Otabek iria dizer algumas palavras para acalmá-la, mas parou. Aquilo vinha acontecendo muitas vezes?Mesmo sem estímulos? Uma informação como essa poderia não lhe servir de nada, a não ser que...


— Senhora James, as agressões que seu marido cometia contra você eram somente físicas, certo? — Indagou, levantando de leve uma das sobrancelhas.


Vira o rosto redondo da ômega adquirir uma cor pálida, seu cheiro indicava apreensão.


Casos de ômegas marcados eram complicados. Ainda que o alpha fizesse as maiores atrocidades, alguns preferiam omitir certos detalhes na esperança de "protegê-los". Ninguém poderia culpá-los, a ligação do vínculo era forte demais, e piorava com casais juntos há muito tempo.


Se estivesse certo, aquela alteração repentina nos feromônios ia muito além do que um simples problema nas glândulas.


Algumas lágrimas escorreram pelas bochechas gordinhas da mulher, acertara na mosca.


— E-Eu... — Soluçou. — Eu não queria...


— Se acalme — Segurou uma de suas mãos, na intenção de tranquiliza-la. — Você é a vítima aqui. Nada do que aconteceu foi sua culpa, mas eu preciso que seja sincera comigo. Se quer que aquele homem pague pelo o que te fez, precisa me contar tudo com os mínimos detalhes, nada deve passar batido. Me responda: Ele somente cometeu agressões físicas?

Elizabeth respirou fundo, sua expressão se tornando mais calma, porém, ainda tensa.

— Não... — Respondeu, a voz já baixa soando ainda mais inaudível.

— Seu marido já a induziu a entrar no cio contra sua vontade? — Perguntou, vendo a mesma estremecer.


— S-Sim...


— Quantas vezes isso aconteceu? — Anotava tudo em seu bloco de notas.


— Muitas vezes, mais do que posso contar. Em praticamente toda briga que tínhamos ele forçava sua presença em mim, eu entrava no cio e... Bem... Você deve presumir o que acontecia — Terminou, voltando a chorar baixinho.


Otabek voltara a consolá-la. O assunto era ainda mais delicado e, ao mesmo tempo em que isso o ajudava a ter mais motivos para prender aquele criminoso, se sentia de coração partido pela situação.


— Escute... Está tudo bem. Meu objetivo é ajudar você a prender esse canalha, e não vou descansar até ele pagar pelo o que lhe fez.


— Me desculpe, você está sendo tão bom comigo e eu nem consigo te relatar tudo o que aconteceu sem começar a chorar — Levou os dedos até os olhos marejados, enxugando-os.


— Por favor, não se desculpe sobre isso. Aliás, você acabou de revelar algo que deixara nossa situação mais favorável perante a corte.


— Como assim? — Questionou a ômega, encarando-o de forma confusa.


— Escute, já ouviu falar em Hans Voyer — Perguntou, vendo a ômega balançar a cabeça em negação. — Ele era um omegalogista, brilhante por sinal. Voyer descobriu que o sistema reprodutor de um ômega era completamente afetado após uma série de cios induzidos à força. Os cios naturais começavam a vir completamente desregulados, assim como a produção de feromônios. Às vezes o ômega poderia estar completamente controlado, livre de qualquer influência e seu cheiro ainda seria liberado de maneira compulsória, sem que pudesse contê-lo.

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