Cap.19- Novos Ventos.

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Alec.

  Na noite de Natal, meus pais vieram na nossa nova casa. Audrey e Caleb não saíam de perto do telefone até que Camille ligasse.
– Vamos comer. – Falei.
– Queremos esperar só mais um pouco. – Eles diziam.
– Está bem.
  Quando me virei, o telefone tocou. Audrey atendeu.
– Alô? Camille! Feliz Natal! Gostou do presente?
  Ela respondeu algo.
– Estamos com saudades... – Audrey olhou pra mim – Só um minuto... – Ela me entregou o telefone.
  Neguei com a cabeça mas ela insistiu.
– Alô? – Falei.
– A-Alec?
– Sim.
–Acabei de... Ler a sua carta.
– Audrey e Caleb vão abrir seus presentes daqui a pouco. E... Eu vi o seu presente.
– Alec... Tudo o que você falou é verdade?
  Congelei. Óbvio que era.
– Preciso ir. – Falei, baixinho.
  Quando eu ia falar algo, ela desligou.
  Fui até o meu quarto, peguei um porta-retratos e coloquei a foto que ela me deu. Lembrei de uma vez em que ela dormiu de mal jeito e eu tentei fazer ela se ajeitar. Tão pequena... Ela dormia toda encolhida e, antes de acordar, ela deitava a cabeça em meu peito e me abraçava. Morando em Los Angeles, eu acordava sozinho, sem ninguém pra me abraçar, me dar um beijo de bom dia,...
  Voltei para a cozinha e todos já estavam na mesa. Eles se serviram, oramos, brindamos e comemos.
– Como está Camille? – Minha mãe perguntou.
– Acredito que ela esteja bem.
– Ela é um amor de pessoa. – Meu pai disse.
– E eu a deixei ir... – Falei.
  As crianças me olharam e depois voltaram a comer. Meu pai colocou a mão em meu ombro.
– Alec, você já é um adulto. Você tem filhos e sabe das suas responsabilidades. Não podemos mais te obrigar a fazer nada, porque você faz suas escolhas. Se essa garota lhe faz feliz, corra atrás da sua felicidade. Sou muito grato à ela por ter se entregado à você e por ter te transformado em um filho,... Um pai,... Um namorado melhor.
  Dei leves tapas no ombro dele.
– Obrigado, pai.
  Ele piscou pra mim. Quando terminamos de comer, eu levei a louça até a pia.
– Vamos abrir os presentes? – Falei.
– Sim! – As crianças gritaram em uníssono.
  Fomos até a sala e as crianças se sentaram no tapete. Peguei o presente que comprei para Caleb e lhe entreguei junto com o de Camille. Ele retirou o embrulho do presente que eu dei e sorriu. Um carrinho de controle remoto.
– Obrigado, papai! – Ele falou.
  Pisquei pra ele. Ele abriu o de Camille e eu ri. Era a cara dela mesmo... Uma fantasia do Homem-Aranha.
– Caramba! – Ele disse, super feliz.
  Peguei os de Audrey e a entreguei. Ela retirou o embrulho e deu um gritinho. Era um urso grande de pelúcia e o de Camille era uma boneca. Ela me abraçou e começou a brincar. Olhei para a árvore e vi uma carta. Me lembrei. Na hora que abri o presente de Camille, esqueci de ler a carta.

"Alec,

As coisas estão mudando... Estou fazendo faculdade de fotografia e a situação melhorou aqui em casa. Meu pai ainda trabalha na sua empresa em NY e não tivemos problemas. Mas tudo isso, foi graças à você. Você deu um emprego para o meu pai, me ajudou a descobrir meu talento na fotografia e tudo isso, você fez com amor.
  Você é um homem bom, Alec. Acredite nisso. Eu acredito. Acredito que as pessoas podem mudar e todas tem uma segunda chance.
  Nunca conheci um homem como você. Gentil, carinhoso, cuidadoso, perfeito. Espero, um dia, envelhecer ainda com o seu cheiro me rodeando, seu sorriso me tirando do sério,... Mesmo que você não esteja aqui. Espero um dia, envelhecer nem que seja com uma foto sua. O que vale, é que sentirei sua presença.
  Obrigada, Alec. Por tudo. Obrigada por ser o amor da minha vida, sempre e para sempre. Denovo: Eu amo você. Feliz Natal.

Com amor, Camille."

  Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
– Por que está chorando, papai? – As crianças me perguntaram.
  Coloquei os dois em meu colo e eles observaram a carta. Minha filha estendeu a mão gordinha e tocou a carta.
– Vocês acham que Camille toma o lugar da mãe de vocês? – Perguntei.
  Eles se entreolharam.
– Não.
  Sorri para os dois.
– Eu amo vocês. – Falei.
  Eles me abraçaram.
  Os ventos mudaram. Eles trouxeram esperança pra mim. Eu ia correr atrás da minha felicidade. Ela tinha nome, cheiro, casa, e era a dona do meu coração. Camille.
  À noite, me deitei na cama e fiquei pensando sobre tudo. Tudo o que aconteceu na minha vida e tudo o que eu podia mudar para ser um homem melhor. Durante toda a minha vida, eu agi com medo. Agora, não mais. A partir daquele momento, eu ia correr atrás da minha pequena, sem medo. Eu ia fazer o que eu estava planejando durante meses.


À Procura do Amor (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora