Capítulo 1

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Por Sam

A claridade incomoda meus olhos, os fecho com força e abro lentamente. A pequena janela da passagem a luz do dia, estou sentada no chão em um canto da parede, minhas mãos doem, desço meu olhar às vendo amarradas, em minha boca está uma fita, minha cabeça lateja, meu corpo todo está dolorido.

O que está acontecendo? É um pesadelo?

E então começo a lembrar momentos vagos do que poderia estar acontecendo. Foi noite passada? Quanto tempo estou aqui? Minha mente não para um segundo sequer. E então o medo se apossa de mim. A festa, bebidas, bandidos... eu fui sequestrada! Essas três palavras fazem com que meus olhos fiquem marejados, o que fizeram comigo? Por qual motivo estou aqui? Então, um click ecoa pelo pequeno ambiente que mais se parece um cubículo. A porta enferrujada começa a se abrir, tento voltar a fechar os olhos e fingir dormir, mas é tarde de mais. A figura encapuzada entra e para a minha frente, só é possível ver seus olhos, nariz e boca, nada mais. Meus olhos continuam marejados, o pavor do desconhecido faz meu corpo tremer.

"Então a bela adormecida resolveu acordar?"_ sua voz faz com que a bile do meu estômago suba até minha garganta, respiro fundo um pouco trêmula e uma lágrima escorre pelos meus olhos._ "Não fique assim querida, não iremos te fazer nenhum mal."_ nojo, é a única coisa que posso sentir ao ouvir tais palavras com a sua voz. Se não queriam me fazer nenhum mal, porque estou aqui? Ele se abaixa fazendo que seu rosto fique poucos centímetros de distância do meu. O cheiro que exala dele, faz minha vontade de vomitar ficar maior. É uma mistura de drogas e bebidas._ "Vamos tirar isso aqui. Quero ouvir a sua voz."_ ele estende a mão e arranca com toda força a fita de minha boca, fazendo novamente meus olhos marejarem e derramarem várias lágrimas._ "Não chore. Aposto que não doeu nada, pois eu não senti."_ gargalha com sua piada de merda. Leva sua mão até minha bochecha e seca as lágrimas. Tenho nojo de seu toque.

"Não encoste em mim."_ falo com a raiva dominando em mim e mordo em sua mão asquerosa, tirando a do contato com minha pele.

"Atrevida você."_ lasca um tapa em meu rosto fazendo o virar. De imediato sinto o ardor em minha bochecha direita. O xingo de todos os nomes possíveis em minha mente. Não serei louca o suficiente para falar, se com apenas uma mordida ele foi capaz de me bater, não quero nem pensar o que aconteceria comigo caso comece o xingar._ "Daqui alguns minutos, algum capanga meu irá trazer água e comida para você, e não ouse fazer nada que eu não faria. Não teremos dó de você."_ ele se levanta indo até a porta, e uma pergunta que não quer calar em minha mente...

"A quanto tempo estou aqui?"_ pergunto com a voz entrecortada, minha garganta está completamente seca. Ele sorri de lado.

"Há dois dias."_ é a única coisa que ele responde antes de sair do "quarto" e trancar a porta. O que me deram para dormir esse tempo todo? Ou melhor, Onde estou exatamente? Não tenho mais lágrimas para chorar, estou completamente desidratada, água e comida é meu único pensamento. O click novamente ecoa pelo quarto. Outro encapuzado de estatura menor entra no quarto, com uma tigela e litro de água, meus olhos chegaram a brilhar, mais logo lembro que se não fosse por eles, nada disso estaria acontecendo. Ele coloca tudo a minha frente e começa a se afastar.

"Tem como você fazer a gentileza de me desamarrar? Não irei dar conta de comer assim."_ levanto um pouco minhas mãos. Ele revira os olhos e começa a tirar as cordas.

"Não tente nenhuma gracinha, ou as coisas não ficaram nada boas para seu lado."_ ele me desamarra e vai até a porta._ "Você tem cinco minutos para comer, irei esperar do lado de fora."_ ele saí do "quarto" e tranca a porta. Pelo menos privacidade para comer, mesmo que sejam poucos minutos. Os cinco minutos se passaram, o encapuzado(2) saiu com a tigela, fechou a porta e fiquei encarando meus pulsos avermelhados. A porta se abre o que faz eu levar um susto por estar distraída, mas dessa vez não é nenhum encapuzado e sim uma senhora com algumas peças de roupas.

"Eu sinto muito pelo que está passando, querida."_ sua voz é doce, daria no máximo 50 anos para ela._ "Me acompanhe, vou te levar até o banheiro para tomar um banho."_ diz simpática. Ela me ajuda a levantar e me leva até um cômodo um pouco mais a frente de onde estou._ "Aqui estão as roupas, vou te esperar do lado de fora."_ assinto e entro no banheiro. Tiro minha roupa, que ainda é a mesma da festa, ligo o chuveiro e entro debaixo da água morna que relaxa todo meu corpo. Como precisava disso! Lavo meus cabelos com os produtos que estavam ali, me esfrego, deixo a água me lavar por inteira e por fim me seco vestindo a roupa um pouco grande mais super confortável. Penteio meus cabelos e saio do banheiro me deparando com a mesma senhora. Olho ao redor e parece que estou em algum tipo de porão caindo aos pedaços._ "Vejo que o banho a relaxou."_ diz sorrindo.

"A senhora não imagina."_ falo e sorrio de lado.

"Por favor, me chame de Lizzy. Não sou igual a eles que fizerem essa barbaridade com você, minha filha."_ ela fala me acompanhando novamente para "meu lugar".

"Oh claro, Lizzy. Me chame de Sam. E, por favor, não deixem que façam mal a mim. Não tenho nada haver com tudo isso."_ ela para me fazendo a encarar, seu olhar é um tanto amoroso.

"Sei disso Sam."_ ela abre a porta e posso ver agora que tem um colchão um pouco surrado no chão._ "Coloquei para você, o chão não é o melhor lugar para se deitar. Agora descanse. Mais tarde volto."_ assinto e ela dá um beijo em minha testa antes de fechar a porta. Deito no colchão macio e enfim meus músculos se relaxam, podendo então desligar minha mente e me entregar ao sono novamente.

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Até o próximo ❤️




The Party (PAUSA)Where stories live. Discover now