Quando completar um mês, ela disse que vou poder folgar num domingo, para mim não faz diferença, todos os dias são iguais, talvez eu deixe que ela folgue sempre aos domingos, assim ela fica com a família. Ela precisa disso. Eu não.

Maria está ajeitando as cadeiras quando chego. Ela é sempre a primeira a chegar e sempre tem um sorriso amigável. Gosto dela. Ainda não posso dizer que é uma amiga, quando o expediente acaba, seguimos cada uma para sua própria vida. Ela não fala muito dela e eu não tenho nada para contar.

─Animada? – Ela pergunta quando deixo a salinha onde visto o uniforme, não olho muito no espelho, se ficar prestando atenção em meu reflexo acho que não tenho coragem de enfrentar todo mundo com essa roupa e especialmente o chapéu. - Sexta-feira é sempre uma agitação.

─Sim, totalmente.

─Ótimo. O senhor Giacomo vai passar amanhã para deixar o envelope com o salário da semana. Domingo vou fazer um almoço especial para meus filhos.

─Que bom. – O assunto acaba com a chegada de um jovem casal e duas crianças. Uma ainda no colo e outra com uns cinco anos. Tão bonito ver uma família assim. Sirvo a mesa sorrindo para o garotinho no colo do pai. Ele parece orgulhoso do filho.

Sonho em um dia ter uma família assim, alguém para dividir a vida e filhos. Dois pelo menos. Só não sei se um dia encontro uma pessoa para me amar.

Sandro chega com seu grupo as três da tarde. Tarde de sexta-feira e eles estão animados. Não sei bem por que parecem sempre gritar uns com os outros, se provocar, rir em demasia e tenho sempre a impressão que sou o centro das conversas.

A presença do grupo sempre me deixa atrapalhada e zonza. Fico ainda mais tímida e sempre faço ou digo alguma tolice. Maria sempre parece mais atenta ao meu trabalho quando eles estão aqui e isso também me deixa nervosa.

Depois da confusão de atender os pedidos que Maria faz questão de entregar eu fico atrás do balcão atendendo quem prefere tomar seu gelatto ali mesmo sem usar as mesas.

─Uma água, por favor! – Uma das amigas inseparáveis de Sandro se encosta no balcão, em seguida a outra se junta a ela. As duas me sorriem. Sirvo a garrafa de água.

─ Oi. Sou Perla. – A moça diz sorrindo. – Você é Hannah, não é mesmo? – Afirmo. – Essa é Giani.

─Boa tarde. – Digo sem saber direito o que dizer. – Eu... querem mais alguma coisa?

─Não. Mora onde?

─Uns quarteirões daqui, numa hospedaria. Cheguei a pouco na cidade.

─Americana? Fala bem nossa língua.

─Sou italiana, minha mãe era americana, ela faleceu tem um tempo.

─Uhm. – Perla troca um olhar com a amiga. – Vamos contar?

─Acha? – Giani pergunta e fico olhando de uma para outra, elas balançam a cabeça afirmando uma para outra e depois me olham. – Sandro está interessado em você.

─Em mim? Ele disse isso?

─Disse. Ontem quis saber seu nome, idade. Está todo encantado. – Meu coração até descompassa um pouco, mas logo eu o acalmo, elas devem estar enganadas.

─Acho que se confundiram. Não deve ser eu.

─Você sim. Ele vai dar uma festa hoje e quer que você vá. Na casa dele. O que acha?

─Se ele quer que seja o par dele numa festa, não devia vir me convidar? – Elas riem, uma delas parece mesmo fazer uma careta que logo desaparece.

Série Família De Marttino - Unidos Pelo Amor (Degustação)Where stories live. Discover now