Único Capitulo

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 Mais um dia de chuva. Ok, eu moro numa cidade que chove quase sempre nessa estação, mas eu sou cabeça dura e esqueço de levar o guarda-chuva.

Eu pensei em pegar um da empresa mas como eu já tinha descido e era o último a sair, não queria fazer o vigia abrir a empresa tudo de novo.

Não acho que vou tomar tanta chuva até o ponto de ônibus, pensei.

E pensei bem errado.

Não faz nem cinco minutos que sair da empresa e estou aqui tomando a maior chuva esperando o farol para atravessar, segurando minha bolsa em cima da minha cabeça como se resolvesse algo.

– Quer uma ajuda? – escutei uma voz, logo após sentir que algo bloqueava a chuva em cima de mim

– Ahh...Er...obrigado

– Esse guarda-chuva é enorme, cabe nos dois. – o estranho falou – Onde você está indo?

– No ponto de ônibus em frente a cafeteria na próxima rua

– Ótimo, eu também!

Não sei de onde apareceu aquele homem mas eu estava agradecendo mentalmente por isso. Ele não falou mais nada, seguimos até o ponto de ônibus em silêncio. Eu não queria ficar encarando muito ele pra não parecer estranho, mas só o pouco que eu vi já gostei. Ele era da minha altura, cabelos castanhos, um olhar que chamava minha atenção e muito lindo.

– Pronto! – ele disse quando chegamos no ponto de ônibus – Você já tá todo molhado, acho que cheguei tarde

– Você não poderia está na melhor hora e melhor lugar como hoje. – comentei rindo e meio nervoso porque, sem querer, parecia uma cantada

– Vai ver que era destino te encontrar hoje.

– Não sou de acreditar em destino, mas---

– Fica com o guarda-chuva – ele disse apressado, me entregando e chamando um táxi que passava na hora – depois você me devolve, ok?

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, ele foi embora. Como que eu ia devolver um guarda-chuva para alguém que eu não sabia onde morava, trabalhava ou pior, nem o nome eu sabia. Depois de um tempo o meu ônibus passou e eu me sentia muito mal entrando nele todo molhado e com um guarda-chuva na mão, acho que as pessoas pensavam "que burro, sabe nem usar".

Fiquei pensando sobre o moço desconhecido, eu não tinha nenhuma informação sobre ele além do sorriso bonito que eu tinha decorado muito bem.

Investiguei o guarda-chuva atrás de alguma informação ou sinal que eu poderia descobrir de quem era, mas, mesmo assim, nada.

– Bem, vai que ele aparece de novo na minha frente já que ele disse que é "destino" né – comentei alto em tom de deboche o que fez uma idosa do banco do lado me olhar estranho e trocar de banco.

No dia seguinte, eu coloquei o guarda-chuva na minha mochila, esperando que fosse encontrar ele novamente, mas sem nenhum sinal. E repeti isso durantes vários dias, apenas esperando ele aparecer de repente ou no farol ou no ponto de ônibus. Mas ele nunca apareceu. Tinha dias que eu decidia ficar até mais tarde na empresa, só pra ir no mesmo horário daquele dia e talvez encontrar ele, mas também não funcionou.

Eu estava começando acreditar que esse cara nunca existiu.

E eu nem podia descrever ele pra alguém, porque no máximo falaria "alto, cabelo castanho, com um sorriso angelical e uma voz maravilhosa", fica difícil as pessoas adivinharem quem é.

Passou duas semanas e eu tinha desistido disso.

Uma noite eu sairia mais uma vez depois do meu horário na empresa, mas agora por excesso de trabalho e não porque estava enrolando, e como estava chovendo, minha amiga pegou o guarda-chuva emprestado. Eu tinha esquecido por um momento que ele não era meu.

Duas horas depois, já não chovia mais e, novamente, eu era o último da empresa a sair. Um dia o vigia vai me chamar pra dormir aqui ou me dá a chave, eu tenho certeza disso.

Eu estava chegando próximo do farol para atravessar a rua e vi o famoso desconhecido, praticamente quase corri atrás dele até lembrar que o guarda-chuva não estava mais comigo. Automaticamente pulei atrás de uma das caçambas de lixo da rua, me escondendo. Eu acho que eu fiz barulho, então eu torci pra ele não verificar e me vê nessa situação vergonhosa.

Se existe isso de destino, que droga é essa que faz ele aparecer logo no dia que eu estava sem o guarda-chuva? Como que vou encontrar esse homem de novo?

Ainda abaixado na rua, conseguia ver ele atravessando a rua, então demorei mais ou menos uma meia hora naquele local até me levantar e ir ao ponto de ônibus.

Uma mulher perguntou se eu estava bem, eu tive que inventar que estava amarrando meu sapato. Por meia hora. Kwangmin, você é uma vergonha.

No dia seguinte, após a minha amiga me devolver e eu querer bater nela com esse mesmo guarda-chuva, eu tentei encontrar ele novamente, mas lógico, eu não encontrei.

Eu sabia que não veria mais ele. Já fazia mais de três semanas desde da última vez que o vi, e já tinha desistido de procurar. Mas o guarda-chuva continuava na minha mochila.

– Você viu? – comentou uma das mulheres que trabalha comigo, sentando em cima da minha mesa sem nenhum pedido ou consentimento meu, mas eu não prestei atenção ainda olhando para os papéis que estavam na minha frente

– Eu vi muitas coisas hoje

– E uma delas é sobre a nossa empresa concorrente ter ido a falência?

– Onde você viu isso?

– No noticiário, alias nosso chefe disse que alguns dos funcionários de lá mandaram currículo pra cá e que temos que receber eles para entrevista.

– Ah não, eles são ridículos, já briguei com vários de lá por telefone, eu estou dispensando.

– Tem um pra sua área, ele pediu pra você entrevistar e vê se pode ficar como seu assistente.

– Eu vou fingir que entrevistei e dispensar.

– Bem, faça logo, porque ele já está aqui fora, esperando você. Vou pedir pra ele entrar – ela desceu da minha mesa me mandando beijos de longe

Eu estava sem paciência pra entrevistar qualquer pessoa independente do currículo dele, então eu faria isso o mais rápido possível.

A pessoa bateu na porta pedindo licença e eu confirmei sem tirar os olhos dos papéis que eu estava trabalhando, até colocarem um papel na minha frente, de um currículo que dizia Yook Sungjae.

– E você disse que não acreditava em destino – aquela frase me chamou atenção o que fez eu olhar pra cima e vê o tal estranho do guarda-chuva na minha frente – Eu achei que nunca mais veria meu guarda-chuva.

Eu acho que preciso começar a acreditar em destino.  

RainWhere stories live. Discover now