Capítulo 3

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Por Sam

"Vamos acorde, ou vai ficar sem o jantar."_ abro os olhos assustada, olho ao redor e somente a luz ligada da claridade ao quarto, pela janela está bem escuro lá fora. Dormi demais. O encapuzado(1) coloca a comida na minha frente e saí trancando a porta. Sento no colchão e vejo minha bolsa que levei para a festa no chão, abro a mesma encontrando somente minha identidade e celular totalmente destruído. Ótimo! Como o jantar e ele entra no quarto.

"Porque destruíram meu celular? Que eu saiba dinheiro não caí do céu!"_ falo enquanto ele recolhe o prato.

"Acha mesmo que deixaríamos ele intacto? No mesmo dia que te trouxemos para cá, eu fiz questão de quebrar ele por inteiro, incluindo o chip. Não somos tão idiotas ao ponto de facilitarmos sua busca. Poderiam bem rastrear o celular."_ diz saindo do quarto e minhas lágrimas voltam com tudo. Não entendo o motivo de eu estar aqui! Tomo um pouco da água que trouxeram mais cedo e me escolho no colchão ainda chorando e soluçando. Tenho que me manter forte! A esperança é a última que morre!

(...)

Vejamos, já faz uma semana que estou aqui. A minha rotina continua a mesma, o que é um completo tédio. Descobri que Lizzy, na verdade se chama Elizabeth, mora nessa casa, não porque quer e sim por ser obrigada, dá pra acreditar? Pois bem, ela me disse que o "Chefão", a contratou como empregada, mas ela não sabia de seu histórico, aceitou o emprego e agora vive aqui. Ela é um amor de pessoa comigo, ao contrário "dele" e seus capangas. Também descobri o porquê de estar aqui. Me disseram que quando eu os "flagrei" tentando invadir a faculdade, ele ainda estava sem seu disfarce no rosto, e alegam que eu o vi. O que é uma total mentira, pois eu estava meio bêbada e não consegui ver nada. Mas mesmo assim, acham que eu estou mentindo e que se eles me soltassem iria correndo pra delegacia e fizer minha queixa. O que de certo modo é verdade, mas não irei falar isso para eles. Não estou afim de morrer. E enquanto ninguém descobre onde estou, fico trancafiada nesse cubículo! Barulhos de passos do outro lado da porta me desperta desses pensamentos. Me levanto e me aproximo da porta, a fim de escutar alguma coisa. Alguém tenta a abrir, mas sem sucesso.

"Vamos ter que fumar em outro lugar. O chefão trancou o quartinho."_ fala uma voz masculina.

"Cadê a sua chave reserva?"_ outra voz um pouco mais grossa, pergunta.

"Faz quase uma semana que ele recolheu. Agora não sei o porquê. Parem de fazer perguntas e vamos para outro lugar, seus viados._ a primeira voz diz novamente.

"Tá estranhando a gente? Vamos logo, daqui a pouco temos que ir embora."_ uma terceira voz diz e então os passos vão se afastando. Fiquei sem entender aquilo tudo, serão outros encapuzados? Me sento no colchão de novo e minutos mais tarde a porta é aberta.

"Como está minha filha?"_ pergunta Lizzy quando entra no quarto.

"Na mesma."_ dou um sorriso forçado.

"Venha para você tomar um banho. Logo eles vem trazer seu jantar."_ ela me ajuda a levantar e vamos até o banheiro. Assim que volto pro quarto, outro encapuzado (3) está a minha espera com um prato. Lizzy se despede de mim com um beijo na testa e saí. Me sento no colchão, ele me entrega o prato, saí do quarto e começo a comer. Pelo menos não vou ficar desnutrida aqui!

"Vocês são quantos no total?"_ pergunto quando ele entra no quarto.

"Porque quer saber?"_ me rebate com outra pergunta.

"Acho que pelo menos isso devo saber, já que provavelmente não vou sair daqui tão cedo."_ ele me encara e hesitante responde.

"Somos no total de cinco."_ iria fazer outra pergunta, mas ele me interrompe._ "Não faça mais perguntas. Algumas não poderei te responder. E antes que tente fugir, colocamos um dos nossos para vigiar a porta."_ fala e saí. Ótimo! Justo agora que estava pensando nessa possibilidade, me vem essa! Fico encarando a janela, mesmo que seja pequena dá para ver o céu estrelado. O que eu não faria para voltar no tempo, não ir naquela festa e ficar quietinha assistindo minha Netflix!? As coisas seriam totalmente diferentes! Suspiro pesadamente, faço um coque bagunçado em meus cabelos que hoje estão lisos, pelo menos eles estão contribuindo comigo, e continuo encarando o pequeno céu estrelado. Minhas pálpebras começam a pesar, deito no colchão e me entrego ao sono. (...) No meio da noite, uma conversa um pouco baixa me desperta. Levanto e vou até a porta colando meu ouvido. Sou muito curiosa!

"Porque essa porta está fechada?"_ fala uma voz que me parece familiar.

"Não devo falar isso para você! Se quiser saber pergunte ao seu pai!"_ o que?

"Não o chamo assim!"_ fala com a voz transbordando raiva.

"Como quiser. Mas não vou te falar nada!_ passos duros são ouvidos até tudo ficar em silêncio. Se antes estava sem entender nada, agora estou mais perdida que cego em tiroteio! Depois de algum tempo, consigo pegar no sono novamente.

Por Lucy

Depois de tentarem inúmeras vezes rastrear o celular de Sam, e não conseguirem, estão tentando achar outra forma de resgatar lá e tento contribuir com tudo que posso. Nem preciso dizer, que durante essa uma semana que passou desde que tudo aconteceu, tia Maggie está desesperada, inclusive eu e Alan. Nossas vidas estão de ponta a cabeça. É impossível imaginar o que ela pode estar passando, na mão daqueles bandidos. Mas, ainda resta esperança em acha-lá. No momento estou em meu quarto, transbordando em lágrimas, com uma foto minha e de Sam em mãos. Lembro do seu sorriso, seu modo de discordar das coisas que falo, o seu olhar mortal quando apronto... Tantas coisas boas dela que me fazem ficar triste, nesse momento tão delicado. "Lucy, não fique assim, você tem que se manter forte por Sam."_ olho para cima vendo Alan com um sorriso confortador, mas em seus olhos é possível ver a tristeza. Estendo minha mão para ele o puxando para um abraço.

"Estou tentando Alan. Mas é tudo tão difícil. A culpa está me dominando."_ falo soluçando e ele me aperta mais fazendo carinho em meus cabelos.

"Descanse um pouco. Qual foi a última vez, que você dormiu mais de sete horas de prazo?"_ preciso descansar mesmo, essa semana meu sono sumiu, o máximo que dormi foram quatro horas de prazo! E mesmo com as aulas na faculdade que são bem cansativas, não consigo dormir mais que isso. Não respondi, então ele me adverte com um olhar sabendo a resposta. Ele pega a foto das minhas mãos, arruma meu travesseiro e pega um cobertor._ "Qualquer coisa é só me ligar que eu venho correndo."_ fala colocando meu celular na cômoda. Assenti, ele me deu um beijo na testa e saiu do quarto.

Alan é o melhor amigo que alguém poderia ter, sempre foi carinhoso e cuidadoso com nós duas. E toda vez que nos sentíamos para baixo, ele dava um jeito de colocar um sorriso em nossos rostos. Esfrego meus olhos e enfim me entrego ao sono, deixando me relaxar por completo.

The Party (PAUSA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora