Capítulo 01

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Minhas origens...

Venho de uma família da Suécia. Meus pais tentaram a vida em outro país, escolhendo aqui o Brasil. Eu tinha 3 anos de idade e lembro das coisas como fosse hoje. Minhas lembranças daquele navio que viemos da Suécia para esse país, eram boas e outras ruins.

Não fora fácil, mais hoje imagino o quão difícil fora para os meus pais. Eu não me lembro de ter passado fome, mais a minha mãe contava, que eles sim, para que eu não sofresse, eles sofriam no meu lugar. Eu não tinha irmãos, eu era filho único.

Meus pais estavam em busca de terras para comprar e nos situarmos no Brasil. Fiquei doido com uma fazenda que eu vi, tinha nela cachoeira, um rio de águas límpidas com pedras de todo tipo, engalando a beirada de um jardim natural do rio. Negociou aquela fazenda que adorei por que nela eu vi animais selvagens que ali pastavam sem medo da nossa presença e cai de amores por um veado filhotinho.

Foram meses de trabalho árduo dos dois e eu ajudava como podia nos meus três anos de idade. Os dois construíram um tipo de casa, era uma cabana rústica e que procuro conservá-la na fazenda, como parte da infância. Agora bem instalados, éramos uma família típica da roça e nela eu cresci e vivi a maior parte da minha vida. 

O mais difícil fora aprender a língua nativa desse país, nós tivemos ajuda dos vizinhos que eram pessoas muito boas e amigáveis e passamos amar os brasileiros. Eu era daquelas crianças que quando aparecia uma pessoa estranha na fazenda, eu me escondia no celeiro ou no meio do mato por vergonha das pessoas. O chamado bicho do mato. Áh minha saudosa infância. 

Provenho de uma educação que podia até falar errado o português, mais a cada palavra mágica da boa educação como, muito obrigado, com licença, por favor, disponha e pedia a benção para o pai e mãe. Sempre gostei de escrever versos da roça quando eu já estava com 10 anos e meus diários igualmente. Versos que falasse do homem do campo que com suas mãos calejadas, abaixo de sol ou chuva nas intempéries do tempo, trabalham na roça para ofertar o pão de cada dia na mesa de quem vivia na cidade. Se na cidade você compra, é por que a nossa mesa na roça está farta. Nossa mesa fala por si só quando chegava visitas em casa, minha infância onde eu fui muito feliz. Não tive irmãos, mais tinha primos que meus tios vieram da Suécia ao saber que o pai se deu bem na vida no Brasil. Porém, eles optaram por viver pelas cidades do Rio de Janeiro e nas férias da escola, eles passavam na fazenda conosco.

Deliciosas peraltices sadias entre eu e meus primos durante as longas férias que vivíamos ano após ano. As festas de fim de ano era a nossa família reunida. Amo ver o nascer do Sol no topo da montanha aonde nossas ovelhas pastam em paz nos rebanhos. Eu adorava ver o pôr do sol que a maioria perde esse espetáculo Divino. No alto da montanha perto dos celeiros, o sol parecia nascer de dentro da lagoa. Os patos coloridos nadando riscavam as águas formando desenhos. Isso também acontecia olhando da janela do meu quarto.

Amo essa vida na roça, com orgulho eu digo que eu fui e sou roceiro, bruto, matuto, capiau. No decorrer da minha vida, eu optei em ser padre católico por anos e por motivos particulares, eu larguei a batina seguindo a medicina e hoje, eu sou um doutor.

Mesmo abandonando minha batina, jamais deixei de ser temente a Deus e dediquei-me as pessoas através da medicina. Minha família passou a morar comigo na capital no período dos estudos de medicina. Meus pais sempre apoiaram minhas decisões mesmo não gostando delas. Hoje em dia, eu e a mãe, vivemos na cidade. O pai nos deixou devido um derrame cerebral. Jamais abandonei os velhos hábitos da roça e fim de semana, voltávamos lá matar saudades.

[...]

Acordei ouvindo o gorjeio do passarinho que eu tratava. Era um sabiá Pardo que quando filhote, caiu do ninho e eu passei a tratá-la em um poleiro fora do alcance dos meus cães. Ouvindo-a eu sorri ainda de olhos fechados, tentei abri-los mais não deu. Cerrei-os devido a claridade que insistia mantê-los fechados, entrava pelas frestas das cortinas finas e brancas do meu quarto. Uma brisa soprava as fazendo esvoaçar no ar, como se elas bailassem soltas ao vento.

Sou Homem e Amo outro Homem - Livro 01 -Where stories live. Discover now