Capítulo 01

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Os sonhos são como passagens desejadas, em cada etapa de nossa vida queremos algo diferente, desejamos algo diferente. Anahí cresceu em uma família limitada a brigas, não havia dinheiro, era o básico para o dia a dia, um dos grandes motivos das inúmeras brigas entre os pais, a mãe Patrícia sempre sonhou com mais, sempre desejou muito mais que João Paulo poderia oferecer. O casal se conheceu ainda adolescentes, ela era popular, conhecia a todos da escola, conquistava os garotos apenas pelo olhar, duas grandes esmeraldas. Engravidou cedo e os pais a obrigaram a casar, frustrada descontava tudo no então marido e filha.

João Paulo bem tentou ser um bom marido, um bom pai, mas como dizem por aí, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Não havia como investir em uma relação sem futuro, o jeito era seguir como dava pela filha, o problema é que não dava e nenhum dos dois conseguia enxergar isso.

Patrícia trabalhava em uma empresa publicitária, era recepcionista, conseguiu o cargo com ajuda de uma amiga. Chegava em casa por volta das oito da noite e então enfrentava a rotina de dona do lar, a filha agora já entrando para adolescência era uma menina quieta, sem muitos amigos e isso não a incomodava, quanto mais quieta melhor, não lhe dava trabalho e isso seria uma coisa a menos. João se preocupava demais em colocar o básico em casa, apenas isso também, porque o resto era para gastar no bar, não conseguia ficar em casa com a esposa e filha, chegava do trabalho e nem ao menos passava em casa, era direto para o bar, uma cervejinha para aliviar o estresse, mas ninguém pensava em como aliviar o estresse da filha Anahí que acompanhava a situação dos dois de forma precária e solitária.

A festa rolava, parecia que tudo estava perfeito, Anahí estava feliz pela primeira vez. Havia ganhado a oportunidade de ter sua festa de quinze anos e surpreendentemente a mãe aceitou não gastar com outra coisa. Muitas pessoas rindo, a bebida era servida sem reservas, não era uma festa glamorosa, era uma festa simples em um salão alugado do bairro, mas Anahí fez questão de transformar a festa em uma grande oportunidade de vida social, havia convidado as meninas mais populares do colégio, os meninos que ela admirava, os poucos amigos e familiares que nem sempre estavam dispostos a lhe dar atenção, naquele dia ela era o centro de todas as atenções.

Infelizmente, ou felizmente isso acabou antes mesmo dos parabéns. Uma grande muvuca se formou no fundo do salão, pessoas gritavam, outras tentavam separar o que parecia uma grande briga. Anahí assim como as outras pessoas se aproximaram para saber o que estava acontecendo, a cena era deprimente, a mãe estava com os seios expostos, a pouco roupa que tinha no corpo era as intimas e uma camisa que parecia ser do homem que se engalfinhava com seu pai, a confusão era tão grande que Anahí conseguiu fugir, sua prioridade era um buraco onde pudesse se esconder para sempre, o desespero só não era maior porque ela resolveu não parar para escutar os comentários maldosos, as risadas das meninas do colégio.

A festa acabou, com o fim da festa tudo mudou, eram gritos, palavras duras e tapas, muitas agressões que Anahí presenciou entre os pais. O mundo estava desabando sobre sua cabeça e então dormiu quando achou que não seria necessário nunca mais acordar e no dia seguinte tudo parecia diferente, a mãe nem ao menos se despediu, as marcas disso está tatuada em seu coração de forma permanecente, mas ao menos dessa forma Anahí conseguiu entender de uma forma torturante que realmente não era alguém importante para a própria mãe, a vida segue, difícil seria, mas ela teria que conseguir. O pai lhe deu apoio, aceitou a mudança proposta, pediu transferência de cidade no trabalho que veio dias depois, afinal ninguém queria se mudar para o nada, mas era a cidadezinha do nada que Anahí recomeçaria sem que ninguém conhecesse sua história.

A escola da pequena cidade não era das melhores, as meninas mesmo assim metidas. O primeiro dia um inferno. Não que era já não tivesse consciência que estava bem melhor do que poderia estar na antiga escola.

─ Qual é o seu nome? Fique de pé e se apresente a todos – pediu a professora de Português da turma. Anahí sentiu quando todos se viraram para ela, incluindo Luiza, uma das meninas mais populares da escola.

─ Meu nome é Anahí – respondeu quando já de pé, não queria dizer mais nada, já se curvava para se sentar quando a professora cruzou os braços esperando – Eu... eu vim de outra escola porque meu pai foi transferido de trabalho e ... bem eu tenho quatorze anos – resumiu concluindo ser o suficiente.

─ Sua mãe o que faz? – Questionou Luiza e Anahí a encarou, não queria falar da mãe, para que citar aquela pessoa que não fazia nenhuma falta em sua vida? Que a deixou para viver com um homem? Que a envergonhou na sua festa de quinze anos... ops havia dito que tinha quatorze.

─ Anahí? – Questionou a professora a tirando de seus desesperados pensamentos.

─ Eu... eu me enganei – disparou envergonhada.

─ Se enganou? – Questionou Luiza zombando – Você não falou da sua mãe por um engano? – Todos da sala riram.

─ Não! – Considerou Anahí zangada com a situação – Eu já tenho quinze anos, eu disse quatorze, mas tenho quinze, me enganei porque fiz....

─ A garota não sabe se tem mãe, como poderia saber qual é sua idade – disparou Luiza arrancando a risada de todos mais uma vez.

─ Luiza já chega – pediu a professora. A sala se calou e Luiza continuou a rir baixinho – Tudo bem Anahí, é normal a gente se enganar quando acabamos de completar mais um ano, se sente, vamos começar a aula. – Anahí se sentou e notou alguns alunos ainda rindo de seu grande mico, pelo jeito não havia começado sua nova vida estudantil muito bem.

O colégio não foi algo planejado, mas o padrinho de Anahí, Felipe Prates, colega de trabalho de seu pai fez questão de pensar nisso, acabou conseguindo um dos melhores colégios da pequena cidade, embora fosse um colégio público. A sala onde Anahí foi encaixada havia alguns alunos que embora tivessem o nariz em pé, a situação financeira não estava muito distante da sua. Luiza era o caso mais clássico, a mãe era professora de educação física do local e o pai era dono da pequena padaria da região, os dois poderiam até pagar uma escola para a filha, mas havia o irmão de Luiza, Alfonso precisava de investimento, seria ele o primeiro da família a ir a uma universidade, portanto todas as economias iriam para os estudos do filho e quando ele estivesse bem, pagaria os estudos dos irmãos menores.

Alfonso era um rapaz que todos da cidade poderiam considerar de dupla personalidade, na frente dos pais, o menino responsável e estudioso que se empenhava ao máximo para realizar os sonhos da família, mas longe dos olhos de águia de Ruth e Osmar, o rapaz era terrível. Sua principal atividade com os amigos era o grafite a paredes alheias, seguida de roubos de carros em meio a madrugada, além é claro de conquistar os corações de meninas tolas. Prestes a conquistar dezoito anos queria aproveitar ao máximo seus últimos meses com os amigos, embora fosse terrível, para que os pais não soubessem de nada, as notas eram impecáveis, portanto a universidade era algo certo em sua vida.


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Recomendo a todos que leiam os dados do meu perfil. Como disse a história postada não é de minha autoria, mas tenho autorização da autora para divulgar, embora ela não queira que eu cite seu nome.

Como citei sou mãe, esposa e empresária, meu tempo é bem escasso e sinceramente quando paro para avaliar o que estou fazendo, a resposta me assusta, então já me adianto em dizer que adorarei ler os comentários, mas não responderei por falta de tempo, um ou outro posso até me arriscar, mas não me comprometo. 

My Perfect BabyWhere stories live. Discover now