Cap. 1 - A Vida Tem Dessas...

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- As únicas soluções, Leonardo, implica em um dos dois desistir de seus sonhos. Eu não quero desistir do meu e nem quero que desista do seu. - disse ela tentando ser firme.

- Não quero te perder, Laura. Eu te amo. - disse ele a virando de frente pra ele.

- Sinto muito, Leonardo. Mas você já perdeu. Adeus. - disse ela se soltando dele e saindo.

- Laura, espera! Laura!

Leonardo se veste rapidamente e tenta alcançá-la no elevador, mas já era tarde demais. Ele vai pela escada, mas quando chega na entrada do prédio, Laura acabara de pegar um táxi e sair da vida de Leonardo.


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Dias atuais.

_ Cidade do México _

7:00 AM.

Laura, como de costume, se levanta, faz sua higiene pessoal e desce para tomar café da manhã e iniciar sua rotina de trabalho.
Ela tinha uma vida bem estruturada. Morava num belo apartamento, graças ao seu trabalho na Revista Victória. Laura era a editora de uma coluna chamada "Do que as mulheres gostam...", que era dedicada à assuntos femininos diversos, ou tudo que agradasse a esse público.
Gostava de seu trabalho, era uma ótima profissional e uma mulher bem resolvida. Há muito tempo havia decidido que o passado ficaria no passado, e este não interferiria mais em sua vida.

***

_ Revista Victória _

Uma voz autoritária ecoava pelos corredores.

- Eu estou cercado de imbecis!

Sr. Armando Palácios. Era editor chefe e dono da Revista Victória. Sua palavra era lei, batuta e constituição entre aquelas paredes. Tudo tinha que ser como ele queria, e nada menos que isso. A única que conseguia acalmá-lo em seus dias de fúria era Laura.

- Bom dia, Ivete. - disse Laura chegando e percebendo que os ânimos estavam bastante exaltados.

- Bom dia, senhora. Quer dizer... Espero que seja mesmo. - disse Ivete.

- O que houve, dessa vez?

- Parece que o problema foi com uma das modelos que a agência enviou.

Laura dá uma "espiada" pela janela do escritório de Armando.

- Mas a moça é lindíssima. - disse Laura.

- Também acho, senhora. O problema é o cabelo dela.

- O que tem?

- O Sr. Palácios pediu uma modelo de cabelo preto.

- Sim, o cabelo dela é preto. - disse Laura.

- Não, é castanho escuro.

- Sério?... Parece preto, pra mim.

- Foi o que disseram e tá aí o resultado. - disse Ivete apontando para Armando, que gesticulava e parecia gritar com a moça no escritório.

- Meu Deus. - disse Laura. - Ele está descontando a frustração dele na coitada. Eu vou lá.

- Boa sorte, senhora.

Laura bate na porta e entra bem devagar.

- Com licença.

- Laura! - disse Armando. - Laura, olha pra isso! Olha! - disse ele mostrando o cabelo da moça.

- Sim, Armando. Eu já me inteirei de todo o problema. Mas você tem que se acalmar, homem!... Tá assustando a moça. ... Querida, poderia nos dar licença um minutinho, sim?

- Se quiserem, eu posso escurecer mais o meu cabelo.

- Isso vai levar tempo! Horas!... Que nós não temos! Ou pensa que é só pintar o cabelo e pronto?! Tem todo um processo!... Vocês modelos acham que tudo é fácil, não é?!... Não me admira o baixo QI que vocês têm!

- Armando! Não seja grosseiro! - repreendeu Laura. - Não o leve a mal, querida, ele está muito estressado. E não precisa fazer nada com seu cabelo, ele é lindo. Só espere um minutinho aí fora, que eu resolvo isso, tá bom? - sussurrou Laura para a modelo que saía da sala. - Será que eu posso saber o que foi esse "faniquito", Armando?!

- "Faniquito"?!... Agora, querer que as minhas especificações sobre as modelos sejam atendidas é "faniquito"?!

- Armando, você quase causou a Terceira Guerra mundial por causa do cabelo da moça.

- Se eu ligo pra agência de modelos e requisito uma jovem de cabelos pretos, eu espero receber uma jovem de cabelo preto, e não castanho escuro!

- Vamos resolver isso. - disse Laura com toda a tranquilidade do mundo.

- E como pensa em resolver isso, hein?? Posso saber??

- Photoshop.

- Você não ousaria! - disse Armando ultrajado.

- Ora, por que não?

- Essa revista nunca, jamais recorreu ao photoshop, e não vai ser agora que eu, Armando Palácios irei começar!

- Armando, deixa de drama. Todas as revistas, hoje em dia, utilizam esse recurso num caso de emergência. E seria somente a questão do cabelo da moça, já que o corpo dela é naturalmente escultural.

Armando respirou fundo, analisou a situação com mais frieza, afinal, a capa da revista tinha que estar pronta à tarde, então ele decidiu.

- Está bem. Faça a moça entrar.

Laura sorriu e lhe deu uma piscada de olho. Ele sorri de volta.

- Você sempre consegue, não é Laura? - disse Armando. - Devia trabalhar como negociadora de paz na Faixa de Gaza!

Era incrível como ela tinha o dom de resolver qualquer situação de crise na revista, talvez fosse por isso que Laura era a pessoa em que Armando mais confiava.

Sabor da Paixão (Degustação)Where stories live. Discover now