Capítulo XXVI

Magsimula sa umpisa
                                    

– Guardamos comida para você, está na bancada lá dentro.

Vou até o cômodo adjacente e pego pão, suco e uma maçã, antes de voltar e me sentar no banco grande. Elas largam algumas tigelas na pia do outro cômodo e se sentam comigo.

– Rhys pediu para avisar que iria te dar folga hoje. – Selena diz, comendo uma uva que estava largada na mesa.

– Acho que me atrasei.

– É. – Laurien ri. – Então, como foi?

Conto a elas sobre a peça, sobre a mulher que quase me descobrira, sobre as cadeiras no alto e até sobre a escalada de volta para cá. Elas ouvem tudo com atenção e curiosidade, mas no final, apenas suspiram.

– Não fique pensando naquela cadeira para você, não te mereciam lá. – Selena diz fazendo careta.

– Eu apenas acho estranho... – Me lembro de que aquela palavra tem muito mais significado para mim e corrijo, sem querer envolver ela com nada que tenha a ver com o castelo. – Quero dizer, acho... curioso eles terem colocado aquela cadeira para mim logo que fui para o palácio, então planejavam me levar à uma peça. Mas eles não mandaram os guardas para me buscar...

Elas se entreolham, uma mensagem silenciosa passa por elas, então se levantam e voltam a recolher os pratos. Enfio o último pedaço do pão na boca e começo a ajudá-las.

– Não fique pensando nisto, Chloe, talvez seja... melhor esquecer tudo aquilo. Acredito que esteja bem com Rhys agora, e sugiro que aproveite. A vida aqui na floresta nunca é certa e definitiva... – Laurien me lança um olhar amistoso e, ao mesmo tempo, triste. – Queria poder lhe contar mais segredos, mas não posso.

***

—Você acha que a mulher do teatro desconfiou de algo? — Pergunto a Rhys quando estamos deitados na cama, tarde da noite.

— Não, ela nem mesmo te viu. — Responde tranquilo e eu assinto, e começo a desenhar círculos imaginários em seu peito. Ele sorri para mim.

– Sabe, eu posso fazer uma tatuagem aí, com círculos de todos os tamanhos. – Rio baixo, mas continuo meu alheamento.

Ficamos em um silêncio agradável por alguns minutos até que um daqueles sons fantasmagóricos produzido pelo vento soa alto demais e a porta do quarto bate com força.

Grito e me agarro a Rhys. Ele me aperta forte contra si.

– Tudo bem, é só aquele pequeno espaço da janela que deixamos aberta. – Ele estica um dos braços longos e fortes e bate a janela. – Não vai mais incomodar você.

Ele volta a me aninhar em seu peito, me cobrindo até os ombros, os braços musculosos e protetores ao meu redor. E então solta uma risada baixinha.

– Você é uma peça engraçada e rara.

– Por quê?

– Não tem medo de enfrentar Legionários do Norte em uma colina, não tem medo de dormir em uma floresta ou em uma caverna, mas tem medo de sons do vento.

– Não é bem medo. – Como que para me contrariar, aquele som horrível soa de novo e não consigo reprimir o tremor. Rhys ri. – Apenas... Bom, é um som assustador.

– De fato. — Ele faz uma pausa. — Mas para alguém que entrou na floresta noturna com uma lanterna de brinquedo...

Reviro os olhos sorrindo lhe empurro de leve com o cotovelo.

— Acredite se quiser, eu não sabia que era de brinquedo. Funcionava como uma lanterna comum. — Ele riu, me roubando um beijo suave.

— Você teria ido mesmo que soubesse que era de brinquedo. — Não era uma pergunta.

— Não posso negar. — Ele riu e se inclinou de novo.

Desejei ter mais dias como aquele enquanto Rhys continuava me beijando. Ter mais dias calmos, em que podemos brincar e relembrar coisas que no início eram irrelevantes. Desejei poder acordar todos os dias ao seu lado, conversando, rindo. Uma vida comum, um casal feliz e apaixonado que iam em teatros e faziam piqueniques em lugares bonitos da floresta. Que, quem sabe, um dia tenham uma casa bonita, em algum canto ali, do sul. Que ouvem um ao outro e se apoiam, que vão à Festas de Inverno e fazem amor em edredons, que brincam com borboletas da Grande Árvore. Que sorriem um para o outro e juram estar juntos sempre, e que se amam. Que treina o outro para que se sinta seguro de que tal estará protegido.

Desejei que as estações continuassem passando, enquanto continuávamos a reconhecer apenas nosso amor e ignorar todos os milhares de problemas ao redor. Que as patrulhas fossem calmas todos os dias, abrindo espaço para beijos apaixonados a cada cinco minutos. Desejei ainda mais que Rhys fosse feliz. Pois ele merecia, merecia ser feliz e pleno, pelo resto da vida.

E enquanto ele dizia mais uma vez, em meus lábios, que me amava, jurei não deixar nada mais o magoar. Pois ele era uma das melhores pessoas que alguém poderia conhecer. Rhys não merecia que ninguém nem, sequer, o olhasse torto. Ele havia um coração enorme, colocava os sentimentos dos outros acima dos seus e amava, incondicionalmente. Assim como eu. E prometi a mim mesmo que sempre seríamos um só, não importava o que acontecesse.

Acabo adormecendo em seus braços, pouco tempo depois, e tenho um sonho bom em que estamos em uma colina repleta de flores, observando o sol se pôr e o horizonte banhado de dourado.

Floresta do SulTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon