Amor Doce Amor

Timidez

Depois de sua visita as coisas voltaram ao normal, pelo menos para o resto da cozinha.

- Bom, trabalho pessoal! - Escutei Felipe falando. - Espero todos aqui amanhã, OK?! Bom descanso a todos! - Todos aplaudiram. Era assim todo final de expediente. Felipe sabia como incentivar sua equipe.

Olhei para o relógio de parede, já eram duas da manhã e eu nem tinha notado que esse tempo havia passado.

- Cristina!

Limpava minha bancada e guardava alguns utensílios. Era só fechar os olhos que sua imagem voltava com força.

"O que aquela mulher era?! Uma feiticeira, por acaso?!" - Pensei.

-Terra para Cristina...? - Escutei Felipe rindo.

Olhei para ele assustada.

-Que susto, Felipe! - Ri de nervoso.

-Você está bem? Estou aqui te chamando faz uns cinco minutos! - Cruzou os braços e riu.

- Estou bem! Só cansada. - Disse envergonhada.

Felipe colocou a mão no meu ombro.

- Vai pra casa, Cristina, você fez um ótimo trabalho hoje! - Sorri para o meu amigo.

Antes dele sair, tinha que matar minha curiosidade.

-Felipe!

Ele virou para me olhar.

-Já conhecia a noiva do Jean?! - Felipe riu com vontade. - Qual a piada? - Falei fingindo irritação.

- Você não vê mesmo TV, né Cristina?

- Por quê? O que isso tem a ver...

Ele não me deixou continuar.

- A mulher é uma das jornalistas mais famosas do país! - Franzi o cenho. - Ela trabalha na emissora mais importante do Brasil! Nada?! Não sabe mesmo quem ela é né?! - Disse rindo.

- Não... - Falei sem graça - Como desculpa, eu posso dizer que não conheço porque não sou brasileira - Disse rindo.

Felipe revirou os olhos.

- Ligue a TV que eu te emprestei, Cristina! Por favor! - joguei um pano em sua direção e Felipe desviou rindo.

- Até amanhã, González!

Felipe era um dos melhores caras que conhecia. Trabalhamos juntos em um restaurante na França, nossa amizade cresceu a cada dia. Ele era um homem que merecia a linda família que tinha.

"Família! Acho que passarei por essa vida sem essa experiência!" - Pensei enquanto sai com meu capacete em mãos.

Minha velha moto era minha companheira de muitas viagens e aventuras.

-Você sim é minha família, garota! - dei dois tapinhas na lataria da moto e sorri.

O vento gelado da noite me mantinha atenta à estrada.

Morava em um simples apartamento, bem pequeno, porém confortável.

Abri a porta de casa, coloquei o capacete em cima da mesa e me joguei no sofá.

Cansaço me definia.

Virei de lado no sofá e lá estava ela me encarando, a bendita TV que Felipe me emprestou.

"Ela é uma das jornalistas mais famosas do país!" - Sua voz invadiu minha cabeça.

Olhei de novo para TV e virei os olhos.