Infinito amore

545 55 13
                                    

Estava na última volta, sentia que podia até sair do chão na próxima curva, que era a mais rápida do campeonato árabe. Dubai era linda a mais de 300Km por hora, eu amava isso. A velocidade.

Ouvia os gritos histéricos dos meus fãs e dos outros corredores, meus adversários, na verdade uns coitados já que eu estava a quase uma volta na frente deles. Sorri ao pensar nisso, o campeonato é meu! Em alguns minutos eu vou ser o mais novo vencedor do campeonato mundial de motovelocidade! Mal podia acreditar e ainda num dos lugares mais lindos do mundo...

Fiz a curva sentindo minha panturrilha raspar de leve no chão da pista, muitos raspavam pesado sem conseguir controlar seu peso, mas não eu Guilhermo Máximo Baronni, eu era o único que mal tocava o chão nas curvas e isso é a minha marca registrada. Eu amo a atenção que os comentaristas de esportes dão para mim durante dias após ganhar as corridas mais disputadas. Eu adoro atenção.

Finalmente vi a bandeira preta e branca pronta para ser agitada e alarguei meu sorriso, estava no papo. Apesar de ser convencido e algumas vezes pretensioso, eu gostava de verdade do que fazia, não era apenas pela grana, fama e etc. Eu fazia isso por paixão e por ele também. Ah ele... Meu amor acima de qualquer outra coisa em minha vida, meu pequeno, minha vida. Eu corro por ele também, não tínhamos nada antes de eu ingressar nessa vida de campeonatos. Minha moto foi a nossa salvação e eu sei que nosso amor é o mais puro de todos por que nasceu na dificuldade, na pobreza quando nós éramos um casal vivendo a margem da sociedade. A mídia adora essa minha "origem humilde", por isso sempre há um breve comentário sobre de onde eu vim nas inúmeras reportagens. Pietro Ferrari, meu eterno amante, pensando nele foi que nem percebi que eu havia cruzado a linha de chegada!

-Gui! Guilhermo! É nosso outra vez bambino! Você conseguiu! -ouvi meu diretor de equipe gritar no meu ponto eletrônico enquanto eu ia parando a moto, vários fogos de artifício começaram a explodir e Nico (meu treinador) não parava de berrar "campeão!" em nossa língua materna, o italiano.

Tirei o capacete, logo colocando o boné com o símbolo do nosso patrocinador e segui para o pódio. Sorri largamente e acenei para todos. Depois dos outros corredores chegarem recebi o champanhe e o destampei chacoalhando, em seguida soltei o dedo do gargalo molhando todos os que estavam próximos, tudo estava sendo televisionado.

Quando desci do pódio comecei a procurá-lo com os olhos, não achei de primeiro lance, continuei a procurar, mas só vi minha equipe guardar minha moto na garagem do autódromo, logo tendo minha visão tampada por muitos jornalistas e flashes que quase me cegavam.

-Gui! Guilhermo! Como se sente ganhando o Grand Prix em Dubai!? - uma jornalista perguntou entusiasmada.

-Ah bem... Eu fiz uma boa corrida, acho que toda a minha equipe mereceu mais esse troféu. - eu não queria ser grosseiro com a imprensa, mas estava inquieto pela saudade imensa que sentia de Pietro. Ele não pôde vir nos dias anteriores de treinamento, mas me prometeu que viria para assistir. Não acho que ele me deixaria na mão... Porém meus olhos não o achavam no meio da multidão de fotógrafos e jornalistas que me cercavam.

-Por favor! Por favor, vamos fazer uma coletiva depois, mas agora deixem o Gui respirar... Ele vai descansar agora. - ouvi meu agente falar me cercando com seus braços para afastar os jornalistas de perto. Dei graças a Deus mentalmente e sorri gentilmente para todos acenando enquanto saía.

Quando eu entrei no nosso stand Nico me abraçou emocionado, dizendo coisas em italiano como "muito bem meu filho", e Nico realmente se parecia como um pai para mim. Em seguida Luigi, o chefe da equipe mecânica; o que falava no ponto eletrônico no final da corrida; chegou dando "tapinhas" em minhas costas o que me fez tossir com a força empregada.

Infinito amoreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora