom em analisar as pessoas. Ou, pelo menos, a maioria das pessoas, corrigiu-se quando a imagem de Elisa veio à sua mente.

Se bem que a própria Morgana lhe parecera um bichinho de pelúcia assim que eles se conheceram. Só após alguns meses convivendo com ela – e sendo alvo de suas artimanhas –, foi que ele reconheceu que sua sócia era uma mulher com garras.

É claro que esta iluminação só me chegou depois da trigésima tortinha de limão que eu paguei para ela.

– Posso contar com você para ser imparcial em relação a este assunto, Morgana? – perguntou ele, preferindo deixar tudo às claras. – Ou você teria de tomar partido? Porque eu sei que vocês são amigas e não quero deixá-la numa posição desconfortável, nem me prejudicar no negócio.

Morgana gostava daquele jeito realista e direto de Marco. Assim que ele entrou para a Brenner e Associados, houve muitas situações em que ela quis lhe esfregar umas verdades na cara, por ele achar que ela era jovem demais e sem experiência. No entanto, com o passar do tempo, Marco foi reconhecendo que havia se equivocado e, aos poucos, os dois começaram a se entender melhor.

Ainda mais quando ele era tão receptivo a aliviar a própria consciência submetendo-se a um eterno suborno.

Tortinhas de limão: ontem, hoje e sempre!

Além disso, era importante que Morgana e Marco tivessem um bom convívio. Assim como ela, ele era um dos sócios do escritório, o que se podia considerar praticamente um casamento, e os dois também se descobriram com muitos amigos em comum, incluindo o namorado dela, Sandro.

Apoiar Marco ou Elisa? Como decidir?, perguntou-se Morgana já sentindo o doce sabor da tortinha de limão e do café que tomaria mais tarde.

Resolveu optar pelo mais simples:

– Vou escolher ser imparcial, Marco. A Elisa é minha amiga, mas eu prefiro não me meter na vida de ninguém.

Quando Marco estreitou o olhar, Morgana decidiu se explicar:

– Estou falando sério. Atualmente sou uma nova Morgana, mais sábia, que aposta menos e que entende até que ponto uma amizade pode ser afetada quando há muita intromissão – insistiu ela, lembrando-se do dia em que recebeu aquela lição valiosa.

Aprendeu-a da pior forma, mas era melhor não entrar em detalhes sobre tudo o que aconteceu da última vez em que se viu enrolada num assunto alheio...

Marco a olhou sem acreditar muito em suas palavras. Guilherme lhe contou que ele e Andressa foram alvos de uma aposta¹ feita poucos meses atrás e todos sabiam que Morgana e Sandro haviam enfiado uma colher naquele angu.

Assim como o próprio Marco tinha certeza de que Elisa não havia enfiado só uma colher, mas os dedos, as mãos, os braços e a cara inteira.

No entanto, naquele momento ele não tinha lá muita opção a não ser dar uma chance à colega de escritório. Bem ou mal, Morgana ainda seria melhor fonte de informações sobre Elisa do que Sandro e Guilherme. Ou, pelo menos, seria uma fonte muito mais confiável.

– Bom, Morgana, não vou aborrecê-la com detalhes, mas gostaria de saber se você poderia me dar uma dica de como lidar com a sua amiga.

Morgana fez todo o possível para manter uma expressão séria. A verdade era que não sabia se ria ou sentia pena da ilusão que Marco tinha ao lhe pedir "uma dica".

Meu Adorável Advogado [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now