E ele, é claro, estava certo em suas previsões, porque, dois anos depois, um Harry ofegante com a gravata colorida em amarelo e preto pendurada em seu pescoço percorria os corredores das masmorras segurando a sua mão com firmeza. Ele tinha um plano, mas Louis não fazia ideia do que poderia ser. Para ser honesto, o estudante da Gryffindor nunca gostou de andar por aqueles lugares, abrindo pequenas exceções apenas para as inevitáveis aulas de Poções com o professor Slughorn.

"H, me desculpa, mas eu não vou entrar aí."

Harry, ignorando seu protesto como se fosse apenas um Pirraça o irritando, abanou a mão direita no ar ao que resmungava a senha que abria o portal para a sala comunal da Slytherin, empurrando o outro rapaz consigo. Nem parecia que ele tinha apenas treze anos, ou que aquele não era algum lugar seguro para ele, seu ar confiante transformando-o no que ele bem entendesse.

"Você não saberá qual é a surpresa se não entrar, Lou. São só alguns minutos, ninguém vai te arrancar pedaço!"

Louis não acreditava muito em Harry, pois aqueles olhares de soslaio diziam exatamente o contrário. Caretas desgostosas tomaram as feições que ele não tinha certeza se podiam sorrir ou expressar algum sentimento que não fosse de pleno desagrado, todos direcionados para ele. O fato de Harry ser um nascido trouxa tinha sido ofuscado pelas cores vibrantes de seu uniforme na véspera da final do campeonato entre casas. Muita coisa, no entanto, deixou de importar quando a porta do dormitório que Harry escolheu invadir se fechou atrás dele, porque havia um cachorro espalhado pela cama, que dormia como se sua existência naquele lugar não fosse, no mínimo, advertida.

"Ele se chama Orion. Como a constelação. Eu não sei, acho que combina com ele."

A vontade que Louis tinha naquele momento era de revirar os olhos exageradamente e bater bem forte na cabeça de Harry. Forte o suficiente para que seu cérebro funcionasse e ele desse conta do quão arriscado era ter um animal proibido naquele lugar; não somente pelas regras regidas pelo diretor Dumbledore, mas, principalmente, por conta da guerra que ecoava através dos olhares receosos dos estudantes e preocupados de cada funcionário, mostrando-se poderosa e assustadora. Mas... Sendo muito honesto, quem resistia àquelas bochechas coradas com covinhas e olhos verdes espremidos demonstrando uma felicidade genuína quando o focinho úmido do animal de pelo negro tentava ganhar um carinho dele?!

Louis quem não era.

"Hum. Eu acho que ele pode me arrancar um pedaço, se ele quiser, sim."

Louis não entendeu o motivo. O motivo da risada aliviada e exagerada de Harry, tampouco a razão pela qual seu coração pareceu derreter entre suas costelas e chegar numa velocidade impressionante até seu estômago; morno e gelado ao mesmo tempo, fazendo sua barriga doer. Também não entendeu o porquê de aquilo não sair da sua cabeça, pois, por muito tempo, aquela confusão em seu interior era a única coisa que ele conseguia se concentrar.

Ele acabou ficando sem entender por um ano inteiro, experimentando sensações estranhas e engraçadas, as reações de seus órgãos, mãos e fala que pareciam operar involuntariamente quando ele estava na presença de Harry. Era engraçado, estranho, inconveniente, frustrante. Louis achou que nunca fosse entender, até que, em seu sexto ano, em uma aula bem dinâmica do Professor Slughorn, ele teve sua primeira lição sobre a poção do amor mais poderosa já preparada.

E tudo ficou óbvio demais, porque, quando o caldeirão que carregava a Amortentia foi aberto, seus sentidos foram tomados pelo cheiro de cachos marrons macios, uniforme amarelo e preto largados e pele repleta de estrelas que precisavam ser ligadas por seus dedos para formarem as inúmeras constelações que ele imaginava nela.

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