07. o sr. darcy é um esquisitão

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— Confesso que talvez eu esteja sendo um pouco duro. Talvez ela devesse ter ficado sozinha — disse ele. Alia balançou a cabeça. O Sr. Henderson sorriu com o canto dos lábios. — Você concorda que Elizabeth merecia mais do que um homem prepotente e desagradável como marido. O problema é que a senhorita gosta de finais felizes, e isso...

Alia apertou os olhos para ele. O Sr. Henderson era o chefe dela, mas tinha de ouvir uma verdade ou duas. Ela reuniu todo o autocontrole que possuía para não ser rude e disse:

— Ambos cometeram erros, mas se apaixonaram. Acontece. Você nunca julgou alguém e mais tarde descobriu que a pessoa era completamente diferente? Você nunca confessou seu amor de uma maneira esquisita, sem saber o que fazer? — Alia ergueu as sobrancelhas antes que ele respondesse. — Lizzie conhecia os defeitos de Darcy, e ele os dela. Isso é amor. Aceitar o outro e escolher se apaixonar mesmo contra todos os preconceitos e julgamentos.

Ela silenciou ao perceber que não chamava o chefe de senhor. Porém, ainda com o peito ardendo para defender suas personagens preferidas, a língua de Alia foi mais efetiva do que seu embaraço:

— E apesar de Darcy não ser agradável, relaxado e interessante como Wickham, ele é respeitador, constante e tem princípios, além de verdadeiramente se importar com Lizzie. É isso o que todo mundo quer no final. Alguém que se importe. E é por isso que Darcy é uma personagem fascinante. Alguém que se importe.

O Sr. Henderson permaneceu num silêncio chocado, absorvendo a erupção de palavras com as mãos nos lençóis. Alia sentiu o rosto arder. Nunca, em três anos como a secretária dele, ela falara tanto com o chefe, ainda mais sobre personagens de um romance de 200 anos de idade. O coração dela batia furioso quando o Sr. Henderson endireitou a postura e sorriu, fazendo suas covinhas aparecerem.

— Você é realmente apaixonada por esse livro, não?

Sem saber como reagir, ela deu de ombros e sorriu.

— Contra fatos não há argumentos.

— Pode até ser, mas você não me convenceu. — Ele riu, as mãos voltando aos lençóis. — Para mim, a melhor personagem foi e sempre será...

Uma batida na porta engoliu as próximas palavras do Sr. Henderson.

— Bom-dia! — A linda voz de Jane, alta e clara, silenciou cada respiração do quarto. Alia percebeu os ombros do Sr. Henderson se enrijecerem ao lado da cama perfeitamente estendida. Os dois permaneceram em silêncio, mas Jane riu do outro lado da porta. — Vamos lá, Colin! Você pode estender a cama mais tarde!

Alia sabia que era uma piada, mas o Sr. Henderson não riu. Ele suspirou, a ponta de suas orelhas ficando vermelhas enquanto uma expressão triste tomava seu rosto bem barbeado. Com uma careta, ele caminhou lentamente até a porta, mas Alia segurou seu pulso. Recebendo um olhar confuso como resposta, ela engoliu em seco. Preciso fazer alguma coisa.

— Tive uma ideia — disse ela, abrindo a mala que descansava em cima do sofá. Onde estava aquele maldito batom? Alia ergueu uma das mãos e sussurrou: — Não abra a porta.

— Mas, Alia... — Os olhos dele se arregalaram quando ela puxou a blusa do pijama, revelando a parte de cima de seu biquíni azul. — Por que você está tirando a roupa?

Alia ignorou o comentário e, com o batom em mãos, o encarou.

— Me dê sua camiseta. Vamos, Sr. Henderson! — reclamou ela tão logo Jane bateu outra vez. — Não temos tempo para isso!

— Vamos, Colin! Deixe a cama descansar — insistiu a voz risonha de Jane.

— Só um minutinho! — pediu ele, puxando a camiseta pela cabeça.

Cláusula de Amor | ✓Where stories live. Discover now