Cap.28- O Que Não Vêem.

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Camille.

  As crianças haviam voltado para a escola. Eu e Alec aproveitamos o tempo livre, para vermos os preparativos para o casamento.
  Minha mãe havia me ligado. Ela havia visto uma igreja onde o casamento ia ser realizado. Eu e Alec fomos até um salão maravilhoso e olhamos o espaço. Era bem grande. Acabamos alugando o lugar para fazer a festa. Os lugares para a festa e a cerimônia já estavam preparados.
  Fui com Anna, minha mãe, Sra. Tompson e Carlson até a loja de Tianna, uma costureira, para ver o meu vestido.
  Chegando lá, ela nos recebeu com muita simpatia e carinho. Ela era uma senhora de cabelos castanhos (um pouco brancos), pele morena e levemente enrugada e olhos castanhos. Ela era uma senhora bem simples, mas elegante. Sua loja era um sonho. Haviam vários vestidos maravilhosos, não só para casamento, como para bailes,... Era incrível. 
– Como quer o seu vestido, minha querida? – Tianna perguntou.
  Observei todos os vestidos e pensei. Eu queria algo elegante, bonito. Ela nos levou até uma mesa e nós nos sentamos à ela. Descrevi como eu queria o vestido e ela fez um desenho, que ficou exatamente igual ao que eu falei. Estava lindo.
– Vou caprichar. – Ela disse.
  Eu sorri.
– Tianna, pode fazer com que o vestido não fique apertado na parte da barriga? – Minha mãe perguntou.
  Tianna olhou para ela.
– Por que?
– Até lá, se Deus quiser, Camille já vai exibir alguma barriguinha. – Minha mãe falou.
  Eu ri.
– Oh! Você está grávida? Meus Parabéns! – Ela disse.
  Sorri pra ela.
– Vou tentar fazer isso. Podem ficar tranquilas. Podem vir aqui, daqui à uns 10 dias. – Ela disse.
– Estaremos aqui. Muito obrigada. – Falei, abraçando-a.
  Ela sorriu pra mim e fomos embora. Passamos para comer algo, porque eu estava morta de fome. Fomos até um restaurante e almoçamos.
  Depois de um tempo, meu telefone tocou.
– Alô? – Falei.
– Oi, sou eu.
  Era a voz de alguma mulher.
– Quem é? – Perguntei, aflita.
  Ouvi uma risada.
– Olá, Camille!
  Katie.
– O que você quer agora?
– Agora? Nada. Estou com tudo o que preciso. – Ela disse.
  Estranhei.
– Como assim?
– Sua cama é confortável, não é? Alec está dormindo aqui igual a um anjo. Como pôde deixar seu noivo sozinho em casa? Vim fazer companhia à ele e ele acabou me tirando o fôlego. – Ela disse.
  Meu rosto queimou de raiva.
– Camille? Quem é? – Anna perguntou.
– Sinto muito, Camille... Você foi traída. – Ela disse, em seguida riu.
  Deixei uma lágrima cair e me levantei às pressas. Peguei minha bolsa e saí correndo do restaurante. Minha mãe, Sra. Tompson e as meninas conseguiram me alcançar.
– Camille, o que aconteceu? – Sra. Tompson perguntou.
– Katie me ligou. Ela disse que estava na minha casa e que eu fui traída. – Eu falei.
  Todas se calaram.
– Vamos pegar um táxi e vamos pra lá. Fique calma. – Minha mãe falou.
– Não. Preciso chegar lá agora. – Falei.
– Filha, você não pode ficar nervosa. Esqueceu? Se acalma.
– Como eu vou ficar calma? Preciso ir pra lá, agora! – Falei.
  Eu estava aos prantos e tentava me acalmar. Não funcionou.
– Vocês podem ir até lá de táxi. Mas eu, preciso ir agora. – Falei.
  Elas não disseram nada. Saí correndo e cheguei em casa em 6 minutos.
  Procurei, desesperadamente, a chave em minha bolsa. Quando achei, abri a porta e entrei em casa correndo. Eu não ouvia barulho nenhum. Voltei à chorar. Ouvi passos rápidos e depois, um abraço apertado.
– Camille? O que foi? – Era a voz de Alec.
  Eu o olhei. Ele estava com uma camiseta cinza, uma bermuda preta e de chinelos.
– Katie me ligou. Ela disse que estava aqui em casa, no nosso quarto e você dormia ao lado dela depois de ter tirado o fôlego dela. – Falei, soluçando.
  Alec me abraçou denovo.
– Você veio correndo? – Ele perguntou.
  Assenti com a cabeça. Ele me pegou no colo e rapidamente me pôs no sofá.
– Meu bem... Você sabe que não pode. – Ele disse, se sentando ao meu lado.
– Essa mulher quer me deixar maluca. – Falei, enterrando a cabeça nas mãos.
– Onde estão sua mãe, minha mãe, Anna e Carlson? – Ele perguntou.
– Elas vão vir de táxi. Estávamos no restaurante.
  Meu coração estava acelerado e minha respiração estava trêmula.
– Se acalma. Ela está fazendo isso pra você se estressar e passar mal. Eu jamais faria isso com você.
  Eu o abracei forte. Katie estava me deixando furiosa. Eu não podia deixar ela acabar com meu casamento. Ele me deitou no sofá e foi até a cozinha. Voltou depois de 1 minuto, com um copo de água na mão. Me sentei no sofá e bebi. Ele se sentou no meu lado novamente e coloquei o copo vazio sobre a mesinha de centro. Juntei as mãos sobre meu colo e tentei parar o choro. A campainha tocou. Alec se levantou e foi atender. Ele voltou com minha mãe, a Sra. Tompson, Anna e Carlson. Elas se sentaram no outro sofá ao meu lado e Alec se sentou no mesmo que eu.
– Camille nos falou que Katie ligou para ela. – Minha mãe disse.
– É. Katie está passando dos limites. – Alec falou.
– Camille ficou branca como papel. – Anna falou.
– Quando ouvi a porta sendo aberta, estranhei. Eu sabia que vocês iam almoçar fora e as crianças não tem a chave de casa. Quando cheguei na sala, Camille estava desesperada e achei que algo tivesse acontecido. – Alec disse.
  Meu telefone tocou.
– Alô? – Falei. A voz trêmula.
– Gostou do susto, Camille?
  Era a voz de Katie. Ela riu. Não consegui responder.
– Aposto que está chorando, não é? Como sempre... É a única coisa que você sabe fazer, já que é inútil. – Ela falou e riu novamente.
  Desliguei o telefone e corri para o banheiro, botando a comida e lágrimas para fora. Fiquei lá por mais tempo. Por volta de uns 5 minutos. Depois, me sentei no chão do banheiro e consegui cessar o choro. Dei descarga, lavei meu rosto e boca e saí do banheiro. Cheguei na sala e todos estavam conversando. Me deitei no sofá e cobri os olhos com a mão.
– Você está bem? – Alec perguntou.
– Vou ficar, eu acho. – Falei.
– Esqueça isso. Como foram as coisas, o vestido?
– O vestido é lindo. Camille o descreveu e ficou exatamente como ela queria. – Carlson falou.
– Acredito que tenha ficado incrível. – Ele disse.
  Ficamos em silêncio por um bom tempo. Meu coração ainda estava acelerado.
– Vamos deixar vocês à sós. – Minha mãe disse, se levantando junto das outras mulheres.
  Me despedi delas e ficamos somente eu e Alec. Ele se deitou no meu lado no sofá e continuou em silêncio.
– Está se sentindo melhor? – Ele perguntou.
– Um pouco. – Falei.
– Me desculpe por fazer você passar por isso.
– Não é culpa sua. O problema dela é comigo.
– Você sabe que não é.
– Sim, Alec. Eu sei que é. – Falei, olhando pra ele. – Realmente, eu tomei o lugar dela. A culpada aqui sou eu. E eu estou ficando cansada, Alec. Muito cansada. Tenho medo de Katie fazer algo contra mim, meu filho, as crianças e você. Ela não vai parar, Alec. Não até eu me render.
– O que está pensando em fazer?
– Não tenho mais jogadas, Alec. Eu estou na mão dela.
  Ele se apoiou em um cotovelo e ficou me olhando.
– Por favor, não me faça perder você. – Ele disse.
– Não estou me importando comigo. Estou me importando com você, Audrey, Caleb e nossas famílias. Cansei de ser inútil, Alec. Vou fazer algo para proteger vocês.
  Ele abaixou o olhar e em seguida me abraçou, deitando a cabeça em meu peito.
  Tudo o que eu havia falado para ele, era verdade. Eu não tinha mais onde me esconder. Eu estava frente à frente com Katie e não tinha nenhuma arma e nem escudo. Eu estava presa nas mãos dela. Tudo o que eu tinha, era fôlego. Apenas fôlego. Eu apenas precisava lutar para viver. Antes que ela tirasse isso de mim também.
  Quando as crianças chegaram da escola, fizemos um lanche e elas foram brincar no quarto com Sam. Eu estava sentada, no sofá, com a televisão desligada, apenas ouvindo as gargalhadas das crianças e os latidos de Sam vindo do quarto. Fiquei pensando se eu seria forte o suficiente para ouvir aquilo novamente. Se eu viveria.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora