- Claro que importa amor, eu realmente queria que você me entendesse, que aceitasse minha decisão - ele disse, a fitando com os olhos.

- Eu já aceitei, não esta vendo, ou você acha mesmo que eu estaria aqui se não tivesse aceitado? Claro que não né Jorge, agora você querer que eu concorde com essa viagem já é querer demais.

- Ok, eu só quero te falar que eu sei o que estou fazendo, eu não sou um maluco qualquer, eu sou um maluco que sabe o que esta fazendo - disse o piloto tentando parecer engraçado.

- Maluco? Serio? Maluco?

- Obrigado - ele disse a garçonete que acabara de colocar a água que ele pediu sobre a mesa - sim, maluco, não é você quem passou ontem o dia todo afirmando que eu era um maluco, um idiota, retardado, covarde, mais o que mesmo?

- Filho da puta - ela respondeu.

- Isso... Isso não! - ele exclamou e ela riu fazendo uma negativa com a cabeça - isso, é isso que eu quero ver, esse sorriso, é essa a imagem que eu quero levar comigo, e por esse sorriso que que eu vou voltar, porque se eu sou maluco, um insano, essa minha insanidade tem nome e sobrenome, tem uns olhos lindos, um coração maravilhoso, e esse sorriso que acaba comigo, é por você que eu sou maluco!

- Eu também sou maluca por você - ela disse quase em um sussurro por causa da sua voz chorosa.

- Então, nós somos dois malucos, insanos, apaixonados, que se amam, porque você me ama né? - ele fez a pergunta que estava engasgada na sua garganta a meses, e finalmente a pergunta saiu.

- Sim, eu te amo Jorge.

- Eu também te amo Silvia.

Ele passaram mais alguns minutos conversando, até que Jorge olhou para o seu relógio, faltava um hora para que ele viajasse, então era isso estava na hora de partir.

- Já esta mesmo na hora? - ela perguntou enquanto eles caminhavam para o portão de embarque.

- Sim, eu ainda tenho que preparar algumas coisas no avião - disse ele parando a sua frente.

A castanha tinha um milhão de coisas para dizer, mas não sabia por onde começar, ela deu um passo para a frente para beija-lo, como as pessoas se beijam nos aeroportos, com muito amor e um desejo urgente, beijos que precisam deixar sua impressão no receptor durante a viagem, as semanas, os meses que estão por vir, no caso do Jorge, ela não saberia se ele voltaria.

- Eu te amo - ele disse antes de dar um último beijo na testa da esposa e caminhar para o portão de embarque.

"- Oi - ela disse ao garoto de olhos cor de mel que vinha a observando por horas desde que o baile começou - qual o seu nome?

- Jorge Salinas."

Ele ia se afastando cada vez mais dela, ela viu quando ele mostrou o crachá ao funcionário do aeroporto.

"- Silvia? - ele a chamou, esperançoso, queria voltar a escutar a voz de sua esposa, talvez isso fosse o que ela mais queria nas últimas semanas - amor, ainda bem que você resolveu acorda - ele disse sorridente - Silvia, fala comigo - ele implorou, o silêncio dela estava o matando."

Ele parou e olhou para a esposa.

"- Silvia?... Silvia?

Ela apertou ainda mais os olhos, queria que ele tirasse a mão dela, enquanto ele queria apenas da um beijo de boa noite, como sempre fez.

- Silvia? - dessa fez falou mais baixo, antes jogar seu corpo de vez na cama."

Silvia já não conseguia mais conter as lagrimas, e agora chorava de forma desesperada chamando a atenção das pessoas do aeroporto.

"- Você poderia dormir no quarto de hospedes a partir de hoje? - ela disse um pouco sem graça.

- O que?! - ele perguntou incrédulo, ele estava preparado para tudo, mas não contava com isso."

Ela sentiu seus joelhos fraquejar no momento que percebeu que já não via mais o marido no portão de embarque.

"- Posso te pedir uma coisa?

- O que você queser - ele diz sorridente - pede o que quiser.

- Posso te dar um beijo? - ela perguntou, deixando Jorge surpreso, ele tinha imaginado mil pedidos, menos esse, ele só assentiu sorrindo."

A castanha viu como um flashback passar em sua mente, e não poderia ser possível que agora, depois de tudo que eles passaram, depois dela ter recuperado a memória, que agora sim, agora ele já não era um estranho em sua vida.

E do que isso adiantava agora, agora que ela estava alí, de joelho, no aeroporto chorando e chamando a atenção de todos, do que adiantava lembrar de tudo, se quem mais importava já tinha ido embora.

Ela passou algumas minutos alí de joelho, até que um dos funcionários a ajudou a se levantar, e ela pode caminhar até a grande janela de vidro que havia no aeroporto, onde viu o avião que o marido pilotar decolar.

Eu te amo ela falou como se ele pudesse ouvir, como se ele também tivesse falando que a amava, afinal quando duas pessoas se amam, não a distância que os separem.

Continua...









Memory • Parte IWhere stories live. Discover now