Cap.1- Desempregada.

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Camille.

- Sinto muito, Srta. Camille. - Meu patrão me disse, me entregando meu salário.
Anthony teria de fechar a loja por problemas pessoais. Eu me vi parada na porta da 'Fashion Model', logo no início de Abril. O quê eu iria fazer? Precisava da grana.
Para mim, depois daquele acontecimento, as ruas pareciam mais vazias, o ar frio estava congelando minhas orelhas e eu cruzava os braços sobre o peito, tentando me aquecer com o casaco.
- Tudo bem... Mãe, pai,... Fui demitida. Não, está muito direto. - Eu dizia enquanto caminhava pelas ruas.
Meus pais, Emily e John, faziam de tudo para agradar à mim e à minha irmã mais velha, Anna, de 19 anos. Nós não tínhamos uma situação financeira muito boa, no momento. Eu trabalhava na 'Fashion Model' há 1 ano, aprendi tanto com os clientes, fiz amizades, e agora eu me via andando pelas ruas com o envelope do meu último salário na mão. Minha irmã estava procurando um emprego, mas estava bem difícil. Desde que papai perdeu o emprego, eu era quem bancava as coisas. Mamãe andava preocupada e mal dormia. Anna evitava trazer o namorado pra nossa casa pra não fazer despesa. Não seria fácil chegar e falar pra eles que eu estava desempregada.
Quando cheguei na porta, respirei fundo.
- Vai dar tudo certo. - Falei.

- Camille? Querida, é você? - A voz de mamãe ecoou do corredor.
- Sim. - Respondi.
Minha irmã estava sentada no sofá lendo um livro. Mamãe saiu da cozinha com um pano de prato na mão. Suas olheiras eram profundas e muitos papéis estavam espalhados sobre a mesa. Eram contas.
- Onde está papai? - Perguntei retirando o casaco.
- Estou aqui. - Meu pai disse, aparecendo na sala. Dei um abraço forte nele e ele riu. - Acalme-se, querida. Estamos aqui.
- Preciso falar com vocês. - Eu disse.
Na mesma hora, Anna tirou os olhos do livro e me olhou assustada. Ela era quem mais se preocupava. Ela achava que tinha culpa por não conseguir bancar a casa, também, já que papai e mamãe, durante uns anos, pagaram a faculdade dela que foi trancada ano passado. Eles fizeram tanto por ela, por nós...
Meus pais se sentaram no sofá e eu me coloquei na frente deles.
- Fui demitida. - Falei, de cabeça baixa. Um silêncio se fez. Meus pais se entreolharam e Anna não tirou os olhos de mim. - Anthony precisa fechar a loja. Ele está com alguns problemas pessoais. Aqui está. - Eu disse entregando o envelope na mão de mamãe.
- Está tudo bem, querida. Você é uma pessoa incrível e tem muito potencial. Você vai arranjar um emprego logo. - Meu pai disse.
- Deus te ouça. - Minha mãe disse.

Durante a noite, eu não conseguia dormir; peguei o Notebook e procurei por alguns empregos disponíveis. Não consegui achar nenhum que valia à pena ou pagava o necessário. Resolvi que, no dia seguinte, eu iria até a agência de trabalhos para ver algumas opções.

Na manhã seguinte, me arrumei de um jeito mais... Apropriado para a ocasião. Coloquei uma saia preta e justa, que vinha até o meio da coxa e uma blusa branca de botões por baixo da saia. Peguei um casaco que combinasse com a saia e coloquei. Trançei o meu cabelo e passei um batom nude. Eu parecia uma advogada.
- Não fique nervosa. - Minha mãe disse enquanto ajeitava a parte da frente do meu casaco.
Assenti com a cabeça e dei um abraço apertado nela.
Enquanto eu ia em direção à agência de trabalhos, passei pela 'Fashion Model'. Ela estava fechada, e pelas janelas dava para ver o quão vazio ela estava. Alguns móveis estavam cobertos por lençóis brancos e na porta, estava escrito em letras grandes:

"FECHADO. ESTE IMÓVEL ENCONTRA-SE À VENDA."

Meus olhos se encheram de lágrimas, mas eu as contive. Continuei caminhando.
Um prédio de uns 8 andares estava à minha frente. Era um prédio moderno, com janelas grandes, a parte de fora tinha um gramado com um verde bem vivo, e alguns bancos. "Agência de trabalhos de NY". Era o que dizia a placa logo na porta. Respirei fundo e abri.
A recepção era logo no meio da sala e várias poltronas rodeavam a mesma. Uma mulher ruiva, que tinha a aparência de uma aeromoça, olhou pra mim e me cumprimentou educadamente.
- Sou Camille Campbell.
- Tem alguma entrevista marcada com alguém? - Ela perguntou sem nem mesmo olhar pra mim.
- Não. Eu queria ver opções de emprego e só consegui o endereço de vocês.
- Me acompanhe, por favor. - Ela disse, se levantando e fazendo um gesto para que eu a seguisse.
Passamos por um longo corredor e pegamos o elevador. Muitos homens e mulheres passavam pelos corredores e me cumprimentavam. No 3° andar, ela abriu uma das primeiras portas.
- Com licença. - Ela disse, pondo a cabeça na porta e a abrindo em seguida para que eu entrasse.
Um homem de terno, pele branca, olhos verdes e cabelos castanhos me mandou sentar em uma das cadeiras. Ele aparentava ter uns 25 anos.
- Olá, senhorita. Sente-se.
- Ah, obrigada. Sou Camille Campbell.
- A senhorita tem algum currículo? - Ele perguntou mexendo em alguns papéis e ignorando a observação.
- N-não. Eu... Trabalhava em uma loja de roupas aqui perto, mas... A loja fechou e aqui estou eu. - Falei, rindo, mas ele não retribuiu nem com um sorriso.
- Muito bem. Quais são as suas especialidades?
Congelei e engoli em seco.
- Ham... Eu... - Suspirei. - Olha... Eu não tenho nenhuma especialidade, mas eu aprendo fácil. Preciso de dinheiro e eu aceito qualquer coisa.
Ele me olhou por alguns segundos e esfregou as mãos.
- Eu vi, um dia desses, que um homem, pai solteiro, precisa de alguém para cuidar de seus 2 filhos. - Ele disse.
- Viu? Ótimo!
- 5 babás se demitiram. - Ele disse, acabando com o meu barato.
Fiquei murcha.
- Não importa. Preciso desse trabalho.
Ele concordou com a cabeça.
- Vou ligar para o Sr. Tompson e perguntar se ele faz uma entrevista com você.
- Sr. Tompson? - Perguntei com a testa franzida.
- Sim. O pai das crianças. - Ele disse discando os números no telefone. Ele fez sinal para que eu fizesse silêncio e eu pus a mão na boca. - Sr. Tompson?
- Ele falou. - É da agência de empregos... Sim. Conseguimos alguém. - Ele se calou por uns segundos. - Tudo bem. Até logo. - Ele colocou o telefone sobre a mesa. - Amanhã, às 10:20. - Ele disse, enquanto escrevia o endereço da rua e me entregava. Quase chorei de alegria. - Ele tem um menino e uma menina. Audrey e Caleb. Os dois são gêmeos e tem 5 anos. - Ele me disse, enquanto apoiava os braços na mesa.
- Ótimo. Obrigada Sr...?
- Oh, desculpe minha falta de educação. Christian. Christian Swift. - Ele disse, apertando minha mão.
- Pois bem... Obrigada.
Ele piscou pra mim.
- Boa sorte. - Ele falou.
Quando saí da sala, eu senti meu rosto se encher de felicidade.

À Procura do Amor (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now