Parte 2 - O que é Você?

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Quando a luz por fim cessou, descobriu cuidadosamente os olhos e olhou assustada para o quintal: não via nada de estranho nele. O que havia acabado de acontecer?
Voltou os olhos para o céu, mas a chuva de meteoros já tinha acabado.

Pensou que talvez estivesse imaginando coisas por causa do sono, mas sua curiosidade falou mais alto, instigando ela a ir olhar o que caíra ali perto. Procurou pelo gramado todo, mas não achou nada. Quando já havia desistido e estava começando a voltar para casa, bateu com o pé em alguma coisa e olhou para o chão, para ver o que era.

Não soube dizer o que estava vendo, mas com certeza não era um objeto comum. E, bem, também não tinha como ser um meteoro, afinal, era pequeno demais. Como não sabia o que fazer, pegou o objeto na mão. Era sólido, mas não plano, não era pesado e de certa forma não estava frio.

Havia alguma coisa saindo dele que vazava entre os dedos de Layla. Ela tentou pegar com a outra mão, o que não deu muito certo, então puxou sua camisa pra cima, fazendo uma espécie de recipiente e correu para dentro de casa com o negócio desconhecido em mãos.

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Estava exausta ao chegar para o quarto. Olhou o relógio em cima do criado mudo: 02h00min da manhã. Teria mais quatro horas para dormir antes de ir para a escola. Suspirou e olhou para o que tinha em mãos. Não sabia o que fazer com aquilo, então sentou na cama para refletir, colocando a coisa dentro do recipiente formado pela camisa. Ele tinha parado de expelir o pó.

Depois de mais ou menos 7 minutos pensando, Layla decidiu que iria coloca-lo em uma sacola, encontrada na cozinha, e então o deixaria dentro do baú de brinquedos, para que nenhum de seus pais o encontrasse.
Porém, antes de poder se levantar para ir à cozinha, Layla sentiu algo se mexendo em sua camisa. Paralisou e engoliu em seco. Não podia ser que aquilo estivesse vivo... Podia?

E então algo começou a piscar, projetando algumas sombras na parede. Quando Layla enfim tomou coragem para ver o que estava acontecendo em sua camisa, se assustou, batendo sua mão contra ela e indo para o ponto mais distante possível de sua cama do chão. Aquela coisa estava piscando e se mexendo!

— Ai! Por que você fez isso?! – ouviu uma voz fina falar. Ficou tão chocada que não conseguiu responder. – Espera... Onde eu estou?

Layla tomou coragem, respirou fundo, tentando se acalmar e perguntou:

— Q-Quem é você? Quero dizer, o que é você?

A coisa no chão, que Layla não conseguia ver, parou de falar consigo e prestou atenção no que ela dizia.

— Ora, não é óbvio, mocinha? Eu sou uma estrela.

— O que? Mas... Você não pode ser uma estrela. Estrelas não caem do céu! E nem falam também!

— Não, criança, você falou errado: eu não "caí" do céu – disse, dando ênfase no caí – , eu me desprendi dele, entende? E é claro que eu falo, não 'tá me ouvindo não?

— Não, isso... Não faz sentido...

— Okay, tanto faz... Só me ajude a levantar. Eu sou uma estrela, não tenho pernas, sabe? Nunca pensei que precisaria de uma, de qualquer forma.

— A-Ajudar você? Como posso saber se você é confiável? Você pode, sei lá, me atacar.

— Ah, sério isso? Você não me ouviu? Eu não tenho pernas – sibilou ele, como se Layla não conseguisse entendê-lo em sua fala normal – E nem braços, aliás. O que eu poderia fazer contra você? É mais fácil você ser alguma ameaça para mim do que o contrário. Então, vai me ajudar ou não?

A Estrela no Teto do Meu Quarto (Em Hiatus)Where stories live. Discover now