- E nós estávamos tão preocupados, Louis... - ela sussurrou - achando que você nunca... que você nunca...

Lágrimas cobriram o rosto dela novamente, fazendo a maquiagem escorrer. Na vida anterior, ela teria detestado isso. Olhei para as linhas negras que deslizavam pelas suas bochechas. Ela segurou minha mão. Deixei que ela fizesse isso. Seus dedos eram frios e finos, suas unhas, longas.

Ela sentiu o anel que você tinha me dado. Fui ficando tenso, enquanto a observava girar o anel, vendo as cores cintilarem.

- Você já tinha isso? - ela perguntou.

Assenti.

- Comprei na rua - menti. - É bijuteria.

- Eu não me lembro dele.

Um silêncio caiu entre nós. Mamãe mordeu a ponta do lábio.

Finalmente se recostou na cadeira e começou retorcer os dedos. Pus a mão embaixo dos lençóis. Com a outra mão, tirei o anel do dedo.

Mamãe olhou para mim com atenção. A preocupação contraía o seu rosto.

- A enfermeira disse que você perguntou por ele - ela disse.

- Eu só perguntei..

- Eu sei, a gente compreende. - Ela se inclinou para a frente e afagou meu rosto. - Mas você não precisa se perguntar mais nada, meu amor, nem precisa mais pensar nele.

- Como assim?

- Ele foi preso, Louis. - ela sussurrou. - Ele se entregou no hospital. A polícia vai precisar de uma declaração sua dentro em breve.

- E se eu não quiser...?

- Você precisa. É a melhor coisa. - Ela apertou os lençóis em volta de mim. - Ele só pode ser acusado depois que você der a declaração. Vamos dar mais um passo para mandar esse monstro para a prisão. É o que você quer, não é? - A voz dela estava hesitante.

Abanei a cabeça.

- Ele não é um monstro - eu disse baixinho.

As mãos de mamãe se crisparam sobre o lençol. Ela olhou para mim.

- Esse homem é mau - ela sibilou.

- Por que teria tirado você de nós se não fosse?

- Não sei - murmurei. - Mas ele... não é isso.

Eu não conseguia encontrar as palavras certas.

Mamãe me olhou atentamente, com o rosto pálido e os lábios contraídos.

- O que ele fez com você? - ela perguntou. - O que ele fez com você para você pensar assim?

=

No dia seguinte, dois policiais apareceram: um homem magro e uma mulher jovem. Ambos traziam bonés nas mãos. Eram bonés de beisebol, mais informais que os chapéus usados pelos policiais do Reino Unido. E suas camisas eram de mangas curtas.

Meus pais se postaram no fundo do quarto. Um médico também estava presente. Todos me observavam, me avaliavam. Eu me senti como um ator no palco, com todo mundo esperando que eu dissesse minhas falas. O policial magro tirou um bloco de notas e se inclinou para mim. Ficou perto o bastante para que eu visse a covinha em seu queixo.

- Nós sabemos como isso é difícil para você, Sr. Tomlinson. - começou ele. Tinha a voz anasalada e aguda.

Antipatizei com ele na mesma hora.

- Pessoas sequestradas passam frequentemente por um período de silêncio e rejeição. Seus pais disseram que você não está falando muito, com ninguém, sobre a sua provação. Eu não quero pressionar você, mas...

Stolen (L.S Version)Where stories live. Discover now