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2029 - Cambridge, EUA

A sala já estava cheia e silenciosa quando Harry entrou batendo a porta com força. Sr. Clark direcionou seu olhar reprovador para ele, que já​ se atrasou algumas - muitas - vezes para sua aula. O de olhos verdes se desculpou mais uma vez, indo para seu lugar.

"Então, como eu estava explicando antes de me atrapalharem", o professor continuou, olhando para ele novamente, Harry se segurou para não mandar o velho se foder, com todo o respeito, é claro. "Harvard fez um programa de intercâmbio para outros alunos de universidades ao redor do mundo, para conhecerem a nossa universidade, e eu quero que cada um de vocês faça dupla com um intercambista, que irão ficar aqui por dois meses, entendido?"

Foi quando Harry estava olhando para os lados, percebendo os rostos desconhecidos, que tudo aconteceu. Quando ele o viu.

Colocando o cabelo castanho claro para o lado, com os olhos azuis como o oceano - o cacheado fazia comparações estúpidas, eu sei -, os lábios finos rosados que combinavam com sua blusa e o nariz perfeito. Se alguém pedisse a descrição da perfeição para Harry, seria exatamente aquilo. Aquele maldito garoto. Ele não sabia se cairia morto ali ou se teria uma ereção.

Sr. Clark continuou falando, mas ele estava muito ocupada para ouvir qualquer palavra que saia da boca dele.

Teve certeza que iria fazer o trabalho com aquele garoto metido a deus grego. Mas quando o professor disse que já podiam escolher as duplas, Eleanor foi mais rápida, pedindo para fazer o trabalho com o de olhos azuis. Ele aceitou e eles ficaram sorrindo um para o outro. Planejou diferentes maneiras de matá-la sem ninguém desconfiar dele.

Sentindo-se triste porque não iria transar com ninguém hoje - não que o garoto-que-não-sabia-o-nome iria querer transar com o cacheado, mas aprendeu que a esperança é a última que morre - Harry procurou outra pessoa.
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Maya, uma garota africana com um sotaque maravilhoso e exibindo suas box braids, era sua dupla. O trabalho era basicamente a observação de uma estrela híbrida* e sua estrutura interna. Conversaram até o horário do almoço, quando Harry teve que ir almoçar com Liam e Niall.

Quando chegou no refeitório, viu um casal praticamente se comendo em cima da mesa, e teve certeza de que era os seus amigos. Se sentou e tossiu - nem um pouco - disfarçadamente para eles se desgrudarem. Não funcionou.

"Por que vocês são sempre tão nojentos?" Perguntou o cacheado, fingindo que ia vomitar.

"Harry, não é nossa culpa que você está sozinho" Niall fala no meio do beijo, sem nem se importar em olhar para o amigo. E é atingido por uma maçã. Deu um pequeno grito.

"Não é minha culpa que ninguém viu meu incrível potencial." Harry murmura aborrecido, com os braços cruzados.

"Que potencial?" Liam pergunta sarcasticamente.

O de olhos verdes finge estar chateado, levantando da mesa para ir embora. "Eu sei que não sou bem vindo aqui." Limpa uma lágrima imaginaria, o casal ri, convidando-o para sentar no meio dos dois.

Harry era meio sortudo. Conheceu Niall ainda pequeno, quando o defendeu dos garotos que estavam tirando sarro do cacheado, que tinha feito xixi nas calças. Parecia ontem que tinha visto o loiro com o rosto vermelho, xingando em uma mistura de inglês e irlandês, enquanto Harry chorava em uma poça de mijo.

Depois, com 14 anos, conheceram Liam. Tinha vindo do Reino Unido e sua carinha de bebê encantava a todos. Mas encantou principalmente a Niall, e com 16 anos eles finalmente saíram do armário, revelando que se amavam e toda essa baboseira gay.

Juntos, eles dedicaram suas vidas para entrar em Harvard. E ali eles estavam. Harry, com sua paixão pelo universo, escolheu astrofísica. Liam escolheu o curso de direito, já seu namorado está fazendo o que sempre quis: música.
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Quando o de olhos verdes estava andando para a próxima aula, o garoto que viu mais cedo estava em um dos bancos do corredor. Deveria conversar com ele? Talvez apenas perguntar seu nome? Pedir seu número?

Harry sentou ao lado dele, tinha alguns minutos ainda, antes de sua aula começar. O garoto não o notou.

"Você é um dos alunos intercambistas, não é?" Perguntou, se sentindo um pouco idiota.

Mas ele o olhou, dando para o cacheado a visão dos seus olhos azuis. Harry iria morrer.

"Sou, sim". Franziu o cenho, o mais alto continuou o achando a coisa mais linda que já tinha visto.

"Qual é o seu nome?" Seu coração estava batendo estranho, podia sentir.

"Louis, e o seu?" E então, sorriu. Harry se sentiu privilegiado por ver aquilo.

"Harry." Sua voz estava um pouco falha, e Louis sorriu de novo.

"É um prazer te conhecer, Harry" os olhos azuis continuava o analisando.

"É um prazer te conhecer também, Louis." Dessa vez foi Harry que sorriu, esperava que o mais baixo gostasse de covinhas. Ele amava. "De que faculdade você vem?"

"Cambridge, na Inglaterra." E o de olhos verdes pode perceber o sotaque britânico, tem como o garoto ser mais perfeito?

"Como acabou escolhendo astrofísica?" Harry realmente estava curioso "quer dizer, não é uma coisa muito comum..."

Louis riu "como você acabou escolhendo astrofísica?"

"Hey, eu perguntei primeiro" O de olhos azuis revira os olhos, mas não resiste ao beicinho do cacheado.

"Eu acho que sempre fui apaixonado pelo universo, sabe? Ele é como um segredo que está ao nosso redor e ninguém consegue o descobrir, como não se apaixonar por isso?" Ele olha aponta a mão para o redor "estamos no universo, somos o universo. Ou talvez eu só goste de incógnitas." Deu de ombros, mal sabia que Harry iria se tornar uma grande incógnita pra ele.

O mais alto estava atrasado mais uma vez quando se despediu de Louis, mas o sorriso não deixava seus lábios.
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*Estrela híbrida: uma estrela dentro de uma estrela maior.



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