Cap.1- Desempregada.

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Corri até a minha casa e abri a porta. Meu pai estava sentado na poltrona vendo TV, Anna estava com a cabeça nos ombros dele e mamãe estava mexendo em uns papéis na mesa. Todos me olharam assustados.
- Consegui uma entrevista! Amanhã! - Eu gritei de felicidade.
Todos eles vieram em conjunto me dar um abraço.
- Com o que você vai trabalhar, se conseguir o emprego? - Anna perguntou.
- Vou trabalhar na casa de um homem que tem dois filhos, gêmeos, um menino e uma menina. Ele precisa de alguém para cuidar dos filhos dele. Serei babá.
Eles me olharam e forçaram um sorriso. Mas eu disse que valia à pena. O salário era bom...
Na hora de dormir, Anna bateu na porta. Ela se deitou ao meu lado e nós conversamos baixinho.
- Você tem que tomar cuidado. Eles são crianças. Olha a responsabilidade.
- Olha quem fala... Você que quase engravidou do Jordan. - Eu disse rindo.
Jordan era o namorado da Anna. Ele era alto, simpático, cabelos loiros, olhos castanhos e tinha um corpo bem definido. Lembro da situação engraçada. Minha mãe não estava em casa, mas meu pai sim. Ela tinha entrado correndo no meu quarto dizendo que estava atrasada e essas coisas... Eu fiquei apavorada junto com ela e nós fomos ao médico escondido. Alarme falso.
Eu estava rindo depois que falei aquilo. Ela dava tapas em meu braço e ria também.
- Ei! Isso foi sério! - Ela disse.
- Tudo bem.
Quando eu consegui parar de rir, nós duas pegamos no sono.
Acordei com a Anna me sacudindo.
- Cam! Cam! Acorde! Você vai se atrasar!
Ainda sonolenta, olhei para o relógio e vi que eu realmente ia me atrasar.
Levantei num pulo e tomei um banho rápido. Depois de escovar os dentes e lavar o rosto, coloquei uma calça jeans preta, uma blusa branca e soltinha e pus um casaco vermelho. Deixei meus cabelos soltos e fiz uma maquiagem leve. Na minha bolsa, tinha o necessário: batom, celular, bloco de anotações, uma caneta e um livro.
- Boa sorte! - Minha irmã gritou do quarto quando eu saí correndo.
- Tchau mãe! Tchau pai! - Eu disse correndo em direção à porta.
Corri atrás de um táxi e lhe mostrei o endereço.
- Pode ir um pouco mais rápido? Por favor? - Perguntei enquanto estava no táxi.
Ele acelerou e chegamos rápido até a casa. Entreguei-lhe o dinheiro, agradeci e lhe desejei um bom dia.
A casa era linda. Toda branca, um lugar cheio de brinquedos na parte da frente e dava para ouvir as crianças falando. Respirei fundo e dei uns passos até chegar na porta. Olhei para o relógio: 10:18. Esperei 2 minutos e apertei a campainha. Um senhor apareceu na porta. Ele tinha cabelos grisalhos, bem arrumados em um topete, pele bem branquinha, os olhos quase cinzas, alto e com uma postura boa para a idade que ele aparentava ter. Ele parecia ter uns 50 e poucos anos. Ele sorria pra mim, amigável.
- Bom dia! - Falei, simpática.
- Bom dia, senhorita. - Ele disse fazendo um gesto com a cabeça. - A senhorita é pontual.
Eu ri e ele me mandou entrar. A casa era ainda mais linda por dentro. Apesar da grande quantidade de brinquedos no chão, a casa era bem arrumada. Tinha móveis modernos e que combinavam com tudo. A luz do sol atravessava a janela dando luminosidade à sala e fazendo com que ela ficasse cada vez mais linda.
- Quer uma água, ou algo do tipo? - O senhor me perguntou.
- Oh não, obrigada. Eu vim para uma entrevista.
- Ah, sim. Vou chamar o Sr. Tompson.
Agradeci.
Fiquei admirando a casa até que duas crianças vieram correndo e esbarraram comigo. As duas caíram no chão.
- Oh meu Deus! Eu sinto muito. Vocês estão bem? - Perguntei, aflita e me abaixando para ajudá-las.
A menina estava vestida de princesa e o menino estava com uma espada de brinquedo na mão. Ela tinha os cabelos loiros, lisos e lindos. Seus olhos eram verdes maravilhosos e ela tinha um rosto de bonequinha. Ele tinha os cabelos loiros, lisos, olhos como o da garota e tinha um rosto lindo e sapeca.
- Sim. Quem é você? - O menino perguntou, com um semblante curioso.
- Vim falar com o pai de vocês. Eu sou Camille. - Eu disse enquanto os ajudava a se levantarem.
- Eu sou a Audrey e ele é o Caleb. - A menina disse. - Você é... Alguma princesa? - Eu ri.
- Oh, não...
- Você é linda. - O garoto disse.
- Obrigada!
Na mesma hora, o mesmo senhor que atendeu a porta, apareceu, e me disse:
- Por favor, acompanhe-me.
- Você vai voltar, não vai? - A menina perguntou, esperançosa.
- Vou. - Eu disse. Eles sorriram, mostrando os perfeitos dentinhos. - Volto logo.
O senhor me levou até um corredor e me mostrou a porta. Eu bati na porta.
- Entre. - Uma voz quente falou por trás.
Quando abri, pedi licença.
- Bom dia. - Eu disse, tensa.
- Sente-se. - O homem disse, direto.
Ele tinha cabelos negros, olhos azul-cobalto, pele mais ou menos bronzeada e aparentava ter a minha idade. Mesmo com o terno, seus músculos e peitoral obviamente definidos podiam ser notados, mesmo com a roupa por cima.
Me sentei na cadeira à sua frente.
- Então, onde trabalhou? - Ele me perguntou, se recostando na cadeira e me olhando como se fosse um policial interrogando um suspeito.
- Ham... - Comecei. Eu estava distraída. Céus! Ele era bonito pra caramba. - Eu trabalhava em uma loja de roupas perto da agência de trabalhos. 'Fashion Model'. Foi a minha única experiência de trabalho. Ora, me desculpe. Sou Camille Campbell, tenho 18 anos.
- Sou Alec Tompson. - Ele disse apertando minha mão. Seu toque era quente e me fazia ficar arrepiada. - Bom... Você tem experiência com crianças?
- Não. - Eu disse, como se já esperasse que ele me dispensasse.
- Então vou lhe fazer a seguinte pergunta: - Ele colocou os braços sobre a mesa e me olhou com aqueles lindos olhos azuis. - Como irá cuidar de meus filhos se você não tem experiência?
- Sr. Tompson, não vou mentir. Minha família depende do meu dinheiro e... Eu estou desempregada. Preciso desse emprego. Eu aprendo rápido. - Ele me olhou, atento. - Por favor. Me dê uma chance.
Ele se calou por uns segundos.
- Lhe darei 1 semana. Se demostrar responsabilidade e ter os devidos cuidados com meus filhos, estará contratada.
- Tudo bem. Muito, muito, muito obrigada, mesmo. - Eu disse, feliz.
Ele assentiu com a cabeça e me acompanhou até a sala.
- Papai! - As crianças gritaram e correram em direção ao pai.
Ele se agachou e abraçou os dois filhos.
- Ela não é linda, papai? - O filho perguntou.
- Diga que ela vai ficar, papai! - A menina falou.
O pai fez que sim com a cabeça e as duas crianças comemoraram. Eu ri. Não sabia que tinha ganhado o carinho delas tão rápido. As crianças não se pareciam muito com o pai, mas também não eram tão parecidas entre irmãos. O pai as encarava com um olhar amoroso e super paterno. Ele não tirava o sorriso do rosto enquanto estava ao lado deles e ouvia, atentamente, o que eles diziam.
- Deixei um caderno com as coisas mais importantes que você precisa fazer e como vai funcionar o seu turno. Está lá na cozinha. - Alec disse.
Assenti com a cabeça e agradeci, denovo. Ele piscou os olhos e esfregou o rosto.
- Está tudo bem?
- Sim. Só estou cansado. Se quiser, você pode começar o seu turno hoje.
- Tudo bem.
Foi quando notei seus olhos cansados. Ele parecia ter trabalhado por várias noites.
- Papai! Vem brincar conosco! - Audrey disse. - Venha Camille!
- Tudo bem. - Falei.
Eu me sentei ao lado das crianças e admirei a linda casinha de bonecas. Caleb brincava com um trenzinho. O Sr. Tompson foi até a filha e ajoelhou-se na frente dela.
- Eu prometo que quando eu tiver tempo, eu passo o dia inteiro com vocês. Tudo bem?
Os filhos disseram que sim mas ainda estavam chateados. O Sr. Tompson me olhou e voltou para o escritório.
- Vamos brincar, vamos. Me falem sobre vocês. - Falei.
Eles se sentaram na minha frente, animados, e cruzaram as perninhas. Eles seguraram minhas mãos e senti o toque gostoso de suas mãos gordinhas.
- Eu amo brincar de bonecas. - A menina começou. - Meu papai sempre me dá várias bonecas pra brincar.
- Eu percebi... Suas bonecas são lindas!
E eram bonitas mesmo. Todas tinham cabelos arrumados, roupas no lugar,... Eram muitas Barbies e bonecas de porcelana. Percebi que também havia um ursinho ao lado dela. Era um ursinho do tamanho de um coelho, marrom e fofo.
- E esse ursinho? - Perguntei, pegando-o e observando-o.
- Este é Olly. - Ela disse, sorrindo.
- Olly?
- Sim. Papai disse que foi uma das minhas primeiras palavrinhas.
- Que lindo!
- É...
- Você tem filhos? - Caleb perguntou.
- Ainda não.
- Ah...
- Bom... Qual de vocês dois é o mais velho ou velha?
- Eu. - Audrey disse.
- Foi o quê papai nos contou. Mas, ele não gosta muito de tocar no assunto de quando nascemos. - Caleb disse.
- Por que?
- Acho que é por causa da mamãe. - Audrey disse.
- Onde ela está?
- Ela foi embora. Assim que nascemos. Não me lembro dela, mas papai disse que somos parecidos com ela.
- Vocês são umas gracinhas. - Eu disse. Eles sorriram. - Caleb. Me fale sobre você.
- Gosto de Super-Heróis. Papai sempre me dá todos eles quando bonecos. Faço coleção deles e de carrinhos.
Haviam vários carrinhos no chão.
- E você? Camille? - Audrey perguntou.
- Bom... Eu gosto de tirar muitas fotos. Tenho uma parede em meu quarto, que é cheia de fotos. Coloco lá, as pessoas que mais gosto e que nunca vou abandonar, assim como elas não vão.
Audrey levantou e foi até uma gaveta. Ela a abriu e pegou de lá, alguma coisa. Ela correu até mim, se sentou no meu colo e me entregou. Era uma foto. Ela e Caleb. Eles sorriam e mostravam os dedinhos sujos de tinta. Haviam papéis no chão e os mesmos estavam com tinta. Estava uma perfeita fotografia.
- É uma foto minha e de Caleb. Pra você colar na sua parede. Para a gente saber que você nunca vai abandonar a gente, como muitos fizeram. - Ela disse, em uma voz meiga e inocente.
Meu coração apertou com tanta fofura e abracei os dois, que riram. Eu guardaria aquela foto com amor.
Brinquei com as crianças até o final da tarde, depois aquele mesmo senhor que me atendeu disse que eu podia ir descansar. Me despedi das crianças, com relutância pois gostei delas, e prometi que voltaria no dia seguinte.
Fui até a cozinha e peguei as coisas que o Sr. Tompson disse ter separado pra mim. Antes de ir embora, resolvi passar na sala dele para me despedir. Bati na porta mas não obtive resposta. Abri com cuidado e vi que ele estava dormindo com uma mão sobre o rosto e a outra repousava no peitoral definido. Peguei uma coberta e pus por cima dele. As janelas estavam um pouco abertas, mas, ainda assim, estava frio. Ele nem se mexeu. Vi que ele realmente estava cansado.
Observei-o, peguei minhas coisas e fui embora.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now