Mais tarde, ao chegar em casa, encontrou os pais sentados no sofá da sala vendo um filme qualquer que passava na TV à cabo.


—Boa noite, meu filho. — Narcisa foi a primeira a dizer.

—Boa noite, mãe. Boa noite, pai. — disse, dando um beijo em cada um.

—Então, filho, como foi o dia no Residencial? Queria ter ido lá, mas precisei visitar um cliente com a sua mãe e acabou que demoramos mais que o previsto.

—O mesmo de sempre. Tá tudo caminhando dentro do prazo e eu acredito que em dois meses já podemos entregar tudo pro Accetti.

—Que bom!

—Eu só recebi uma ligação do tio Teodoro. Ele disse que tava tentando falar contigo faz um tempo.

—Sério? Tá tudo bem?

—Tá sim. Disse que tá com uma obra pra fazer lá no hotel fazenda e queria a nossa ajuda. Ele, inclusive, chamou a gente pra passar o fim de semana com eles.

—Mas que ótimo! Tava precisando mesmo sair um pouco dessa cidade. O que acha, Narcisa?

—Adorei a ideia, querido. Tô mesmo com saudade da Chang.

—Sinto muito, mas eu não vou poder ir. — Daniel comunicou.

—E eu posso saber o motivo?

—Marquei de ir pra Angra com a Cecília e o George. Ele cismou que quer aprender a surfar e eu fiquei de ensiná-lo.

—Poxa, Daniel, não tem como desmarcar? Seria um fim de semana em família, faz tempo que não passamos uns dias juntos.

—Sinto muito, mãe, mas eu prometi ao George. Além do mais, eu também tô precisando relaxar e vocês sabem que o melhor lugar pra isso é o mar.

—Deixa ele, Narcisa. Filho, pode ir pra Angra. Nós vamos pra Ipiabas, eu converso com o Teodoro e na segunda, assim que chegarmos ao escritório, te informo o que ficou decidido. —João assegurou, sob o olhar decepcionado de Narcisa.

—Obrigado, pai. Mãe, não me olha assim. Você sabe que eu não dispenso uma praia, muitas ondas e um belo pôr do sol.

—Eu sei, meu amor. — Narcisa o abraçou. — Tava só fazendo um drama, jamais te obrigaria a ir a um lugar que eu sei que não se sente bem.

—Ah, é? Bom saber. Quando a senhora me obrigar a ir àquelas festas de final de ano dos nossos fornecedores, cheias de gente chata, vou usar essa desculpa pra não ir. Pai, o senhor tá de prova. — os três riram e João ficou encarregado de ligar para o amigo.


O resto da semana passou sem nenhuma novidade e no fim de semana, conforme combinado, João e Narcisa partiram para Ipiabas. Saíram do Rio às 17h e chegaram à cidade do interior por volta de 19h30. Foram recebidos pelo dono do hotel fazenda e levados à sua casa, que ficava próxima do estabelecimento. Ao chegarem à residência — uma casa de um andar na cor amarela, com janelas de madeira e uma ampla varanda que dava para um jardim — foram acomodados em um quarto de hóspedes, no qual aproveitaram para tomar um banho. Em seguida se dirigiram à sala de jantar, onde Teodoro e Chang os aguardavam com uma comidinha especial feita pela morena.

Durante todo o jantar, a conversa girou em torno das histórias que João e Teodoro viveram no passado, o que arrancou muitas risadas das esposas. Relembraram o tempo em que serviram o exército, os perrengues que passaram no quartel, os bailes que frequentavam na região, entre outros fatos. O papo fluiu de tal maneira que quando foram ver, já passava das 22h. Teodoro pediu licença aos hóspedes, deu um pulo na fazenda pra ver se estava tudo em ordem e só depois de se certificar de que estava tudo bem é que retornou à sua casa.

Entre Cavalos e Números (Em Pausa)Where stories live. Discover now