Desert Sands

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Depois de algumas horas dirigindo no deserto chegamos em um hotel/acampamento nômade em meio as areias e dunas dos Emirados árabes.

O clima por muitos considerado inóspito escondia uma beleza rara e muitos mistérios. O mesmo mistério que aquela mulher que me acompanhava trazia em seu olhar.

Agora ela, com o semblante um pouco mais tranquilo e não era para menos. Após horas e horas de carona no Jipe, aquelas tendas seriam o mais próximo que teríamos de um lar. Pelo menos por alguns dias.

Encostamos o carro e desci apressadamente. A vontade de esticar as pernas e os braços já estava me deixando maluca. Me abaixei e afrouxei um pouco os cadarços das botas de couro cinza. Um alivio instantâneo que só não pode ser melhor pela minha vontade de fazer xixi.

Ela foi até a parte de trás do automóvel, pegou uma mochila e jogou outra para eu aparar. O silêncio entre nós duas se fazia necessário naquele instante. Pois quando entrássemos para a tenda, teríamos que tomar várias decisões importantes sobre o nosso futuro.

Chegamos até a tenda que seria a recepção. O ancião do local não gostou nada de nossos trajes, isso se via pelos seus olhares de desprezo lançados sobre nós. Ela usava um xador preto com detalhes dourados, porém com a parte que cobre a cabeça abaixado e eu com um short Jeans abaixo do joelho e uma blusa de manga comprida.

O homem que nos recepcionou não tão calorosamente quanto o clima aparentava ter uns 60 anos. Hassami começou a conversar com ele em Àrabe e eu apenas observando, não entendendo absolutamente nada. Única coisa que pude perceber é que eles em alguns momentos falavam :Dirhans ( Moeda local). Penso eu que discutiam o preço.

Entra na segunda tenda à direita, te encontro lá em alguns instantes Disse ela se virando para mim em uma breve pausa na discussão — Consenti com a cabeça. O homem só se acalmou quando ela abriu a mochila e mostrou alguns bolos de dinheiro que tinha dentro.

Me virei e fui em busca do lugar indicado enquanto ouvia ainda gritos entusiasmados da negociação do dois ao fundo. Cheguei na tenda e logo fui abrindo. Fiquei surpresa com o conforto do local. Uma cama ampla e espaçosa coberta por um lençol vermelho, uma mesa com um jogo de cadeiras, Ar condicionado que funcionavam graças a uma pequena estação de usina eólica que vi do jipe no caminho para o acampamento.

Fui direito rumo ao banheiro, já estava apertada fazia horas. Não pude deixar de reparar o local, tudo muito limpo, organizado. E mais confortável que todos os apartamentos que eu já vivi em toda a minha vida. Decoração em tons de vermelhos, davam um charme todos especial, e de longe se percebia que era destinado a um grupo seleto de turistas.

Depois que sai do surpreendente banheiro, Joguei a mochila em cima da cama com certo cuidado, pois ali estavam meus equipamentos de filmagem e me joguei em seguida. Deitar era tão bom que por alguns instantes achei estar em um sonho. A cansaço era tanta que quase me sentia fora do corpo. Mas meu estado de relaxamento logo foi interrompido pelas lembranças dos acontecimentos dos últimos dias. Meu corpo novamente entrou em estado de alerta.

Fui me arrastando até chegar na mochila, abri e tirei de dentro a Cannon 900. Liguei e comecei a ver aso fotos do casamento. Foram mais de 3.600 registros em foto e 22 em vídeos. Se fosse para eu cumprir o contrato, levaria meses editando até ficar pronto.

Aquelas fotos contavam um pouco da história e um sorriso de canto surgiu sem eu ao menos perceber. Elas me faziam recordar a absoluta loucura que eu cometi hoje de manhã. O coração começou a bater acelerado, o medo logo me fez subir um frio na espinha. Mas em nenhum momento eu questionei se valeria à pena ou não, pois eu sabia exatamente a resposta e ela era: SIM.

Apesar da imensa loucura e caos instaurado em todos os aspectos possíveis dessa história, eu estava feliz FELIZ PRA CARALHO. Ouso dizer que nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

Coloquei os pés para cima e só nesse instante percebi que ainda estava de botas. Imediatamente me acomodei de novo com as pernas para o ar apoiando na cabeceira da cama, bati uma das mãos no bolso e senti o volume da carteira do cigarro juntamente com o isqueiro.

Depois que acendi com um certo afoitamento me dei conta que não sabia se ali era permitido fumar ou não. Junto com a pergunta a lembrança de Hassami mostrando a bolsa com dinheiro para o homem. E veio a gostosa sensação de que com dinheiro tudo ficaria bem.

Terminei o cigarro e depositei a bituca em um copo que tinha no criado mudo ao lado da cama. Deixei a câmera de lado e fui em direção a um espelho que ficava em pé ao lado da porta do banheiro. Minha aparência estava abatida e até de um aspecto sujo. As olheiras enormes.

Os cabelos longos pretos clamavam urgentemente por um shampoo e condicionador. Os 1.78 de altura nem aparentava de tão arqueados que estavam meus ombros. A aparência e traços Russo/Australiano que chamará atenção de homens e mulheres até então, deu espaço para uma fugitiva com um aspecto de presidiaria. Se alguém do meu passado me visse naquela situação certamente não me reconheceria. Permita que eu me apresente:

Eu nasci na em Adelaide na Austrália, tenho 38 anos. Sou filha de um desertor Russo e de uma Hippie australiana. Mistura improvável admito, o russos não tem fama de ser muito sociáveis com estrangeiros. Mas meu pai era um cara totalmente diferente que eu já vi em toda a minha vida. Meus pais amam a Austrália e eu também amava meu País até o meu casamento acabar. Casamento de 10 anos. Minha ex me traia com a chefe dela. E nem tente entender essa história pois nem eu mesma entendo.

Foi então que resolvi vender tudo que tinha conquistado até então e dividi com ela no divórcio. Investi a minha parte da grana em câmera fotográfica, computadores e material de cinegrafia e fui rodar o mundo atrás das melhores fotos e vídeos.

Eu era cinegrafista em uma emissora de tv na Austrália. Levava uma vida sossegada. Do serviço para casa de casa para o serviço. Eu respeitava ela, levava aquilo realmente à sério. Ela foi minha primeira mulher e eu a primeira dela. Nos casamos no final da adolescência. Eu com 19 e ela com 16.

Desde que me separei tenho rodado o mundo fotografando, fazendo free lances em revistas, emissoras de tv. Já tive várias propostas para me firmar em algo. Mas recusei todas elas. Tenho 4 passaportes lotados de carimbos. A minha última parada foi na Itália. Lá foi onde eu fique por mais tempo, cerca de 3 anos e meio. Não me lembro exatamente.

Foi lá que eu conheci a Giuluinna. A italianinha marota que quase roubou meu coração. Quase!

— Você quer comer algo, Isobel? — Disse Hassami — Entrando no quarto enquanto tirava o xador. Expondo a outra roupa por baixo. Um short camuflado, blusa com decote um pouco a mais que a sua religião permitia. Os longos cabelos cacheados presos em um coque alto. Os traços não escondiam em absoluto suas origens. Traços fortes bem desenhados. Pele dourada pelo sol das Arábias deixava ela ainda mais bonita.

Enquanto eu, branca que se via as veias no rosto. Alta meio desajeitada. russo. Mas o mais interessante disso tudo é que me confundiam com Irlandesa, pois minha cor de cabelo natural era ruivo. Quando fiquei adulta pintei de preto e nunca mais deixei de usar desde então.

— Sim, vamos? — Respondi apressada interrompendo meus pensamentos — Mas o que exatamente a filha de um Sheikh come no jantar? — Seu olhar de reprovação diante meu comentário sarcástico era obvio. Então a puxei para os meus braços e dei um beijo.

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⏰ Last updated: Dec 03, 2017 ⏰

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Pure Love ( Romance Lésbico)Where stories live. Discover now