"Boas Tardes, Madames. Espero que estejam a desfrutar deste requintado lanche no observatório imperial." Victor fez uma vénia e beijou a mão de uma das raparigas mais novas.

Todas as mulheres presentes sorriram e suspiraram com a chegada do capitão e todas anciavam que este reparasse no quanto estavam arranjadas para a ocasião.

"Apresento-vos Charlotte, filha primogénita do regente oficial da Ilha."

As mulheres olharam curiosas para detrás do arbusto para onde Victor apontara e surpreenderam-se quando Charlotte apareceu.

Uma brisa fresca soprou os cabelos ruivos da rapariga fazendo-os voar. Ao contrário das raparigas da mesma idade de Charlotte presentes, esta ,apesar do rosto com traços infantis, tinha o corpo desenvolvido e o pequeno laço que prendia pequenas madeixas do seu cabelo na parte de trás superava as requintadas torres de cabelo cobertos de adereços.

Victor pegou na mão da ruiva e guiou-a para dois lugares disponíveis à mesa.

Uma senhora robusta nos seus 30 anos encarou a rapariga recém chegada e fez-se pronunciar.

"Ora, estejam à vontade para se juntarem aos nossos debates. Sou Lady Rose Marie, é um prazer conhece-la, menina..."

Victor completou.

"Seine."

Charlotte olhou para o capitão assimilando a resposta e sorriu nervosa para as caras que a julgavam.

"Isso é francês?" Uma mulher loira de olhos azuis, peitos grandes e uma voz delicada perguntou.

Os olhares cruzaram-se com os da loira. Era Meredith, a jovem mais desejada do Império, e isso percebia-se o porquê. A sua beleza era angelical e não havia nenhum homem que resistisse aos seus encantos.

"Provavelmente."

Victor respondeu com uma voz casual, como se a beleza da rapariga não o afetasse de maneira alguma.

Rose Marie fez tocar um sininho prateado. Os olhos de Charlotte seguiram o objeto e disparou a pergunta.

"Esse objeto é de prata?"

Embora que a medo, todos olharam para a ruiva surpresos e até mesmo chocados.

"Como sabeis?"

A repentina atenção focada em Charlotte deixou-a desconfortável, mas formulou as palavras de que precisava e acabou por responder à pergunta.

"Bem, quando ainda estava em casa, na Ilha... Um jovem ofereceu-me uma peça de prata... É um material novo mas resistente. Tornou-se muito comum por lá..."

O interesse daquele lanche era sem dúvida a novata, as suas histórias e o que esta trazia de novo.

Uns quantos criados apareceram com tabuleiros prateados com conjuntos de prata. Colocaram à frente de cada pessoa uma chávena branca de porcelana e verteram o conteúdo do bule a combinar. Deixaram ainda pequenas tigelas de prata com um granulado branco, cristalino e fino.

Charlotte encostou-se a Victor e sussurrou de maneira a que fosse o único a ouvir o que era que estava a ser servido e se era comestível.

Ele riu-se baixinho, mas inclinou a cabeça ligeiramente para trás como sempre fazia. Com um sorriso honesto, devolveu-lhe a resposta.

"Aquilo são grãos de açúcar. Serve para se colocar no chá, tornando-o doce."

"Chá?"

Meredith que estava sentada junto de Rosie Marie e de Charlotte ouviu e com um sorriso meigo respondeu.

"Água quente."

A ruiva olhou para a loira um pouco confusa por esta lhe ter respondido mas continuou a fixar os seus olhos azuis.

"Desculpe-me pela intromissão." Desculpou-se um pouco envergonhada.

"Não se desculpe... O que querês dizer com Água quente?"

O criado intrometeu-se entre as duas vertendo um líquido para as chávenas de ambas. Meredith apontou e sorriu como se tudo estivesse explicado.

"Aquecem a água e depois de esta estar a fervida, colocam umas folhas ou ervas específicas. No final obtemos o chá."

Charlotte prestou atenção à explicação da outra e olhou para Victor a seu lado que prestava atenção à conversa de duas mulheres que lhe explicavam algo.

"Nunca provei chá." Charlotte admitiu rindo-se baixinho.

"Vai gostar, asseguro-lhe."

Meredith pegou na chávena com delicadeza e formosura, esticando o mindinho enluvado.

Charlotte seguiu-lhe o exemplo, mas ao tentar esticar o mindinho quase ia deixando cair a chávena e, por isso, desistiu da ideia.

"Diga-nos, Meredith, como vão as coisas com Eric?"

"Ouvi dizer que estais no topo da lista de possíveis esposas."

"Ai, que maravilhoso! O Eric a pedir-me em casamento só mesmo em sonhos... Que sortuda que sois, Meredith."

"Controle-se, Juliana! Dylan com certeza não gostaria de a ouvir falar assim." Rose Marie repreendeu.

"Deixe meu irmão fora da nossa conversa." Juliana ripostou.

De um momento para o outro o ambiente na mesa tornou-se animado e alegre. Apenas Victor parecia mal humorado ao ouvir falar em Eric.

"Vós sois a noiva de Eric?"

Charlotte interrogou a loira curiosa.

"Não propriamente. Ouviram-se uns rumores de que Eric estava à procura de uma esposa com quem assentar e formar família. Várias famílias acrescentaram valores ou propriedades nos dotes de suas filhas, mas não há certeza de quem Eric escolherá."

Charlotte nem sabia quem era Eric. A história dos dotes para ela não fazia sentido algum, e muito menos o facto de toda a gente neste novo mundo aparentar não acreditar nos sentimentos, mas sim nas suas posses, bens materiais e títulos.

O lanche prosseguiu com muito chá e alguns biscoitos também desconhecidos para a rapariga, mas experimentou de tudo. Victor tivera de sair entretanto, mas Charlotte permaneceu na companhia das mulheres.

"Conte-nos, Charlotte, como é viver na Ilha? Ouvi dizer que é uma vida muito primária e pouco desenvolvida."

A ruiva sorriu agora menos tímida e começou a descrever as maravilhosas paisagens da pequena ilha, a felicidade e harmonia com que todos viviam, o perfume e a brisa provenientes da maré, e tudo o que na  Ilha a fizera feliz.

Como tinha saudades da sua Ilha...

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⏰ Última actualización: Apr 25, 2017 ⏰

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