Cartas- Parte 1

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Oi. Tudo bem? Como estás? Sei o que deves estar a pensar: "Wtf, ela tem  meu número, porque é que está a mandar uma carta?", mas relaxa, nunca chegarás a ler isto.

Tenho umas coisas para te contar. Sim, eu não te ando a contar coisas. Dores. Cicatrizes. Não fiques magoado por eu não te ter dito nada, porque vais saber aqui e agora, e vais entender o porquê de to ter ocultado.

Pois bem, este processo já se tinha passado com o meu ex: escrevia-lhe cartas para conservar o fogo dos sentimentos. Irónico, não?, tendo em conta de que te "juntei" com a tua atual namorada.

Relaxa and chill, porque esta carta não vai ser a primeira de muitas, mas antes a última e também a primeira.

Não sei porque não decidi escrever-te antes, mas agora é o momento de saberes algo.

Desde o primeiro dia em que te conheci, senti algo muito forte e  super especial. Só quem já o sentiu sabe do que estou a falar. Não foste o meu primeiro amor, mas antes o que perdurou até agora.

Desculpa dizer-te assim, mas ao início achei que sentisses o mesmo: sei lá, as video chamadas constantes, a lembrança que me compraste quando foste a Londres, pouco depois de nos termos conhecido, algo me fez pensar que sentias o mesmo. Mas mantinha-me calada. E agora percebo que isso mudou tudo. Sinto-me aliviada e ao mesmo tempo arrependida por isso...

Porque quase sem me aperceber, criei um laço incrível contigo. Tu não és uma pessoa que se abre sem mais nem menos, és alguém que precisa de se certificar que o "confidente" é de confiança. E, pelos vistos, eu passei no teste.

Sinto-me tão grata por ter tido a oportunidade de te dizer que te entendo. Sinto-me grata, mesmo, por te ter conhecido. És uma pessoa incrível, a sério, 5 estrelas, carinhosa, divertida, autista... Mas isso é o que mais admiro em ti...

Não me perguntes como este processo se desenvolveu. Como me apaixonar por uma pessoa que vejo tão poucas pessoas por viver tão longe?

Agora sem rodeios, quando te conheci senti-me atraída por ti: pelo teu olhar, o teu sorriso, a tua gargalhada... Mas, à medida de que o tempo foi passando, fui me apaixonando pelo teu caráter, pela tua bondade, generosidade e honestidade. Pelo poder que tinhas. E é aí que as coisas complicam.

Deves achar que isto não faz mínimo sentido. Pois vou passar a explicar.

Quando tu me perguntaste como se esquece alguém que se ama, o meu mundo caiu, não vou mentir. Chorei até os meus olhos não conseguirem abrir mais. Mas algo me dizia que, por mais que me doesse, tu tinhas de ser feliz. E o facto de me teres confiado o que sentias pela Carolina fez-me sentir tocada até.

Calma. Eu não vou destruir nada. Mas peço que leias a carta até ao fim.

Não, isto não é um brincadeira.

E então chorei nos dois dias seguintes como nunca tinha chorado antes. Chorei nas aulas. Intervalos. Em casa, de noite, antes de dormir.

Não te culpes. Faz parte da vida.

Senti , passado esses dois dias, de que isto não valia a pena. Por isso, passei a animar-me mais e, com o tempo, fui parando de pensar em ti. Aliás, na viagem à Polónia que eu fiz em Abril, conheci um rapaz húngaro e partilhámos de uma "química".

Eras passado. Pelo menos julgava eu.


Cartas para um AlguémWhere stories live. Discover now