– Não acho que eu consiga assumir algo assim.

– Consegue sim. – Ele diz, simplesmente. Assinto embora mais uma vez eu tenha muitas dúvidas.

Mas eu me esforçaria naquilo também.

***

Eu perambulava pelos corredores do castelo, entediada após minhas aulas de etiqueta. Caleb teve de resolver algumas coisas, então dispensamos o passeio pelo jardim.

Observei cada quadro bonito preso as paredes do segundo andar e fui para o terceiro. Era ligeiramente mais vazio, embora outras pinturas extraordinárias decorassem os corredores.

Avistei uma porta entreaberta e chequei ao redor, mas não havia ninguém. Eu estava entediada e curiosa demais para simplesmente voltar ao quarto, então, com cuidado, alcancei a maçaneta banhada a ouro e coloquei metade do corpo para dentro do cômodo. Não haviam muitas coisas diferentes do comum: Uma estante abarrotada de livros, folhas jogadas em uma mesa de madeira, espalhadas e amassadas. Mas um objeto estranho sobre um livro aberto me chamou atenção, e eu entrei no cômodo com deliberado cuidado, alcançando a mesa.

Era uma seringa de quatro agulhas. Bem maiores do que eu estava costumada a ver no orfanato quando precisávamos da injeção de remédios direto na veia.

Estiquei a mão para pegar os papéis ao lado da seringa, que continham desenhos da mesma, com algumas alterações. No entanto, uma voz me causou um sobressalto e eu congelei no lugar.

— O que pensa que está fazendo? — Rebecca me puxou pelo braço, me arrastando para fora dali com os olhos arregalados. — Não pode, jamais, entrar na sala do rei assim, não deveria sequer estar nesse andar. — Ralhou ela, me puxando pelos corredores e descendo as escadas apressada.

— Eu não sabia...

— Menina, se o rei te encontra lá dentro mexendo nas coisas dele... Eu perderia muito mais que meu emprego.

— Desculpe. — Murmurei.

Ela não voltou a falar até que estivéssemos no quarto.

— Tudo bem. — Ela respirou fundo, ajeitando a saia do vestido azul escuro com avental. — Apenas esqueça isso e não volte a ir lá em cima de novo.

Assenti.

Então os dias passaram e eu esqueci.

***

Suzan e Rebecca me acordam mais cedo que o normal. Já era o dia. Aquele dia que eu temia e ao mesmo tempo ansiava – ansiava para que acabasse logo.

– Vamos, vamos, você não vai se arrumar aqui no quarto. Temos que ir para o salão no segundo andar! – Suzan diz desesperada.

Me levanto depressa e desço com elas. Tomo banho na banheira do salão de vestuário, com diversos óleos cheirosos e hidratantes na água. Elas lavam meu cabelo até ficar mais sedoso que o cabelo da própria rainha. Depois me levam para o vestuário da qual o meu vestido esperava.

Branco, com detalhes de cristal na cintura e no busto. Ele ia até o chão e contava com um véu de renda. Tinha detalhes de diamantes misturados aos cristais e não tinha alças. O sapato era um salto também branco e também com detalhes cristalinos.

Suzan e Rebecca me ajudam a vestir, e fica perfeito. Ele era muito rodado e liso. Fizeram uma maquiagem mais pesada que não ficou nada mal, apesar de eu ainda não gostar muito de nada no rosto. Depois elas fazem um coque arrumado, deixando alguns fios soltos na parte da frente, e decorado com uma flor de diamante atrás.

– Você está maravilhosa! – Suzan diz orgulhosa do serviço.

– Faltam poucos minutos para a cerimônia começar. Fizemos tudo no tempo certo. Já podemos lhe calçar os sapatos, colocar o véu e irmos. Já está tudo pronto. A cerimônia vai ser no jardim, como já sabe. – Rebecca diz chegando do vestuário com os sapatos.

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