É impressionante como isso pode afastar as pessoas de você, como se somente pelo fato de você preferir um bom livro, ao cair na noite para beber, fizesse de você um ser de outro planeta.

— Seu namorado deve me odiar por prendê-la até tarde no escritório — Edward fala olhando diretamente para mim, e mais uma vez tenho a sensação de que ele esta me observando, tentando desvendar algo.

Foi a minha vez de dar risada.

— Bem, talvez ele o odiasse... — concordo. — Mas como eu não tenho um, não vejo problemas — sem conseguir olhar nos olhos dele, fito minhas mãos.

Se ele soubesse a verdade...

Não existe espaço no meu coração para outro homem. Não é uma escolha, é algo que aconteceu sem a minha permissão, sem que eu sequer percebesse o que estava acontecendo.

— Então você esta sozinha? — indaga.

— Sim, estou há algum tempo — dou de ombros bebendo mais um gole de água para tentar acalmar minha tremedeira. Onde é que ele estava querendo chegar com isso?

— Mas você já teve um namorado, então? — pergunta.

— Uma vez. No último ano do colegial, eu e um amigo de infância resolvemos tentar a sorte, mas não deu certo e um pouco antes de eu começar a trabalhar pra você nós nos separamos — explico.

— Porque não deu certo? — quis saber.

Lembrar-me de Riley era sempre algo complicado.

Eu não queria magoá-lo, mas também não podia enganá-lo. Sinto falta do meu amigo, mas ele queria algo que eu não podia dar e ficar com ele significava ser infeliz e fazê-lo infeliz.

— Riley queria mais do que eu podia oferecer a ele. Eu estava no primeiro ano de faculdade quando ele me pediu em casamento. Ele havia recebido uma proposta irrecusável para trabalhar na Inglaterra e queria que eu fosse com ele, queria construir uma vida e uma família ao meu lado. Eu estava com medo de machucá-lo, então pedi um tempo pra pensar — dei um suspiro e continuei: — Depois conclui que eu estaria machucando ele ainda mais se eu não fosse sincera. Não era justo com ele. Eu disse não ao pedido de casamento e nós nos separamos. Essa é a história.

— Então você estava com medo de compromisso? — questiona olhando seriamente para mim.

— Não, não era isso — respondo. — Ele queria algo a mais que eu jamais poderia dar a ele.

— O que é?

— Amor — sussurro, fitando o bordado da toalha de mesa. — Simplesmente amor de uma mulher por um homem. Eu não o amava e ele sabia disso.

— Sarah, você ainda é tão jovem... será que não foi por isso que não deu certo? — questiona, e quando olho para ele percebo que seus pensamentos estão tão distantes quanto os meus.

— Não, não foi por causa disso — respondo convicta do que estou falando. — Não era ele que eu estava destinada a amar, acho que assim posso dizer — dei um meio sorriso tentando disfarçar a pontada de dor que toma conta de mim.

Eu estava falando com o homem que eu amava sobre amor. Um homem que sendo meu chefe ou não, jamais iria retribuir o que eu sentia por ele. Havia alguma maneira daquilo se tornar ainda mais doloroso?

— E você já encontrou essa pessoa que você esta destinada a amar? — sua voz não passava de um sussurro no ar. Olho para Edward que me fita seriamente, aguardando uma resposta.

— Não, eu não encontrei — minto olhando para baixo. Eu não conseguia olhar nos olhos dele.

Sinto o sangue correr mais rápido sob as minhas veias com o aperto que se alastra por meu peito.

Te Amarei em Silêncio (Amostra)Where stories live. Discover now