– O povo do Leste não é responsabilidade minha. – Rhys rosna. Permaneço em alerta enquanto o comandante ri com escárnio.

— Eu sei do que falam de você pelos outros territórios: Monstro, sanguinário... — O comandante continua, e por um minuto me distraio, me lembrando daquela noite que Rhys e eu estávamos sobre o teto do carro, e ele dissera que não se importava que os outros acreditassem que ele era um monstro. Desde que eu não acreditasse. — Mas nós sabemos que agora você tem um ponto muito fraco. — Ele direciona o olhar pesado a mim. Rhys ri do meu lado.

— Está enganado se pensa que minha parceira é um ponto fraco. Ela pode te derrubar antes que você solte o veneno que estiver preso em sua garganta. Um ponto forte seria mais adequado de se dizer. — Não deixo que a importância daquelas palavras abale minha expressão fria.

— Você sempre foi o que mais odiei, Rhydian. — O comandante arrasta um pé distraído na areia e eu arqueio as sobrancelhas ao ouvir o nome inteiro de Rhys. — A verdade é que você é fraco, e um líder de merda. — Ele olhou para mim. — Nem sequer cumpriu sua missão, é ainda mais fraco do que presumi. Esse território já foi alguma coisa quando Kasie estava aqui, e você faz vergonha ao nome dela como filho, como líder. Posso jurar que ela, de fato, escolheria morrer do que ver o que você fez com o legado dela, e...

Paro de ouvir quando explodo. Nem mesmo eu sei como, mas em segundos estou grunhindo e atacando aquele homem pútrido de palavras. Avanço com tudo em sua direção, sacando as espadas em um milésimo de segundo. Ele se assusta com os olhos arregalados, e minha espada só não lhe arranca a cabeça porque outra surge no caminho.

O covarde vai para trás do baixinho que luta comigo. Pelo canto do olho Rhys já está impedindo os outros dois de avançarem até mim. O ódio me cega. Cada gota de sangue está fervendo, me levando à loucura fria e cruel. Quente e perversa.

Com menos de cinco golpes eu desarmo o homem baixo e o empurro para longe. O comandante me olha com horror, a espada em mãos, mas está trêmulo ao ver minha expressão sedenta e neurótica. Antes que eu chegue até ele, outro me intercepta. Rhys ainda lutava com o homem musculoso.

O comandante escondido atrás do homem alto estabelece uma distância segura. Mas não será suficiente, nada será suficiente para me impedir agora. Me esquivo de um golpe fatal e passo por trás do homem, lhe dando um soco na nuca que o faz cair quase inconsciente, e então, lanço um olhar quase doentio para o comandante.

Ele está boquiaberto, os olhos ainda arregalados. Travo uma luta com ele, mas minha adrenalina é mais rápida, meus golpes são mais fortes, eu estou cega de ódio. Não enxergo nada além de seu rosto e minha lâmina, não me importo com o sangue que irei derramar. Ele está tenso, não consegue fazer uma boa luta, está perdendo.

Bloqueio um golpe por cima com uma de minhas espadas e lhe atinjo forte com o cotovelo no queixo. Ele cambaleia para trás, tonto, e cai largando a espada. Paro com os pés de cada lado de seu corpo, ofegante, suando. Os outros me encaram assustados.

Rhys dá alguns passos em minha direção, devagar. Ninguém esboça nenhuma reação. Minha espada está sobre o peito do comandante covarde.

– Chloe. – Rhydian diz, cauteloso. Meu sangue ainda ferve, sinto meu coração bater forte contra as costelas. Quero cravar minha espada e espalhar o sangue daquele comandante na neve. Rhys balança a cabeça negativamente, como se lesse meus pensamentos, então discretamente passa os dedos em seu pingente semelhante ao meu, me encarando intensamente. – Não faça isso.

Permito que a névoa de fúria se abaixe e olho para o covarde abaixo de mim com a expressão ainda mortal. Ele estremece. Não queria causar problemas para Rhys, dos quais não sei as consequências, então respiro fundo, me acalmando.

Floresta do SulWhere stories live. Discover now