Cap.30- Uma Última Vez.

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Alec.

  Me desesperei. Desliguei o telefone e liguei para a Sra. Campbell. Minhas mãos tremiam.
– Alec? – Ela disse, ao atender.
– Sra. Campbell? – Falei, a voz trêmula.
– Sim. Sou eu. Alec, aconteceu alguma coisa?
– Camille me ligou. Agora. Desde uns dias atrás, ela está um pouco estranha. Ela estava indo aí para passar a tarde com vocês e disse ela, antes de sair de casa, que estava com um mal pressentimento. Ela acabou de me ligar, falando de um carro que estava a perseguindo, começou à chorar e, quando ela ia dizer algo, ela gritou e não ouvi mais a voz dela. – Falei.
  Percebi que ela havia se desesperado.
– Por favor, ligue para os meus pais. – Falei.
– Podemos ir até aí?
– Claro.
– Está bem.
  Ela desligou, rápido. Audrey e Caleb desceram as escadas.
– O que houve, papai? – Audrey perguntou.
  Respirei fundo.
– Aconteceu alguma coisa com Camille. – Falei, sentindo as lágrimas descerem.

Camille.

  Acordei com uma dor insuportável. Eu me sentia fraca e meu quadril doía demais. Minha pequena ainda mexia mais, o que aumentava a dor. Abri os olhos e vi que eu estava em um lugar que parecia um porão. Era escuro, tinha apenas uma clarabóia no teto para iluminar. Eu estava sentada num canto e minha cabeça sangrava. Onde eu estava?
  Entrei em desespero. Alguém abriu a porta e eu me encolhi, com dificuldade. Era o cara. Comecei à chorar novamente.
– Olá, Camille. – Ele disse.
– Por favor... Não faz nada comigo... – Implorei, aos prantos.
  Ele riu.
– Onde estou? – Perguntei.
– Você acha mesmo que irei te dizer?
– Por favor...
– Fique tranquila. O seu papo não é comigo não. – Ele disse, dando a volta e saindo.
  Que papo? Quem? Levantei a mão que pressionava meu quadril e ela estava cheia de sangue. Eu chorava descontroladamente e torcia para que isso fosse um pesadelo. Me levantei, ainda pressionando o meu quadril e comecei à caminhar pelo minúsculo cômodo abafado. Havia uma pequena portinha no chão e eu não era alta o suficiente para alcançar a clarabóia. Comecei à puxar a porta, depois empurrei. Nada. Tentei de tudo. Percebi que eu precisava de uma chave. Procurei por todos os cantos, no chão,... Nada.
– Procurando isto? – Alguém disse.
  Me virei para trás. Katie. Ela tinha uma chave na mão.
– Katie...
– Olá, Camille...
– Katie, por favor, não faça nada comigo...
– Por que?
– Você sabe o porquê.
– Porque está grávida? Ah, Camille... Você AINDA está.
  Meus olhos se encheram de lágrimas.
– O que quer dizer com isso? – Perguntei.
– Que essa criança não virá ao mundo. – Ela rosnou.
  Comecei à chorar.
– E, você nunca mais vai ver seu noivo. Só por cima do meu cadáver.
  Ela saiu, com um sorrisinho e me deixou sozinha. Encostei minha cabeça na parede e chorei. Tudo o que eu mais queria, era voltar para casa. Eu não devia ter saído dela. Pelo menos, se eu estivesse em casa, mesmo com o mal pressentimento, eu ia poder manter a minha família a salvo.
– Alec... – Chamei, baixinho.

Alec.

  A polícia estava em minha casa. Eles pediram informações e falei tudo. A família de Camille, junto com a minha, estavam na nossa casa. As crianças choraram demais e só dormiram quando Chris ficou com elas. Estavam todos abalados. Eu estava sem chão.
– Qualquer coisa, vamos entrar em contato. – O policial disse.
  Assenti com a cabeça.
– Vamos deixar dois policiais aqui em frente à casa. Está bem? – Ele falou.
  Assenti, denovo. Ficaram dois policiais em um carro e o resto, foi embora. Entrei em casa e todos estavam aflitos. A família de Camille chorava, agoniada. Me sentei no sofá e enterrei a cabeça nas mãos.
– O que o policial falou? – Jacob perguntou.
– Eles deixaram dois policiais aqui. Vão investigar. – Falei.
– Como isso aconteceu? – Anna perguntou, chorando.
– É minha culpa... – Falei, com um suspiro, deixando uma lágrima cair.
– Não. Não é sua culpa. – Christopher disse.
– É. É minha culpa. – Falei, levantando a cabeça. – Eu devia ter insistido para levá-la até onde ela queria. Eu devia ter insistido para ela ficar em casa. E agora, olha o que EU fiz: Ela foi sequestrada, com a minha filha. Chris, se ela morrer, eu me mato. – Falei.
  Eles ficaram calados. Voltei à enterrar a cabeça nas mãos. Minha mãe se sentou ao meu lado e acariciou meus ombros. Foi aí que me rendi e chorei abertamente.
– Querido, vá descansar... – Ela disse.
– Não consigo. Não posso parar.
– Você precisa descansar, para unir forças. Vamos estar aqui quando você acordar, vá para o quarto e durma um pouco.
  Olhei para todos e eles sorriram sem mostrar os dentes. Me levantei e subi.
  Fui até o quarto e abri a porta. Olhei para tudo. A estante com os livros dela. As fotos na parede. Fui até a cama e me deitei, devagar. Seu cheiro... Pude sentir sua presença e estiquei a minha mão nos lençóis. Pude sentir seus dedos. Mas, ela não estava realmente lá.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora